Pe. Luiz Carlos de Oliveira Redentorista |
“O dom e a cruz”
A lógica do dom e da
cruz
Chegamos,
com este texto, à última reflexão do Papa Francisco na Exortação Apostólica “Gaudete
et Exultate”= (Alegrai-vos e
Exultai), sobre a Chamado à Santidade
no Mundo Atual. Ele nos oferece um vasto panorama sobre essa realidade. Encerramos com
o ensinamento sobre a “lógica do dom e da cruz”. Discernir exige a paciência e
a cruz. Diz: “A condição essencial para avançar no discernimento é educar-se para a
paciência de Deus e os seus tempos, que nunca são os nossos” (GE174). Insiste na lógica da
cruz: “Além disso, requer-se generosidade, porque ‘a felicidade não é deste
mundo, ‘é a nossa lógica’, como dizia São Boaventura, referindo-se
à cruz. Quando uma pessoa assume esta dinâmica, não deixa anestesiar sua
consciência e abre-se generosamente ao discernimento” (Id). Discernir não para tirar proveito para própria vida, mas para
reconhecer como podemos cumprir melhor a missão que nos foi confiada no Batismo
e, isto implica estar disposto a fazer renúncias até dar tudo, comenta o Papa.
O discernimento nos coloca na lógica da cruz que sintetiza a aceitação completa
do plano divino de Salvação. Entramos em outro mundo com outras dinâmicas que
nos colocam numa vida que atingem o homem em todo seu ser. Discernir é também abrir-se
ao mistério da cruz que não se resume na dor, mas na capacidade de ir até o fim
na opção pelo bem, por Deus, e pelos outros.
Decisão e força
Escolher os caminhos da vida na presença
de Deus nos leva a penetrar todos os espaços de nossa vida, diz o Papa. Com
isso temos a certeza que nossa decisão nos levará a crescer muito e dar mais a
Deus, mesmo quando estamos em dificuldades. É nelas que nos fortalecemos. É um
treinamento que nos dá força espiritual. Quem lutar, se fortalece e consegue
maiores forças para enfrentar as cruzes. Notamos a importância de um contato
com Deus que se faz na oração e, sobretudo, na prática do Evangelho que é o
meio de exercitar-se na luta. Mas não somos heróis invencíveis. Somos frágeis e
temos medos. Temos receio de que a força da graça penetre nos recônditos de
nossa vida. O orgulho nos impede de deixar Deus agir. É necessário o
discernimento para tirarmos esses empecilhos do orgulho e da vaidade. Ter medo
de ser fraco não nos torna fortes. Assim escreve o Papa Francisco: “Mas é
necessário pedir ao Espírito Santo que nos liberte e expulse aquele medo que
nos leva a negar-Lhe a entrada em alguns aspetos da nossa vida... Ele não quer
entrar em nós para mutilar ou enfraquecer, mas para levar-nos à perfeição. Isto
mostra-nos que o discernimento não é uma auto-análise presunçosa, uma introspecção
egoísta, mas uma verdadeira saída de nós mesmos para o mistério de Deus, que
nos ajuda a viver a missão para a qual nos chamou a bem dos irmãos” (GE 175).
Ave Maria
O Papa Francisco encerra suas reflexões
com Maria porque Ela viveu como ninguém as bem-aventuranças de Jesus. “É aquela
que nos mostra o caminho da santidade e nos acompanha. E, quando caímos, não
aceita deixar-nos por terra e, às vezes, leva-nos nos seus braços sem nos
julgar. Conversar com Ela consola-nos, liberta-nos, santifica-nos. A Mãe não
necessita de muitas palavras... É suficiente sussurrar uma vez e outra: Ave
Maria...” (GE 176). E completa: “Espero que estas páginas
sejam úteis para que toda a Igreja se dedique a promover o desejo e a busca da
santidade. Peçamos ao Espírito Santo que infunda em nós um desejo intenso de
sermos santos para a maior glória de Deus; e animemo-nos uns aos outros neste propósito. Assim,
compartilharemos uma felicidade que o mundo não poderá tirar-nos
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