Pe. Luiz Carlos de Oliveira Redentorista |
“A luta contínua”
Luta permanente
Iniciamos a leitura do capítulo V da
Exortação Apostólica - Gaudete et Exultate - de Papa Francisco sobre a
santidade. Nela o Papa analisa o processo da santidade à qual somos chamados. Esta
Exortação nos ensina como viver. Constata que “a vida cristã é uma luta permanente.
Requer-se força e coragem para resistir às tentações do demônio e anunciar o
Evangelho” (GE 158). Não é peso, mas é um esforço
organizado para libertar-nos dos males e organizar a vida espiritual a partir
da graça. Esta deve penetrar a vida e orientar as atitudes. O Papa aprofunda o
conhecimento dessa batalha dizendo que não “se trata apenas de uma luta contra o
mundo e a mentalidade mundana”. Não é também a luta contra a própria
fragilidade e defeitos. “Mas é a luta constante contra o demônio, que é o
príncipe do mal” (GE 159). Dizem que a grande vitória do
demônio é convencer-nos de que ele não existe. Essa vitória é possível. Jesus
dizia que “via Satanás cair do céu como um relâmpago” (Lc
10,18).
Claro que essa questão não está ligada ao modo como estamos acostumados a ver
apresentado Satanás. Sua personificação pode prejudicar a compreensão do mal
que nos cerca e nos invade. Vemos através da história quantas figuras temos de
tentador, a partir da serpente que tentou Eva. Fazemos caricatura do diabo, mas
ele continua sua ação no mundo usando os filhos de Deus. Corremos o risco de
ficarmos no folclórico a respeito do Maligno e descuidarmo-nos de sua realidade
e ação no mundo. As tentações de Jesus mostram claro que o mal nos ataca
através do ter, do poder e do prazer.
Remédio para a carne
Rezamos
no Pai Nosso professando a existência do mal que nos cerca: “Não nos deixeis
cair em tentação, mas livrai-nos do Maligno” (ou do mal) (Mt
6,13).
Na Ceia Jesus reza: “Não peço que os tires do mundo, mas que os guarde do
Maligno (ou do mal) (Jo 17,15). Jesus sofreu a
tentação, como lemos na carta aos Hebreus: “Ele mesmo foi provado em tudo como
nós, com exceção do pecado” (Hb 4,15). Não se trata
de um mito ou de um folclore. Faz parte da condição humana passar pela tentação
do mal. O Papa Francisco chama atenção: “Não admitiremos a existência do
demônio, se nos obstinarmos a olhar a vida com critérios empíricos e sem uma
perspectiva sobrenatural” (GE 160). Como entender
o mal que praticamos, que destrói tanta gente, somente como questões humanas? O
combate com o “inimigo” não se faz somente com instrumentos humanos, mas com a
força da graça. A tentação é forte. Por isso somos chamados à prática
espiritual como dizia Jesus: “tem certo tipo de demônio que só com muito jejum
e oração pode ser tirado” (Mt 17,21). O empenho na
caridade ocupa nosso tempo, fortalece nossa disposição e nos leva a vencer os males:
“Se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer, se tiver sede, dá-lhe de
beber....Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem” (Rm
12,20-21).
Sabor da fruta
A tentação tem sabor agradável e
desperta desejos dos olhos (Gn 3,6). São Pedro diz
em sua carta que o adversário ”como um leão a rugir, anda a rondar-vos, procurando a quem devorar.
Resisti-lhe firmes na fé” (1Ped 5,8-9). O Papa Francisco
lembra: “Então, não pensemos que seja um mito, uma representação, um símbolo,
uma figura ou uma ideia” (GE 161). Encontramos a tentação no belo jardim
de Deus que é o mundo. Deus disse a Caim: “Se praticares o bem, sem dúvida
alguma poderás reabilitar-te. Mas se procederes mal, o pecado está a tua porta,
espreitando-te; mas tu deverás dominá-lo” (Gn 4,7).
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