Pe. Luiz Carlos de OliveiraRedentorista |
“Eu
vi a aflição de meu povo!”
Um Deus presente
As
Sagradas Escrituras usam muitos símbolos para explicar a Palavra de Deus. A
árvore que produz fruto significa o fiel crente em Deus que, plantado à beira
d’água tem vida e produz abundantes frutos. Deus cobra bons resultados.
Escolhera para Si um povo para que pudesse levar adiante a grande obra da
salvação. Ele sempre toma a “iniciativa”, como lemos na manifestação de Deus a
Moisés no monte Horeb (Ex 3,1-8ª.13-15). Ali o chama a
assumir a missão de tirar o povo do Egito, onde os filhos de Abraão, os judeus,
sofriam horrível escravidão. Porque fizera a promessa aos pais (Abraão, Isaac e
Jacó), não os abandona. Assim é toda sua história: sempre, em seus sofrimentos,
é libertado por Deus de modo maravilhoso. É um Deus presente, não porque o povo
mereça, mas porque há uma aliança que sustenta essa vontade salvadora. É o que
rezamos no salmo: “O Senhor é indulgente e favorável, é paciente, é bondoso e
compassivo. Quanto os céus por sobre a terra se elevam, tanto é grande seu amor
aos que O temem” (Sl 102). Mesmo que o povo se distancie
por seus pecados, Deus não se cansa de perdoar: “Ele te perdoa toda a culpa e
cura toda a tua enfermidade; da sepultura Ele salva a tua vida e te cerca de
carinho e compaixão” (Id). Se grandiosa
foi a libertação do Egito, grandiosa deveria ser a correspondência. Vivemos
esse momento de Quaresma refletindo sobre os caminhos de Deus na história do
povo. É momento de certificar que estamos nessa história e repetimos a correspondência
a que fomos chamados. A Palavra de Deus se faz plena em nós.
Deus desceu e viu
As Escrituras afirmam que as
manifestações de Deus são sempre gestos de libertação, sobretudo dos fracos e
humildes. É um Deus que liberta e salva. Em suas escolhas está sempre embutido
um gesto de libertação. “O Senhor é bondoso e compassivo” (Sl
102).
É certo que preferimos um Deus vingativo. Certamente em relação aos outros.
Somos maus e queremos colocar em Deus nossos sentimentos. A revelação de Deus a
Moisés demonstra sua decisão sobre os sofredores no Egito: “Eu vi, ouvi, desci para
levar o povo para uma terra boa”. A atitude de Deus para com o povo se repete
em tantos momentos da história. A própria encarnação de Jesus é, em vista da
redenção da humanidade de um Egito, muito pior que é a escravidão do pecado.
Seu nome reflete o pensamento “Deus é salvação”. A parábola do bom samaritano
retoma o caminho de Deus: “Viu o homem caído, desceu do seu cavalo, cuidou do
homem e levou para a hospedaria, e prometeu voltar para cuidar” (Lc
10,25-37).
Quem acolhe o Evangelho acolhe também a mentalidade de Deus expressa na
história e manifestada em Jesus. Deus cobra de nós atitudes iguais. A figueira
que não produz fruto deve ser arrancada. Deus ainda é paciente, dá os auxílios
necessários. Mas, se não dermos frutos, poderemos ser cortados (Lc
13,9).
Cuidado para não cair
Paulo
é muito claro dizendo que dos judeus que saíram do Egito depois de verem os
milagres de libertação que Deus fizera por eles, na passagem do Mar Vermelho e
no deserto, não entraram na terra prometida por causa de seus pecados de
murmuração contra Deus. E diz: “Quem julga estar de pé, tome cuidado para não
cair” (1Cor 10,1-12). A escolha de Moisés, homem fraco, que
nem falava direito, abre para nós possibilidades imensas de produzirmos frutos
de salvação para o mundo. Deus escolhe o que é desprezível para confundir os
fortes, como o fez com Maria, com os apóstolos e nós hoje.
Leituras: Êxodo 3,1-8ª.13-15;Salmo 102; 1Coríntios
10,1-6.10.12; Lucas 13,1-9.
Ficha
nº 1842 - Homilia do 3º Domingo da Quaresma (24.03.19)
1. Se grandiosa foi a libertação do
Egito, grandiosa deveria ser a correspondência.
2. Quem acolhe o Evangelho acolhe a
mentalidade de Deus manifestada em Jesus.
3. Não repitamos o erro dos judeus que
murmuraram e não entraram na Terra prometida.
Limpando o jardim
Deus deu ao homem o cuidado do
Jardim do Paraíso. Com o pecado fica responsável de deixar em dia seu jardim
interior que é o paraíso de Deus (Sto. Afonso). Deus quer fruta boa, como Jesus
buscou frutos numa figueira, fora do tempo. Sempre quer os frutos de nossa
dedicação ao Evangelho na comunidade.
Ele
continua bondoso, dando ainda chances para chegarmos em uma terrinha ao pé dá
árvore de nossa vida para que possamos produzir fruto. Não esperemos que sejamos
cortados. Muito fez por nós. Espera que correspondamos. Deus faz milagres, mas
das possibilidades que nos deu, cuidemos nós.
A
Quaresma é a oportunidade que temos de levar adiante nossa caminhada de
libertação do mal e da produção de frutos sadios para a mesa do mundo.
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