Pe. Luiz Carlos
de Oliveira
Redentorista |
“Lançando
as redes”
Avança para as águas mais profundas
Depois de sua
manifestação na sinagoga de Nazaré como enviado de Deus, Jesus começa a chamar os
discípulos para participarem de sua missão. O Hoje de Deus será realizado
também por homens que Jesus escolheu pessoalmente. O chamamento se dá no local
simbólico da pescaria no mar profundo. Não mais em uma sinagoga cheia de
tradições e embaraços, mas no mar profundo. Como o profeta Isaias que tem uma
experiência magnífica no templo (Is 6,1-8), os discípulos
experimentam a força de seu Senhor, cuja palavra conduz a uma pesca abundante. Esse
paralelo é importante, pois é o mesmo Senhor que dá vigor ao anúncio dos discípulos.
Isaias se dispõe e os discípulos deixam tudo e seguem Jesus. É na força de sua
palavra que vão novamente à pesca. É na força da palavra de Jesus que vão
anunciar. É preciso arriscar tudo para ter tudo. Vemos que foi depois que falou
ao povo da barca que os discípulos Lhe prepararam, que Jesus escolhe e chama os
apóstolos. A barca é símbolo da Igreja que anuncia através da palavra
simbolizada nas redes. O mar profundo é o mundo que recebe a pregação. Os
peixes são os que acolhem a pregação. A força da palavra é tão forte que eles vêm
em grande quantidade. Os pescadores são os anunciadores da palavra. A ajuda dos
outros barcos é o símbolo da comunidade que trabalha unida, todos no mesmo
sentido. A palavra de Jesus é a força de Deus que sustenta a pregação. Sem uma
experiência significativa de Deus não poderemos frutificar em nosso ministério.
Pregar o vazio nos leva ao vazio.
Trabalhamos a
noite toda
Há um paralelo
entre a visão de Isaias e a pescaria dos discípulos: A grandiosidade de Deus assusta
a ponto de Isaias clamar: “Ai de mim, estou perdido! Sou apenas um homem de
lábios impuros, mas eu vi com meus olhos o rei, o Senhor dos exércitos” (Is
6,5).
Para o judeu, ver Deus significava morrer. Pedro tem o mesmo sentimento diante
da pesca maravilhosa: “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um homem pecador” (Lc
5,9).
Há uma ponta de desânimo nos discípulos que voltam de uma noite sem resultados. O
reconhecimento de sua própria fraqueza por ser pecador é condição para a
abertura ao novo que é o ministério com Jesus. O anúncio da Palavra se torna
para eles a nova maneira de pescar: “Diz Jesus: ‘Não tenhas medo! De hoje em
diante serás pescador de homens’” (Id 10). Vivemos um
processo doloroso de evangelização, pois estamos sem forças e num mar muito
revolto e profundo. Parece que perdemos a força evangelizadora. E isto se deve
ao vazio de nossa experiência com Deus e nossa busca seja muito rasa. O que
falta? Ouvir a palavra de Jesus? Ficamos confiando só nos lambaris que caem na
rede? Não está nos faltando aquela experiência de Jesus como pecadores? Ou
precisamos de algo mais profundo e forte? Falta Jesus e a experiência da força
de sua palavra.
O que recebi, transmiti a vós
A
fé que temos foi-nos transmitida pelo anúncio evangélico. Paulo nos dá esse
testemunho. A Sagrada Tradição vem junto com a Sagrada Escritura. A Tradição
nos passou o conhecimento da Ressurreição de Jesus. Assim acolhemos o Vivo e
deixamos de lado o que é morto, o que não aceita a Vida. Essa é a experiência
fundamental que temos para construir nossa vida de fé. As aparições de Jesus
aos discípulos continuam para nós que o acolhemos em sua Palavra. Ela é tão
sublime quanto a visão de Isaias. A grandeza está no acolhimento que estimula a
dizer como o profeta: “Aqui estou, envia-me”
(Is 6,8).
Leituras: Isaias 6,1-2ª.3-8; Salmo
137; I Coríntios 15,3-8.11; Lucas 5,1-11.
Fixa
nº 1830 - Homilia do 5º Domingo Comum (10.02.19)
1. A missão é continuação da obra
de Jesus. Acontece na força da palavra de Jesus.
2.
O paralelo entre Isaias e os discípulos nessa pesca explicita para nós a
missão.
3. É fundamental a experiência de Deus
em Jesus para a pesca da Missão.
Hoje
tem lambari
Diante da experiência dos
apóstolos na pesca maravilhosa, fruto das palavras de Jesus, nós devemos
examinar nossos processos de evangelização. Há momentos em que falta tudo. A
evangelização a partir da experiência de Jesus é garantida. Sem essa, quando
muito pegamos uns lambarizinhos.
O profeta teve a ousadia
de se reconhecer pecador e ao mesmo tempo de se oferecer para a missão depois
que o Serafim tocou seus lábios com uma brasa do altar. Os apóstolos foram
tocados pela palavra de Jesus. A missão foi forte e frutuosa. O vigor dos
apóstolos depois de Pentecostes nos mostra quanto é possível fazer quando se
crê de fato na ressurreição de Jesus.
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