Pe. Luiz Carlos de OliveiraRedentorista |
“Exemplo
de humildade”
Abriu-me os ouvidos
A
liturgia do Domingo de Ramos é festiva na primeira parte, celebrando a Entrada
de Jesus em Jerusalém, aclamado como o Messias que vem em nome do Senhor. A
seguir há o ritmo quaresmal voltado para a Paixão do Senhor. É o mistério
pascal em uma síntese. O Messias sofredor é o Senhor ressuscitado. Isso nos
leva a não vermos a Semana Santa só sob o signo da dor, mas também da glória. Compreendemos
esse momento ao ouvir a leitura de Isaias com o poema do Servo de Deus que tem
os ouvidos abertos para prestar atenção como discípulo. Obediência não é, em
primeiro lugar, cumprir ordens. É ter a capacidade de ouvir e realizar o projeto
de Deus para nossa vida, como o fez Jesus. É nessa obediência que encontra
resistência para passar pelo sofrimento: “Ofereci as costas para me baterem e
as faces para me arrancarem a barba”. Por isso “não me deixei abater o ânimo,
conservei o rosto impassível como a pedra, porque sei que não serei humilhado” (Is
50,6-7).
O salmo reflete o profundo sofrimento e abandono que Jesus sente na cruz: “Por
que me abandonastes?” Mesmo assim se ergue e diz: “Anunciarei o vosso nome aos
meus irmãos” (Sl 21). Ele assumiu a condição de
escravo... Humilhou-se a Si mesmo, fazendo-Se obediente até à morte, e morte de
cruz. Por isso Deus O exaltou” (Fl 2,6-11). Em Jesus o Pai
quis dar exemplo de humildade (oração). Deus quis dar
aos homens um exemplo de humildade... por isso quis que nosso Salvador se
fizesse homem e morresse na cruz. Assim aprendamos para ressuscitar com Ele. É
o único caminho válido para a fé cristã.
Palavras que são caminho
Estamos
acostumados a ouvir e a nos comover com a narrativa da Paixão de Jesus. Não
basta a comoção que logo passa. Ela é um caminho de reflexão e um projeto de
vida. As palavras pronunciadas por Jesus são um catecismo espiritual. O
primeiro passo é o perdão aos inimigos. Esse é o projeto de paz e purificação.
Ganha quem perdoa. É um passo grande na vivência do mistério de Cristo. Isso se
concretiza no perdão ao ladrão que lhe diz: “Lembra-te de mim quando entrares
no teu reinado” – “Em verdade te digo: ainda hoje estarsá comigo no Paraíso (Lc
23,42).
A redenção é um ato total e completo. Não deixa para depois. Sofrer com Cristo
é ter essa chave do paraíso. Com voz forte, em um grito diz: “Pai, em tuas mãos
eu entrego o meu espírito”. O caminho espiritual de Jesus, que é seu Evangelho,
está todo e sempre direcionado ao Pai. Sua morte é a escola de como servir e
amar o Pai. É com todo vigor que Se entrega a Deus. Não há meias palavras.
Jesus não vê sua morte como derrota. Ele a vê como a vitória que vence a morte,
porque Ele a sofre já vivo no coração do Pai. Eis a tua Mãe, é o caminho da
ternura implantado em sua Mãe.
Por isso Deus O exaltou
A morte não é o fim, mas o
caminho para a vida. Sabemos que Jesus ansiava por esse momento. Disse: “Devo
receber um batismo (morte) e como me angustio até que esteja consumado” (Lc
12,50).
O desejo de Cristo de realizar a vontade do Pai O leva a buscá-la ansiosamente
realizar esse projeto. Por que chegar ao extremo do amor? O Pai não queria o
sofrimento do Filho. Mas o Filho sabe o que vai lhe acontecer porque há a
grande recusa dos chefes. Isso Jesus descreve em suas parábolas e durante seu
ministério está sempre em choque com esses homens que não entenderam o projeto
de Aliança que lhes fora concedido. De beneficiários das promessas passaram a
donos do projeto em proveito próprio. A morte de Jesus é sua vitória. Por isso
Deus O exaltou (Fl 2,9).
Leituras: Lucas 19,28-40; Isaias 50,4-7;Salmo 121;
Filipenses 2,6-11; Lucas 23,6-11
Ficha:
nº 1848 - Homilia do Domingos De Ramos (14.04.19)
1. A obediência
de Jesus o põe em atitude de total entrega ao Pai.
2. As palavras
de Jesus na Cruz são um caminho espiritual.
3. Jesus realiza
o desígnio do Pai porque sabe que Nele está seguro.
A
saga do jumento
Jesus entrou em Jerusalém montado
num jumentinho. Há parábolas que o põem em atitudes ridículas. Mas ele tem seu
lugar no mistério de Jesus, pois o levou na gloriosa entrada na Cidade
Santa. A inocência do animal o deixa
animal. Mas cumpriu o que lhe cabia.
Isso
se torna para nós uma parábola. Podemos, mesmo não sabendo tanto o que está
acontecendo em nossa vida, em nossas atitudes, mas fazemos o que devia ter sido
feito. O que não ficará sem o reconhecimento. Certo que temos consciência, o
que nos compromete mais. Em nossa fragilidade podemos não perceber tudo o que
fazemos, mas nem por isso deixa de ser realizado o mistério de Deus em nossa
vida. A obra não se concluirá só porque temos perfeição do que sabemos, mas sim
perfeição com que a realizamos, mesmo sem entender tudo.
Não
existe ninguém sabido que entenda tudo e não há alguém tão frágil que não realize
nada porque não entende nem sabe.
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