domingo, 8 de abril de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “Meu Senhor e meu Deus”

Homilia do 2º Domingo da Páscoa


Padre Luiz Carlos de Oliveira CSSR Missionário Redentorista










“Meu Senhor e meu Deus”


Eu creio. 
            Rezamos na oração na celebração de hoje que tenhamos uma vida coerente com o Mistério Pascal de Cristo que é sintetizado nos sacramentos da iniciação do Senhor: “Reacendei a fé de vosso povo na renovação da festa pascal e aumentai a graça que nos destes. Fazei que compreendamos melhor o batismo que nos lavou, o Espírito que nos deu nova vida e o sangue que nos redimiu”. Cristo ressuscitado se manifesta aos discípulos reunidos no domingo. É na comunidade que a fé nasce e cresce. Tomé faz o mais perfeito ato de fé, em nome de todos nós, dizendo a Jesus: “Meu Senhor e meu Deus” (Jo 20,28). Jesus quis que Tomé fosse além dos sinais sensíveis. Ele queria tocar a mão nas feridas de Jesus para saber se era Ele mesmo. Tem fé mais pura aquele que crê sem precisar de sinais materiais. Paulo diz que os judeus pedem milagres e os pagãos querem sabedoria e nós, apresentamos Cristo Crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios (1Cor 1,22-23). A presença do Ressuscitado na comunidade vai se manifestar quando acolhemos sua Paixão e sua Ressurreição. Assim podemos receber o dom do Espírito: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados eles lhes serão perdoados; a quem, não os perdoardes, eles lhes serão retidos” (Jo 20,22-23). Aceitar a redenção que Cristo nos trouxe e ofereceu com abundância, é ter o perdão dos pecados. Do contrário, a recusa de aceitar Cristo em seu Mistério Pascal, não tem a remissão. A misericórdia de Deus é infinita e continua a oferecer seus dons.
Eu amo 
            A Ressurreição atinge o coração da pessoa na dimensão do amor a Deus que se manifesta no amor mútuo que forma a comunidade. Esse amor não é vazio, mas deixa o bolso vazio (fazendo um jogo de palavras), isto é, desapegando dos bens materiais e se voltando para a vida do Reino. Por isso Lucas coloca essa experiência dos bens em comum: A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava como próprias as coisas que o possuído, mas tudo entre eles era posto em comum” (At 4,32). Vemos que o povo cristão, nos tempos posteriores, preferiu viver na ganância. Por isso não somos testemunhas verdadeiras da Ressurreição. O testemunho da caridade é a verdadeira manifestação da misericórdia de Deus que cuida de seus filhos em todos os sentidos através dos irmãos. O amor de Deus é usar o sacramento do irmão para o amor se tornar realidade. O amor de doação que o mundo rejeita é a pedra angular do mundo novo. A vitória sobre todos os males está na fé vivida no amor. Crer em Jesus é nascer de Deus. A fé é a vitória sobre o mundo. Mundo no pensamento de João é a oposição a Jesus e não o maravilhoso mundo criado por Deus. Não somos do mundo. A figura do mundo passa.
Eu espero 
            A esperança não decepciona, porque Deus derramou seu amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo que Ele nos concedeu” (Rm 5,5). O Espírito Santo nos foi dado como dom da Ressurreição. Tem como consequência o amor que foi derramado em nossos corações. Amar a Deus é também amar aos irmãos, “pois sabemos que amamos os filhos de Deus quando amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos” (1Jo 5,2). Podemos afirmar que não haverá esperança nem amor se não nos dedicamos ao amor de Deus. Quem crê, ama e por isso espera, isto é, tem certeza. Na oração final da missa pedimos que conservemos em nossa vida o sacramento pascal que recebemos.
Leituras: Atos do Apóstolos 4,32-35; Salmo 117; João 5,1-6; 20,19,31
  1. Tomé faz o ato de fé perfeito: Meu Senhor e meu Deus.
  2. A Ressurreição atinge o coração na dimensão do amor a Deus que se manifesta no amor mútuo que forma a comunidade.
  3. Podemos afirmar que não haverá esperança nem amor se não nos dedicarmos ao amor de Deus.
                        Na ponta do dedo.
            É bonita essa colocação sobre o ato de fé Tomé. Ele achava que o dedo dele resolvia tudo. Se eu não tocar o dedo nas marcas dos pregos e não colocar a mão na ferida do lado, não acreditarei. Jesus chega e chama para tocar para crer. E depois diz: felizes os que creram sem ter visto. Somos nós esses felizardos.
            Quem crê ama. Por isso tocamos as feridas de Jesus, não no corpo Dele, mas no corpo dos irmãos, pois o amor é concreto, não somente um sentimento. Amar a Deus é amar o outro. Se não tocarmos os sofredores em todas suas chagas não saberemos fazer nosso ato de Fé: Meu Senhor e meu Deus. Não adianta repetir isso na consagração da missa, com todo afeto, se o afeto não tem outro destino que nossa incompreensão do Cristo que ainda está crucificado em tantos calvários, vistos a todo instante nas vidas sofridas, crucificadas, abandonadas pelo poder pública e por todos nós que, tendo a condição de ajudar, mediando novas oportunidades, não o fazemos.
Ficha nº 1742 – Homilia do 2º Domingo da Páscoa (08.04.18) 

Nenhum comentário:

Postar um comentário