Pe. Luiz Carlos de OliveiraRedentorista |
“Hospitalidade
em Cristo”
Saber
acolher
Conhecemos a
pintura da “Trindade” de Rublev e a narrativa da presença de Jesus na casa de
Lázaro, de Maria e de Marta. Jesus está presente como hospede amigo. Era amigo
e sabia se abrir ao diálogo. Abraão, conforme nos narra o livro de Gênesis, (Gn
18,1-10,)
é o exemplo de hospitalidade. Ao ver passar três homens, corre para acolhê-los;
não eram parentes nem conhecidos. Abraão oferece descanso e alimento aos três
peregrinos. O acolhimento do irmão, do pobre ou do estrangeiro eram leis
fundamentais que justificam a própria vocação da Aliança. Acolher para Jesus,
não era só um gesto social, mas um gesto que retrata as atitudes que Deus teve
para com os judeus na saída do Egito. Quando Moisés proclama as leis para seu
povo, aparece muito claro o necessário acolhimento do estrangeiro. A lei exige
que seja bem tratado, porque “vós fostes estrangeiros” (Ex
22,1).
A tendência do povo era a exclusão.
Jesus realiza diversos milagres para estrangeiros e elogia sua fé: “Nunca encontrei
tanta fé em Israel” (Mt 8,11). Aprofundando
essa temática do acolhimento, temos nosso compromisso cristão. Somos convidados
a acolher Jesus e seu ensinamento. Quem acolhe um pequenino, a Ele está
acolhendo (Mt 18,40). Há também os que necessitam de
acolhimento. Mais que comunidade e bons lugares, os pobres querem o respeito
devido a todo homem. Estamos hospedando Jesus. Responde a Marta que O alertava
sobre sua irmã que não ajudava e só queria estar com Ele, ouvindo, acolhendo.
Jesus privilegia o momento de encontro que acolhe a Ele e sua Palavra. As obras
são fundamento dos bens espirituais que queremos oferecer a Deus.
Hospedar a carne do Cristo
Somos chamados a hospedar o Cristo em
nossa casa. Não somente uma residência, mas um processo de intercâmbio de vida.
Abraão acolheu os misteriosos personagens e os serviu. Jesus foi acolhido na
casa de Marta e de Maria. Jesus ouve a reclamação de Marta que priorizava os
trabalhos da casa, mesmo preparando a comida para Jesus, A palavra de Jesus
torna o trabalho diário em um encontro com Ele. Paulo nos traz uma visão mais
aprofundada a partir de sua participação através dos sofrimentos: “Alegro-me de
tudo o que já sofri por vós e procuro completar na minha própria carne o que
falta das tribulações de Cristo, em solidariedade com o seu corpo, isto é, a
Igreja” (Cl 1,26). O corpo sofredor de Cristo
continua a nos convocar para deixar que Ele nos una a Si. Essa noção de Corpo
de Cristo, que é a Igreja, explica nossa união a Cristo. Unidos a Ele passamos
por suas dores. Essa união a Cristo não se dá só no espiritual, mas nos une
fisicamente. Os sofrimentos e dores acontecem realmente na vida do fiel. Há
muitos cristãos piedosos não compreendem por que há sofrimento. Pensam: “Se sou
bom, vivo bem a fé e a vida de Igreja, por que acontecem os sofrimentos e não
somos ouvidos por Deus? Ele fala. E nós ouvimos?
Paulo
se alegra ao sofrer por Cristo
O salmista nos
leva a recolher esse aspecto dessa habitação de Deus em nós. Pergunta: “Quem
morará em vossa casa”? A habitação de Deus em nós é o processo de Encarnação
que Cristo viveu e abre para nós para vivermos do mesmo modo. “Despojando-nos
do velho homem, passemos a uma vida nova” (oração). Quem morará em
vossa casa? O salmo descreve as exigências: justiça, respeito ao próximo.
Jesus, na casa de Marta, retrata nossas famílias e seus problemas. O respeito
ao outro, não escravizando o semelhante. É preciso sentar-se para ouvir o Senhor.
Depois se faz o trabalho. Cristo valoriza o estar juntos para acolher a Palavra
de Deus no ambiente em que vivemos.
Leituras: Gênesis 18,1-10; Salmo 14; Colossenses
1,24-28; Lucas 10, 38-42
Ficha nº 1876 - Homilia do 15º Domingo Comum (21.07.19)
1.
Acolher para Jesus não era somente um gesto social,
mas um gesto que retrata as atitudes que Deus teve para com os judeus na saída
do Egito.
2.
O corpo sofredor de Cristo continua a nos convocar
para deixar que Ele nos una a Si.
3.
“Despojando-nos do velho homem, passemos a uma vida
nova”.
De corpo inteiro
Falamos de
hospitalidade. Como é bom ser bem acolhido! Não se trata só de pensão ou hotel.
É belo quando somos como que forçados a aceitar os convites. Mesmo deixando-nos
na preocupação de corresponder na mesma medida. Mas não pensamos nisso quando
se trata do espiritual. Jesus que nos hospeda sempre, não nos preocupamos e,
como Marta, não acolhemos Jesus, mesmo que estejamos fazendo algo espiritual.
É necessário ter
consciência e ciência da vida de Jesus em nós. Nós O hospedamos. Assim aprendemos
a estar sempre preocupados para acolhê-lo. Sua presença é muito cara.
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