Padre Valdo Bartolomeu de Santana Pároco da Paroquia Santo Antonio de Junqueirópolis |
UM H O M E M, SEU C A V A L O E SEU C Ã O !
Era uma vez...
Um homem, seu cavalo e seu cão, que caminhavam por uma estrada.
Depois de muito caminhar, esse homem se deu conta de que ele, seu cavalo e seu
cão haviam morrido num acidente. Às vezes os mortos levam tempo para se dar
conta de sua nova condição...
A caminhada era muito longa,
morro acima, o sol era forte e eles ficaram suados e com muita sede. Precisavam
desesperadamente de água. Numa curva do caminho, avistaram um portão todo
magnífico, todo de mármore, que conduzia a uma praça calçada com blocos de
ouro, no centro da qual havia uma fonte de onde jorrava água cristalina. O
caminhante dirigiu-se ao homem que numa guarita, que guardava a entrada.
- Bom dia, ele disse.
- Bom dia, respondeu o homem.
- Que lugar é este, tão lindo? Ele perguntou.
- Isto aqui é o céu, foi a resposta..
- Que bom que nós chegamos ao céu, estamos com muita
sede, disse o homem.
- O senhor pode entrar e
beber água à vontade, disse o guarda, indicando-lhe a fonte.
- Meu cavalo e meu cachorro
também estão com sede.
-Lamento muito, disse o
guarda. Aqui não se permite a entrada de animais.
O homem ficou muito
desapontado porque sua sede era grande. Mas ele não beberia, deixando seus
amigos com sede. Assim, prosseguiu seu caminho.
Depois de muito caminharem
morro acima, com sede e cansaço multiplicados, ele chegou a um sítio, cuja
entrada era marcada por uma porteira velha semiaberta. A porteira se abrir para
um caminho de terra, com árvores dos dois lados que lhe faziam sombra.
À sombra de uma das árvores,
um homem estava deitado, cabeça coberta com um chapéu, parecia que estava
dormindo:
- Bom dia, disse o
caminhante.
-Bom dia, disse o homem.
-Estamos com muita sede, eu,
meu cavalo e meu cachorro.
-Há uma fonte naquelas
pedras, disse o homem e indicando o lugar.
Podem beber à vontade.
O homem, o cavalo e o cachorro foram até a fonte e mataram a
sede.
-Muito obrigado, ele disse
ao sair.
-Voltem quando quiserem,
respondeu o homem.
-A propósito, disse o
caminhante, qual é o nome deste lugar?
-Céu, respondeu o homem.
-Céu? Mas o homem na guarita
ao lado do portão de mármore disse que lá era o céu!
-Aquilo não é o céu, aquilo
é o inferno.
O caminhante ficou perplexo.
-Mas então, disse ele, essa informação falsa deve
causar grandes confusões.
- De forma alguma, respondeu o homem. Na verdade,
eles nos fazem um grande favor. Porque lá ficam aqueles que são capazes de
abandonar até seus melhores amigos...
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