segunda-feira, 30 de setembro de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - Padre Luiz Carlos

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista

“A justiça do Reino”


Deus ouve
           A Palavra de Deus nos faz uma descrição muito clara e sempre atual da justiça de Deus e da justiça humana. Essas estão sempre presente na sociedade. Ela nos questiona sobre nossas atitudes. Não podemos dizer: “Isso não vale para mim”. Somos questionados não pelo que possuímos, mas pelo olhar míope diante das realidades. É muito triste ver só a si mesmo. É impossível dar um passo adiante no projeto humano de ser fraterno. Não basta ser social. O texto do profeta Amós, homem experiente de humanidade, relata a atitude dos ricos de seu tempo, de modo particular em Samaria. Jesus tem diante dos olhos a situação dos ricos e dos pobres. O rico “se vestia com roupas finas e elegantes e fazia festas esplêndidas todos os dias” (Lc 16,19). O profeta relata a vida folgada dos ricos de Samaria. Eram nababos. Só o prazer e a vida fácil. A riqueza lhes proporciona a vida folgada. A primeira leitura descreve como viviam esses ricos. O problema não se trata de terem riqueza, mas de não se preocuparem com a ruína do povo. O povo estava destruído. Não era problema dos “gozadores” (Am 6,6). Deus ouve o clamor dos fracos que os leva ao louvor: “O Senhor é fiel para sempre, faz justiça aos oprimidos, dá alimento aos famintos, é o Senhor quem liberta os cativos. Ampara o órfão e a viúva” (Sl 145). É o Senhor que acolhe Lázaro. Na língua hebraica, esse nome significa: aquele que Deus ouve. Os olhos de Deus buscam os que sofrem. Deus é o responsável “jurídico” porque, amorosamente os toma sob seu cuidado (145,7). Lázaro morre e é levado pelos anjos ao seio de Abraão, o Céu.
Inversão de valores
           Lázaro vai para o Céu e, o rico foi enterrado... no meio dos tormentos, viu Abraão e Lázaro ao seu lado (23). Abraão mostra a mudança de lado: “Filho, lembra-te que tu recebeste teus bens durante a vida e Lázaro, por sua vez os males. Agora ele encontra aqui consolo e tu és atormentado. A seguir o texto tem um diálogo no qual o rico, vendo a impossibilidade de ser aliviado, pede a Abraão que mande Lázaro para avisar os familiares para preveni-los. O texto mostra que não há essa possibilidade de refazer a vida depois da morte, pois é definitivo. Também mostra que não há esse trânsito entre Céu e terra e inferno. Mas a palavra que se torna solução para o rumo certo da vida, como diz o rico condenado ao inferno: se um morto for a eles, se converterão. Abraão dá a resposta clara: “Se não escutam Moisés e os profetas, eles não acreditarão, mesmo que alguém ressuscite dos mortos” (Lc 16,23-31). A conversão verdadeira não se dá pelo medo, mas pela Palavra de Deus. Só ela pode tocar os corações e provocar a mudança. Os pobres não foram levados para o exílio. E continuam a esperança do Messias.
O caminho do justo
              Todos nós passamos as lutas por meio da fé viva. Paulo formara seus colaboradores na firmeza da fé, não deixa de insistir com Timóteo para viver bem: “Tu, que és um homem de Deus, foge das coisas perversas, procura a justiça, a piedade, a fé, o amor, a firmeza a mansidão... guarda teu mandato íntegro e sem mancha até a manifestação gloriosa de Cristo (1 Tm 6, 11.14). Todos vivemos as mesmas situações dos profetas. Jesus toma esse tema em sua parábola. O grande problema é não ver a situação do povo. O rico dos banquetes nem deve ter visto Lázaro na porta. O desconhecimento da realidade do povo é um assassinato programado e apoiado pelos donos do mundo. É um mal que não se cura. A insensibilidade do homem para com o sofrimento do pobre é um dele aos olhos de Deus.
Leituras: 6,1,1ª.4-7;Salmo 145;1 Timóteo 6,11-16;Lucas 16,19-31.
Ficha nº 1896 - Homilia do 26º Domingo Comum (29.09.19)

1. O problema não é ter riqueza, mas de não se preocupar com a ruína do povo na pobreza.
2. Só a Palavra de Deus pode tocar os corações e provocar a mudança.
3. O desconhecimento da realidade do povo é um assassinato programado e apoiado pelos        donos do mundo.

Miopia espiritual

              Como é triste ser cego. Pior é ser cego de olhos abertos. Não se ver, nem se julgar, é sinal de um triste fim. “Lembra-te de teu fim e viverás, e jamais pecarás” (Eclo 7,36).
           A festa dos ricos impressionava por sua fartura. Os cães conheciam Lázaro. Pobre sempre tem cachorro. Lambiam suas feridas para sua cura. Era seu único remédio. O que os folgados não faziam, faziam os cães.
           A parábola de Jesus é um ensinamento sobre a coerência de vida e o fim último do homem e sua situação. Não acreditamos mais nessa linguagem de inferno. Mas é bom prevenir, pois, pode ser que, chegando lá ele exista. Melhor prevenir e se educar pela palavra de Deus.

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