POR Padre Luiz
Carlos de Oliveira – Missionário Redentorista – fonte: https://padreluizcarlos.wordpress.com/
Nossa transfiguração em Jesus
Em Cristo
O Mistério Pascal de Cristo não é um fato que ficou na história e lembramos com
devoção. Ele está vivo e para sempre, pois acontece na pessoa de Jesus que vive
para sempre. Esse mistério é uma ação de Deus aberta à participação de todos.
Vimos no começo da Quaresma a cena da Transfiguração. Jesus sobe à montanha e
Se transfigura. Essa cena foi colocada, no tempo quaresmal, após a reflexão
sobre a tentação, para nos animar a ver que o mal do pecado não é o fim, nem
tem poder dominador. Cristo vence pela Ressurreição, com Ele somos vencedores.
E também com Ele, somos transfigurados. Nele fomos transformados em novas
criaturas. Não estamos fazendo discursos vazios quando falamos de nossa
transfiguração como Cristo Jesus. Essa é a meta para a qual somos atraídos.
Unidos a Cristo pelo Batismo e, pelas opções de cada dia, vivemos sua vida e
temos a força que nos transforma e nos faz à sua imagem. A força do Espírito,
que deu vida a Jesus na Ressurreição, continua agindo em nós e levando-nos a
essa lenta transformação. Essa transfiguração não se faz nas vestes, mas no
interior como lemos em Paulo: “Porque todos sois filhos de Deus pela fé
em Cristo Jesus;
porque todos quantos fostes batizados em Cristo, já
vos revestistes de Cristo” (Gl
3: 26-27). Por Ele assim somos feitos. Essa transfiguração se manifesta através
da união com as obras de Cristo. Ainda não vemos com clareza, como Paulo nos
explica: “Porque agora vemos como por espelho, confusamente, mas então veremos face a face”
(1Cor13:12-13).
Com Cristo
Sabemos que esse momento da
transfiguração de Jesus aconteceu para explicar sua passagem pela Paixão. Mas é
também a meta do caminho espiritual: A transfiguração de todo homem e toda
mulher. Não haverá um sinal de glorificação exterior, mas sim no interior onde
se manifestará a glória do Pai. Para isso o Espírito forma Cristo em nós para
termos seus sentimentos e sua mentalidade. Esse momento espiritual pode ser
visto, como lemos na parábola da videira e dos ramos: Eles possuem a mesma
vida. A formação de Cristo em nós vem do interior e se manifesta em cada um de
modo diferente. Cada um passa a ser uma imagem viva de Cristo. Unidos a Cristo,
com Ele, mudamos nossa vida. Essa mudança pode se manifestar exteriormente num
sentido da face que Ele assume em cada um. Nem sempre brilhante. Pode ser uma
manifestação de sua face sofredora de padecente na cruz. São Geraldo dizia que
estava crucificado com Cristo, no seu estado padecente. Mas o Deus que se
manifesta em nós não consegue se ocultar, pois quem é de Deus, vê as
manifestações de Deus.
Por Cristo
O Pai apresenta o caminho
para chegar a essa glória interior: “E da nuvem veio uma voz que dizia: “Este é
o meu Filho amado, no qual pus todo o meu agrado. Escutai-O!”(Mt 17,6). É
ouvindo e pondo-se a caminho como Abraão que poderemos chegar à transfiguração.
Ela acontecerá no seguimento de Jesus em sua dedicação aos abandonados. Temos
ideias pouco saudáveis o sobre o processo de santificação. Ficamos mais em
atitudes exteriores e práticas que não nos comprometem com o Reino de Deus em
sua ação libertadora dos sofredores. Transfigurados, somos também deificados,
na linguagem dos Orientais. É nossa participação com a Divindade. A
espiritualidade se refletirá em nossas atitudes de piedade, mas deve ser em
primeiro lugar, um fruto do Espírito que formam Cristo em nós.
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