Pe. Luiz Carlos de Oliveira Redentorista |
“O
Espírito discerne”
A Sabedoria que educa
Em sua reflexão sobre o
caminho da santidade na Exortação Gaudete et Exultate, o Papa Francisco nos auxilia
a grande verdade do discernimento. Não se trata em resolver os grandes
problemas que nos atingem, mas também as pequenas questões de nossa vida. Como
estamos sempre envolvidos em tantas solicitações e vivemos tantos contatos,
podemos nos perder no secundário e no prejudicial. Diante dessas realidades, o
Papa faz a pergunta: “Como é possível saber se algo vem do Espírito Santo
ou se deriva do espírito do mundo e do espírito maligno? A única forma é o
discernimento” (GE 166). É um dom que devemos pedir,
pois Deus quer nos oferecer sempre uma vida plena, mesmo nas pequenas coisas do
dia a dia. É certo que nossa capacidade espiritual já tem elementos suficientes
para o bem viver. Contudo, diante das realidades presentes que se aceleram,
precisamos do dom do discernimento. “Se
o pedirmos com confiança ao Espírito Santo e, ao mesmo tempo, nos esforçarmos
por cultivá-lo com a oração, a reflexão, a leitura e o bom conselho, poderemos
crescer nesta capacidade espiritual” (GE 166). A vida que levamos parece tão normal. Mas
vivemos um perigo grande de nos tornamos escravos da situação e nos tornarmos
marionetes. “Hoje em dia, tornou-se particularmente necessária a capacidade de
discernimento, porque a vida atual oferece enormes possibilidades de ação e
distração, sendo-nos apresentadas pelo mundo como se fossem todas válidas e
boas. Todos, mas especialmente os jovens, estão sujeitos a um zapping constante”
(GE
167).
Guardar o que é bom
Devemos tirar da mente que exista um
contínuo duelo entre Deus e o “diabinho”. O que nos move ao mal está em nós
mesmos como restos do pecado original. São tendências contra as quais temos que
lutar. O discernimento nos ajuda não só a vencer o mal, mas também a
desbloquear a tendência que temos de nos acomodar e não assumirmos novidades
que nos farão crescer no serviço ao mundo. O discernimento nos ajuda a sair da
rigidez mental ou espiritual. Assim nos diz o Papa Francisco: “Noutras ocasiões as forças
do mal nos induzem a não mudar, a deixar as coisas como estão, a optar pelo
imobilismo e a rigidez e, assim, impedimos que atue o sopro do Espírito Santo” (GE 168). Dizemos que não temos lideranças novas no mundo. O motivo é a falta de
discernimento do chamado do Espírito. “Somos
livres, com a liberdade de Jesus, mas Ele nos chama a examinar o que há dentro
de nós – desejos, angústias, temores, expectativas – e o que acontece fora de
nós – os “sinais dos tempos”, para reconhecer os caminhos da liberdade plena: “examinai
tudo, guardai o que é bom” (1Ts 5,21) (GE 168). O Espírito nos desamarra de nossos egoísmos.
“O discernimento... é
um instrumento de luta, para seguir melhor o Senhor. É sempre útil, para sermos
capazes de reconhecer os tempos de Deus e a sua graça, para não desperdiçarmos
as inspirações do Senhor e não ignorarmos o seu convite a crescer”. Temos a ideia
de que bons são os grandes e os heróis. O que decide em nossa vida são as
pequenas coisas. São os tijolos que, feitos de pequenos grãos, fazem as grandes
construções. “Por isso, escreve o Papa: peço a todos os cristãos que não deixem
de fazer cada dia, um diálogo com o Senhor que nos ama, um sincero exame de
consciência. Ao mesmo tempo, o discernimento leva-nos a reconhecer os meios
concretos que o Senhor predispõe, no seu misterioso plano de amor, para não
ficarmos apenas pelas boas intenções” (GE 169).
Nenhum comentário:
Postar um comentário