quinta-feira, 28 de março de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - Pe. Luiz Carlos de Oliveira

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista

“O Espírito discerne”

 A Sabedoria que educa
           Em sua reflexão sobre o caminho da santidade na Exortação Gaudete et Exultate, o Papa Francisco nos auxilia a grande verdade do discernimento. Não se trata em resolver os grandes problemas que nos atingem, mas também as pequenas questões de nossa vida. Como estamos sempre envolvidos em tantas solicitações e vivemos tantos contatos, podemos nos perder no secundário e no prejudicial. Diante dessas realidades, o Papa faz a pergunta: Como é possível saber se algo vem do Espírito Santo ou se deriva do espírito do mundo e do espírito maligno? A única forma é o discernimento” (GE 166). É um dom que devemos pedir, pois Deus quer nos oferecer sempre uma vida plena, mesmo nas pequenas coisas do dia a dia. É certo que nossa capacidade espiritual já tem elementos suficientes para o bem viver. Contudo, diante das realidades presentes que se aceleram, precisamos do dom do discernimento. “Se o pedirmos com confiança ao Espírito Santo e, ao mesmo tempo, nos esforçarmos por cultivá-lo com a oração, a reflexão, a leitura e o bom conselho, poderemos crescer nesta capacidade espiritual” (GE 166). A vida que levamos parece tão normal. Mas vivemos um perigo grande de nos tornamos escravos da situação e nos tornarmos marionetes. “Hoje em dia, tornou-se particularmente necessária a capacidade de discernimento, porque a vida atual oferece enormes possibilidades de ação e distração, sendo-nos apresentadas pelo mundo como se fossem todas válidas e boas. Todos, mas especialmente os jovens, estão sujeitos a um zapping constante” (GE 167).
 Guardar o que é bom
            Devemos tirar da mente que exista um contínuo duelo entre Deus e o “diabinho”. O que nos move ao mal está em nós mesmos como restos do pecado original. São tendências contra as quais temos que lutar. O discernimento nos ajuda não só a vencer o mal, mas também a desbloquear a tendência que temos de nos acomodar e não assumirmos novidades que nos farão crescer no serviço ao mundo. O discernimento nos ajuda a sair da rigidez mental ou espiritual. Assim nos diz  o Papa Francisco: “Noutras ocasiões as forças do mal nos induzem a não mudar, a deixar as coisas como estão, a optar pelo imobilismo e a rigidez e, assim, impedimos que atue o sopro do Espírito Santo” (GE 168). Dizemos que não temos lideranças novas no mundo. O motivo é a falta de discernimento do chamado do Espírito.  “Somos livres, com a liberdade de Jesus, mas Ele nos chama a examinar o que há dentro de nós – desejos, angústias, temores, expectativas – e o que acontece fora de nós – os “sinais dos tempos”, para reconhecer os caminhos da liberdade plena: “examinai tudo, guardai o que é bom” (1Ts 5,21) (GE 168). O Espírito nos desamarra de nossos egoísmos.
                                                                                          O discernimento... é um instrumento de luta, para seguir melhor o Senhor. É sempre útil, para sermos capazes de reconhecer os tempos de Deus e a sua graça, para não desperdiçarmos as inspirações do Senhor e não ignorarmos o seu convite a crescer”. Temos a ideia de que bons são os grandes e os heróis. O que decide em nossa vida são as pequenas coisas. São os tijolos que, feitos de pequenos grãos, fazem as grandes construções. “Por isso, escreve o Papa: peço a todos os cristãos que não deixem de fazer cada dia, um diálogo com o Senhor que nos ama, um sincero exame de consciência. Ao mesmo tempo, o discernimento leva-nos a reconhecer os meios concretos que o Senhor predispõe, no seu misterioso plano de amor, para não ficarmos apenas pelas boas intenções” (GE 169).

Nenhum comentário:

Postar um comentário