Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista |
“Porta
Estreita”
Conversão que modifica
Vivemos uma batalha para
conservar o corpo numa bela medida. Achamos que não ficamos velhos e teremos aquele
corpo! Batalha dolorosa de poucos resultados. Mas Jesus nos coloca diante dos
olhos uma portinha estreita que vai exigir esforço de uma terapia espiritual
que nos leve a ter as condições de passar pela porta estreita. “Muitos tentarão
entrar e não conseguirão” (Lc 13,24). Que porta
estreita é essa? Jesus explica que
“muitos tentarão entrar e não conseguirão... começareis a bater dizendo:
Senhor, abre-nos a porta!.. Não sei de onde sois. Afastai-vos de mim vós que
praticais a injustiça”. Vejamos o porquê: ‘Vós direis; nós comemos e bebemos
diante de Ti e Tu ensinastes em nossas praças”. Não basta a religião exterior.
E diz Jesus: “Não sei de onde sois. Afastai-vos de mim todos vós que praticais
a injustiça” (Lc 13,22ss). Podemos
entender que Jesus é a porta. Lembramos que diz “Eu sou a porta das ovelhas” (Jo
10,1-10).
A religião tem atos exteriores, muitas obras, mas tudo tem que ser fundado Nele
e em sua Palavra. Mesmo que falemos de Jesus, Ele é entrada para o Reino de
Deus. Vejamos nossas comunidades, povo cristão, as associações e os movimentos
que fazem muitas coisas, mas deixam de lado o evangelho e a pessoa de Jesus.
Pelo nosso mal proceder, podemos estar “fora de forma” para fazer esse
exercício espiritual de entrar. Se olharmos, veremos como Jesus e seu Evangelho
estão distantes de nós e de nossas comunidades. A porta é Jesus e seu evangelho
do amor. Há grupos que não fazem o mínimo de caridade... Será que passarão na
porta? A porta do inferno é larga.
Proclamar a salvação
Continuando, Jesus diz algo que
não combina com nosso modo de compreender a fé: “Virão homens do oriente e do
ocidente, do norte e do sul e, tomarão lugar à mesa do Reino de Deus” (Lc
13,28).
Poderão passar nessa porta e sentar para o banquete. Jesus faz eco à profecia
de Isaias que anuncia a grande abertura a todos os povos. Isso não fazia parte
da mentalidade do povo judeu: “Eu virei para reunir todos os povos e línguas;
eles virão e verão minha glória” (Is 66,18). Há uma
promessa: “Porei no meio deles um sinal e enviarei, dentre os que foram salvos,
mensageiros aos povos... para as terras distantes e para aquelas que ainda não
ouviram falar em mim e não viram a minha glória” (Id 19). O profeta diz
que, como os filhos, levarão sua oferenda em vasos purificados para a casa do
Senhor. Vai a um extremo absurdo: “Escolherei dentre eles alguns para serem
sacerdotes e levitas” (Id 21). Para os
judeus, os sacerdotes e levitas eram escolhidos só da família de Aarão e tribo
de Levi. Tudo isso vem como fruto da proclamação da salvação. Muitos na Igreja
ainda têm mentalidade fechada aos povos. O Oriente está respondendo ao
Evangelho.
Deixar-se educar
Distante de nossa mentalidade
atual que já dá seus frutos mudando certos termos. A Carta aos Hebreus diz
claramente que não se trata de castigo, mas de educação: “É para vossa educação
que sofreis”: Aqui podemos entender que as dificuldades para viver a fé geravam
sofrimentos que a purificavam. “Meu filho, não desprezes a educação do Senhor,
não desanimes quando Ele te repreende; pois o Senhor corrige a quem ama e castiga
a quem aceita como filho” (Hb 12,5-7). Tentando uma
tradução, podemos pensar que a comunidade precisa refletir sobre sua situação,
meditar, fazer revisões sinceras e buscar caminhos melhores sem viver
amargurados porque nossas idéias nem sempre vencem. É preciso um exercício de
abertura à revisão e correção dos planos e da própria vida.
Leituras Isaías 66,18-21;Salmo 116; Hebreus
12,5-7.11-13.
Ficha
nº 1886 - Homilia do 21º Domingo Comum (25.08.19)
1. Nós em nossas comunidades estamos
distantes de Jesus e de seu Evangelho
2. Muitos na Igreja ainda têm
mentalidade fechada aos povos.
3. A comunidade precisa refletir sobre
sua situação, fazer revisões e buscar nos caminhos.
Academia de emagrecimento espiritual
A gente fica feliz quando dá uma
ajeitada nas gordurinhas e fica com o corpo bonito depois de um tempo de
academia. É muito sofrimento. Não fazemos penitência e Deus nos tira de outro
lado em nosso esforço de pegar forma.
Assim também é o momento
de pensarmos em olhar a balança da vida eterna. Aqui Jesus fala de porta. Na
Idade Média havia um mosteiro que tinha na sala de refeições uma porta tão
estreita que, se exagerasse na comida, não passava. Pode não ser verdade, mas
temos que fazer o mesmo, queimando nossas gorduras espirituais e fazendo os
exercícios que nos dão resistência e força espirituais. Ninguém vai ao Céu de
graça. Tem que malhar.
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