Rico diante de Deus
O sentido da
vida flui como resultado das escolhas que fazemos. Jesus se põe como aquele que
dá sentido e segurança para nossa vida e nossas atividades. Quanto mais nos
desapegarmos, mais nos firmamos no único bem necessário. Deus nos abre as
riquezas que a vida oferece. Maiores serão os dons se nos firmarmos no único
necessário e referência: “Assim acontece àquele que ajunta tesouros para si
mesmo e não é rico para Deus” (Lc 12,21). Aquele homem
que teve grande colheita não soube dar sentido a tudo o que possuía. O risco
dos bens materiais está justamente em não perceber que os bens podem contribuir
para sua riqueza humana. Perde-se o sentido dos bens quando não sabemos
construir uma riqueza maior, sendo rico para Deus. Jesus não condenou esses
bens materiais, mas a insensatez no seu uso. É o que encontramos na leitura do
livro do Eclesiastes. O homem que vive na ilusão da riqueza perde as outras
dimensões da vida que podem ser enriquecedoras e dão sentido ao que foi
produzido por um bom trabalho. A riqueza espiritual pode aumentar os frutos de
nossos bens. Ser rico para Deus é multiplicar os bens na matemática de Deus:
Quanto mais nos desapegarmos, mais possuímos e armazenamos a abundância e
produzimos bens espirituais. Somos pó,
como lemos no salmo. A cartilha do bem viver exclui a ganância, a soberba da
abundância e o fausto do vazio. Jesus coloca aí a loucura e a incapacidade de bem
administrar a vida. Os bons e os santos também morrem, podem ter bens, mas são
desapegados e possuem a sabedoria.
Buscar as coisas do alto
Toda nossa vida cristã tem o
sentido na ressurreição. A ressurreição final, quando seremos todos em Cristo,
nos comunica a vitalidade para nosso dia a dia. Ela não nos tira da realidade
em que vivemos, mas nos coloca na ressurreição que deve penetrar todas as
realidades. Sendo batizados em Cristo somos ressuscitados com Ele. Temos assim
a grande mudança de tudo em Cristo: “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos
para alcançar as coisas do alto, onde está Cristo à direita de Deus... Aspirai
às coisas celestes e não às terrestres. Vós morrestes e vossa vida está
escondida, com Cristo em Deus” (Cl 3,1ss). Nossos celeiros
espirituais foram feitos para guardar as riquezas de Cristo em nós. Somente
aquele que já se despojou do homem velho e se revestiu do homem novo, que se
renova segundo a imagem do seu criador, tem essa sabedoria (id). Ter fé nos leva
a superar a vaidade dos bens, a loucura e o vazio dos bens materiais. Será
sensato e rico diante Deus. Os bens materiais vividos em Cristo produzirão
frutos muito maiores, pois o amor multiplica e não divide. Esses celeiros podem
crescer ao infinito.
Contar nossos dias
O coração humano que busca Deus
supera todo vazio e dá consistência a nossa vida. O salmo ensina a ver que a
fragilidade da vida é pó. Somos nada, passamos. Por isso podemos suplicar:
“Ensinai-nos contar nossos dias e dai sabedoria ao coração... Saciai-nos de
manhã com vosso amor e exultaremos de alegria todo dia” (Sl
89).
O cristão é diferente quando sabe viver bem as condições humanas com
intensidade do amor. Tudo se multiplica. Somos chamados a tirar de nossa vida
os vícios que nos destroem, pois já nos despojamos do homem velho e da sua
maneira de agir. A comunidade cristã é o celeiro que precisa ser sempre maior
para conter a riqueza da graça. A colheita dos bens espirituais exige sempre
maiores celeiros para promover mais irmãos. Nossos dias cheios de sabedoria
encherão os celeiros para a comunhão fraterna.
Leituras: Eclesiástico 1,2; 2,21-23;Salmo
89;Colossenses 3,1-5.9-11;Lucas 12,13-21.
Ficha
nº 1880 - Homilia do 18º Domingo Comum (04.08.19)
1. Quanto mais nos desapegarmos, mais
nos firmamos no único bem necessário.
2. A fé nos leva a superar a vaidade dos
bens, a loucura e o vazio dos bens materiais.
3. A colheita dos bens espirituais exige
sempre maiores celeiros para promover mais irmãos.
Segurando o Vento
O
livro do Eclesiastes tem ensinamentos que refletem bem o crescimento da Palavra
de Deus no meio de uma sociedade não judaica. O autor sagrado está em busca.
Para ele a vaidade das coisas lhes tira a consistência. É como segurar o vento.
Ver as realidades e realizações sem consistência quer segurar o vento com as
mãos.
O jeito é fazer celeiros
que recolhem vida para ser distribuída. O vento da vaidade e estupidez, passam por nós e nos deixam.
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