quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

REFLETINDO A PALAVRA-“FOME E SEDE DE JUSTIÇA”




REFLETINDO A PALAVRA - ARTIGO “FOME E SEDE DE JUSTIÇA”
Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
Serão saciados
            Continuando o estudo do texto do Papa Francisco sobre a santidade, “Gaudete et Exultate” (Alegrai-vos e exultai), refletimos sobre as bem-aventuranças.  Lemos: “Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados” (Mt 5,6). “‘Fome e sede’ são experiências muito intensas, porque correspondem às necessidades primárias e têm a ver com o instinto de sobrevivência” (GE 77). Se assim é, podemos entender que fome e sede de justiça correspondem também às necessidades primárias da vida espiritual do ser humano. Não podemos pensar só em uma justiça intimista que vê somente o lado espiritual. Isso não passa de um subterfúgio para não se comprometer com as grandes causas do mundo. Não podemos viver só de problemas sociais. Mas uma espiritualidade intimista e egoísta deixa de ser espiritualidade. Maquiar os problemas das pessoas é um farisaísmo que fere o coração amoroso de Deus por seus filhos sofredores. É com todas as forças vitais que queremos buscar as soluções para os sofrimentos do mundo, sobretudo para os enfraquecidos e abandonados. Eles têm em seu favor somente o amor de Deus manifestado através das pessoas que têm fome e sede de justiça. Isso não é política. Diz o Papa Francisco: “Há pessoas que, com essa mesma intensidade, aspiram pela justiça e buscam-na com um desejo muito forte. Jesus diz que serão saciadas porque a justiça, mais cedo ou mais tarde, chega e nós podemos colaborar para tornar possível, embora nem sempre vejamos os resultados deste compromisso” (GE 77).

Injustiça de cada dia
A justiça, que é um dos nomes de Deus, é usada como suporte para tanta corrupção. É a política do aproveitar-se para si, o que não se leva nada. Tudo é negociata. “E quantas pessoas sofrem por causa das injustiças e quantos ficam assistindo, impotentes, como outros que se revezam para repartir o bolo da vida. Alguns desistem de lutar pela verdadeira justiça e, optam por subir para o carro do vencedor. Isto não tem nada a ver com a fome e sede de justiça que Jesus louva ”(GE 78). A situação, ao menos nossa, estimula a uma luta constante pela justiça, pois é uma vitória possível a quem queira, desde que se assumam as exigências da humanidade que clama por justiça. Por que um ser humano quer tanto e, para isso, comete tantos erros, quando outros não têm como sair de suas tristes situações? Entre esses opressores estão tantos que confessam que Jesus, o Justo, é o Salvador de todos. Por que uma Igreja que confessa sua missão de ser a guardiã da justiça, é capaz de fechar os olhos a tantos problemas e se volta para uma justiça somente espiritualizada que não significa nada, pois o Deus Justo quer o bem de todos?

Procurar o que é justo
            A verdadeira justiça abre os olhos e vê em volta de si tantas misérias provocadas pelo ser humano. Continua o Papa Francisco: “Esta justiça começa por se tornar realidade na vida de cada um, sendo justo nas próprias decisões, e depois se manifesta na busca da justiça para os pobres e vulneráveis” (GE 79). Nenhum projeto de Jesus é impossível. Tudo é simples e começa com poucos gestos. As pequenas coisas são o caminho para chegar às grandes mudanças. Começa com a busca da vontade de Deus com fidelidade, como Ele é fiel nos mínimos detalhes do amor que nos tem. Assim também estamos envolvidos com uma justiça não de palavras bonitas, mas de gestos concretos: “Procurai o que é justo, socorrei os oprimidos, fazei justiça aos órfãos, defendei as viúvas” (Is 1,17).Buscar a justiça com fome e sede: isso é santidade”.


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