domingo, 28 de abril de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - Padre Luiz Carlos

Pe. Luiz Carlos de OliveiraRedentorista

“Meu Senhor e meu Deus”

A fé que salva
As aparições de Jesus não são espetáculos reservados a poucos, mas para promoção da certeza de que a Vida venceu a morte e se institui como modo de vida. As aparições de Jesus se davam aos domingos, o dia da comunidade e revelam seu valor. Nele se dá o envio do Espírito e o dom da reconciliação. Essas narrativas nos põem em contato com o caminho que Jesus em sua Ressurreição propõe para a vida cristã: Reunir-se no dia do Senhor (dia da Ressurreição) é tornar presente o Senhor Ressuscitado. É o que dizemos quando fazemos memória. As narrativas das aparições vão além de um fato acontecido, mas são uma realidade que acontece sempre quando estamos “dois ou três reunidos”. Ele está no meio de nós, como rezamos na celebração. Nela professamos nossa fé, mesmo sem ter visto o Senhor. Tomé é o exemplo do processo de fé que se realiza em nós: Ausente do encontro de Jesus com os discípulos exige tocá-Lo. Quer crer com as mãos. A presença do Ressuscitado não é uma volta à carne, ser humano que Jesus era, mas um fato que vem da fé. Os que não veem o Ressuscitado confiam no testemunho dos apóstolos e têm a fé que os torna felizes: “Felizes os que creram sem ter visto” (Jo 20,29). João escreve: “Estes sinais (milagres que levam à fé) foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e, crendo, tenhais a vida em seu nome” (Jo 20,31). Crendo temos a vida eterna e celebramos a presença de Cristo na comunidade.
A força da Ressurreição
           No dia da Ressurreição recebemos, em uma grande síntese, todo o caminho da Igreja. Jesus está sempre presente e sempre dá o Espírito Santo: “Recebei o Espírito Santo! A quem perdoardes os pecados eles lhes serão perdoados” (Jo 20,22). O perdão é a reconciliação universal. Inaugura o tempo da misericórdia que salva. Esse magnífico gesto de Jesus não se refere a uma confissão de minutos falada em vós baixa, mas à proclamação da Redenção que se estende a todos. Ninguém é dono da redenção ou põe regras além da lei do Evangelho. Temos o costume de submeter o Evangelho às nossas ideologias e modismos espirituais. Poderemos prejudicar o anúncio da Ressurreição e os caminhos que o Senhor nos oferece. Vimos o crescimento da Igreja no decorrer dos séculos. Além de nossas misérias, a força da Ressurreição penetra todos os povos. Lentamente a fé se desenvolve. Infelizmente vemos que o testemunho pouco evangélico tem distanciado tantos, tem desfibrado tantas comunidades. A aparição aos discípulos não quer fazer maravilhas, mas a entrega do grande ministério de reconciliação na força do Espírito.
Rei de Misericórdia
           Falamos de um Senhor glorioso e magnífico, como nos narra o livro do Apocalipse. Esse poder não corresponde à mentalidade do mundo que tem poder para mandar e aproveitar-se do poder. O salmo nos faz repetir: “Dai graças ao Senhor, porque é grande a sua misericórdia” (Sl 117). Esse é o distintivo fundamental de seu Reino. A pessoa de Jesus é o centro de toda vida cristã. Celebrando as alegrias pascais sabemos que o hoje eterno de Deus continua sua eterna misericórdia. Os gestos de misericórdia continuam na vida da comunidade, como lemos nos Atos dos Apóstolos. Tudo vem a nós através do sacramento do batismo, da presença do Espírito que nos foi dado e do sangue de Jesus que nos remiu (oração). Nós que cremos sem ver, somos declarados felizes porque cremos sem ver (Jo 20,29). A misericórdia cantada no salmo não é uma devoção revelada, mas um atributo de Deus.
Leituras: Atos 5,12-16; Salmo 117; Apocalipse 1,9-11ª.12-13.17-19.
Ficha nº 1852 - Homilia do 2º Domingo da Páscoa (28.04.19).

1. Reunir-se no dia do Senhor é tornar presente o Senhor Ressuscitado.
2. O perdão que Jesus oferece é a proclamação da Redenção que se estende a todos.
3. As alegrias pascais contam que o hoje eterno de Deus continua em sua misericórdia.

                              A turma do cutuca.

           Tomé é o exemplo dos que querem crer com as mãos, não no sentido de agir, mas de sentir as coisas de Deus como se fossem corporais. É a turma do cutuca. Não querem que a fé os toque para algo mais profundo. Isso exige mudança em nossa vida. Os discípulos viram, mas foram além, continuaram sem buscar milagres, anunciando por sua vida e palavra que Ele está vivo.
           Onde tiraram forças e condições para anunciarem com tanto vigor trazendo tantos para Jesus. Os cristãos se firmaram na Palavra anunciada e no testemunho. Era mais forte que um toque.

Um comentário:

  1. As palavras e as explicações que o Pe. Luiz nós traz,são como se estivéssemos junto aos apóstolos após a ressurreição de Jesus. Peço a Deus, muitas bênçãos ao Pe.Luiz.Sempre me conforta.obrigada

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