Padre Luiz Carlos de Oliveira Redentorista |
“O tesouro do coração”
Conselhos que dão vida
Jesus descera da
montanha com os apóstolos e encontrou os discípulos e a multidão que acorrera
de todos os lados para ouvi-Lo e serem curados. Em poucas e práticas palavras
faz seu ensinamento. Conhecia muito bem nossos relacionamentos e como nosso
coração se embaralha por não saber seu lugar. Ele nos coloca diante de nós
mesmos para que possamos nos conhecer e tomar atitudes coerentes na convivência
fraterna. Aplica bem a situações
concretas que se fixaram na comunidade: Um cego não pode guiar outro cego; o
discípulo não é maior que o mestre; o cisco no olho do irmão; a árvore é
reconhecida pelos frutos; não se colhe figo de espinheiro; o homem bom tira
coisas boas de seu coração; a boca fala do que o coração está cheio. Podemos
entender nesse texto evangélico a necessidade de ser bom na comunidade. Para
guiar os outros é preciso ter sabedoria, como mestre. E exemplifica dizendo
que, se não formos bons não daremos frutos bons. Somos um espinheiro. É preciso
ter um bom coração para ser mestre. Esse sim, tem uma riqueza muito grande a
contribuir na comunidade. Assim se tem uma vida como um cedro que floresce na
casa do Senhor. A vida da comunidade não depende de boas estruturas, de boas
reuniões e técnicas, que muito ajudam, mas da profundidade da vida de cada um
de seus membros. Aprender o bem viver é dar vida ao próprio coração. Cada um
reconhecendo as próprias limitações poderá dar uma excelente vida aos irmãos.
O coração cheio de vida
Jesus, como
conhecia a vida e o coração das pessoas e, sabia o que o homem tem em seu
coração (Jo 2,24), tinha condições de falar com
propriedade para rica a vida da comunidade. Não exige muito conhecimento, mas que
sejamos capazes de criar uma excelente vida em comum. O escritor do livro do
Eclesiástico também era conhecedor da pessoa e de seus relacionamentos, mostra
que o homem se manifesta pela sua conversa. Por ela a pessoa se revela. Usa a
bela imagem da peneira que separa o bom do ruim, separando os refugos. Os
defeitos do homem se revelam no seu falar (Eclo 27,5). Esses eram
provérbios que estavam na boca do povo. Jesus o usa: “O homem mau tira coisas
más de seu mau tesouro. A boca fala do que o coração está cheio” (Lc
6,45).
“Como o forno prova os vasos do oleiro, assim o homem é provado em sua
conversa. A Palavra mostra o coração do homem” (Eclo
27,6-7).
Regras não regulam uma comunidade, mas sim o coração. Jesus propõe as
bem-aventuranças para que os seus possam viver intensamente a vida da
comunidade. Procuramos fazer muitos esquemas de vida, mas somente as
bem-aventuranças podem nos dar a certeza de um caminho seguro.
A morte foi tragada
Paulo encerra a primeira carta
aos Coríntios com a reflexão sobre a certeza da ressurreição de Cristo,
garantia de vitória sobre a morte e ressurreição de todos. O futuro de todos
está garantido na simplicidade da vida nova, no corpo ressuscitado. Cristo
venceu a morte. E essa não tem mais domínio, nem mesmo sobre o homem. Como
personificasse a morte, diz que essa usou do pecado para que a morte dominasse.
Ela espetava a humanidade. Paulo convida todos a “serem firmes e inabaláveis,
empenhando-vos cada vez mais na obra do Senhor, certos de que as vossas fadigas
não são em vão, no Senhor” (1Cor 15,58). A fé não é
somente crer em uma doutrina, mas, dela, se deve tirar as direções da vida no
cotidiano. Crer na ressurreição justifica ter um coração vivo no Senhor.
Leituras: Eclesiástico 27,5-8; Salmo 91; 1 Coríntios
15,54-58; Lc 5,39-45
Ficha
nº 1836 - Homilia do 8º Domingo Comum (03.03.19)
1. O texto do evangelho é um convite a
sermos bons para que a comunidade seja boa.
2. A pessoa fala do que tem no
coração. Dali é que sai tudo o que o
homem é.
3. Crer na ressurreição justifica ter um
coração vivo no Senhor.
De boca fechada
Às vezes a gente diz que uma
pessoa é bela, mas não deixa que abra a boca, pois pode sair muita asneira. É o
pensamento das leituras de hoje. Jesus é claro: A boca fala do que o coração
está cheio (Lc 6,45) e o homem é provado pela sua
conversa (Eclo 27,6).
Diante
dessa verdade, somos convidados a olhar nosso interior para que nossas palavras
tenham direito a uma fonte melhor. Vivendo bem, as palavras se tornam um
ensinamento. Quando dizemos que um pregador não consegue dizer nada, é porque seu
coração não tem nada. Pior, só tem o que não precisa.
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