quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Santidade é dom

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista

“Santidade é dom”

2106. A graça nos santifica
            Nosso Papa Francisco continua sua reflexão sobre a santidade. Ele quer nos ensinar em sua exortação apostólica “Gaudete et exultate” (GE), sobre a santidade. Como somos filhos de Deus, recebemos graça sobre graça. Esse Pai é generoso em nos dar a participação de sua santidade. Podemos compreender o desenvolvimento do tema com uma situação: Pedi a Deus um milagre e fiz uma promessa. Paguei a promessa, e estou acertado. Ou também: “Fiz tantas coisas para Deus. Rezei, ajudei etc... agora Deus tem obrigações para comigo. Ele me deve”. Isso está muito entranhado na mentalidade das pessoas. Poderíamos entender que nosso relacionamento com Deus é sempre de agradecer tudo, mesmo o que fazemos, pois tudo é sua graça. Nós acolhemos os dons que são maiores que nosso esforço. Nossas obras e esforços são respostas ao que faz por nós. Deus sempre toma a iniciativa (GE 52). Nenhum ser humano pode exigir, merecer ou comprar o dom da graça Divina, e que toda a cooperação com ela é dom prévio da mesma graça: “até o desejo de ser puro se realiza em nós por infusão do Espírito Santo e com sua ação sobre nós” (GE 53). O que fazemos de bom vem da graça como os frutos que nascem da planta. A graça supera tudo o que somos (Id 54). A nós cabe agradecer e corresponder.
2107. Erros que se repetem
            O Papa afirma: “Ainda há cristãos que insistem em seguir outro caminho: o da justificação pelas suas próprias forças, o da adoração da vontade humana e da própria capacidade, que se traduz numa autocomplacência egocêntrica e elitista, desprovida do verdadeiro amor”. Como se realiza? “Manifesta-se em muitas atitudes aparentemente diferentes entre si de exibir conquistas sociais e políticas, a ostentação no cuidado da liturgia, da doutrina e do prestígio da Igreja, a vanglória ligada à gestão de assuntos práticos, a atração pelas dinâmicas de autoajuda” (GE 57). Não há compromisso com o evangelho nem com os necessitados.  É uma procura de si mesmo, não de Cristo. É um cristianismo feito a partir de si. Pior quando impõem aos outros suas teorias e costumes. O pobre povo, admirando acaba acolhendo o que não está coerente com o Evangelho. A graça de Deus não depende de nossas estruturas. O povo tem boa vontade e é enganado. Não são as idéias que fazem a graça, mas é o impulso do Espírito que dá vida à Igreja para que não se transforme num museu. Atualmente nos deixamos levar por políticas interesseiras com cara de donos do evangelho, seja de esquerda seja de direita. Não podemos sobrecarregar a vida dos fiéis com normas e leis e modelos que não são evangelho. Viram escravidão (id 59).
            Orientados por S. Paulo entendemos que “a fé atua pelo amor” (Gl 5,6). As virtudes , que são dons de Deus (fé, esperança e caridade), animam as demais virtudes e a prática cristã. Sem isso, é ideologia. O centro é a caridade, como nos diz Paulo: “Quem ama o próximo cumpre plenamente a lei (1Cor 13,8.10). Há necessidade de ter em mente dois rostos: o do Pai e do irmão. O rosto do Pai reflete no rosto do irmão. Pois, “o que é que resta? O que tem valor na vida? Quais são as riquezas que não desaparecem? Seguramente duas: o Senhor e o próximo. Estas duas riquezas não desaparecem” GE 61). Para chegarmos a isso, temos que pertencer a Deus. O grande problema de nosso crescimento espiritual é deixarmos Deus de lado e seguirmos idéias de pessoas que não refletem a busca de Deus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário