Pe. Luiz Carlos de Oliveira Redentorista |
“O
grito do humilde”
Subir ao templo
Continuando sua catequese, depois
de explicar que a oração deve ser incessante, Jesus nos faz ver o núcleo da
oração: a que nasce do coração. Dois homens sobem ao templo para orar. O templo
era a casa de Deus. Ali era o lugar da oração. Jesus, sem desqualificar a
função do templo, coloca a oração no templo do coração. Um era fariseu e outro
publicano. O fariseu era um observante da lei e cumpria todos os mandamentos
com perfeição: Ele toma a posição correta de se rezar: Em pé, rezando no seu
íntimo. Agradece por não ser como os outros homens. Seu agradecimento por não
cometer o pecado, passa por diversos mandamentos. Agradece sua fidelidade à lei
e à aliança. Tem pureza em seus procedimentos, não rouba, faz justiça, não come
adultério, cumpre os preceitos do jejum, jejuando duas vezes por semana, paga o
dízimo. Mas comete um erro brutal: não sou como os outros homens, por exemplo,
como esse publicano. Sua oração ofende os olhos de Deus por julgar o outro. O
publicano não vai ao templo para desfilar. Ele é judeu, como o fariseu, mas é
cúmplice com o invasor romano. Pelo lucro que recebe, é encarregado de cobrar
os pesados impostos para império romano. Por isso eram odiados e desprezados
pelo povo. Lembramos que Jesus era amigo dos pecadores e publicanos. Era um
crime. O publicano está distante. Toma uma atitude humilde e reza em silêncio
sinceramente arrependido. Tem vergonha e bate no peito em sinal de dor e pede
do fundo de sua miséria: “Tem piedade de mim que sou pecador” (Sl
50,3).
Quem se exalta será humilhado
Jesus fala forte: “Eu vos digo:
este último voltou para casa justificado, o outro, não. Pois quem se eleva será
humilhado e, quem se humilha será elevado” (Lc 18,14). Ser
justificado é ser readmitido à amizade Divina. A humildade é a elevação a Deus.
O orgulho, mesmo fazendo boas coisas, como é o caso do fariseu, destrói a
amizade Divina. Aqui Jesus revela o que acontece com Ele mesmo em sua
humilhação, como lemos na carta aos Filipenses 2,5-11. Foi ao máximo
da humilhação para um ser divino que se fez inferior a todos, indo até à morte.
Por isso Deus o exaltou e lhe deu um nome que está acima de todo nome, isto é,
o nome Divino. O Homem humilhado é elevado. Na parábola, Jesus não desfaz do
fariseu pelo bem que faz, mas por se colocar acima do fraco pecador. Isso
acontece muito em nossas comunidades na busca pelo poder. Existem os que se
julgam puros, santos e ungidos. E têm a ousadia de dizer que o outro não é
ungido. Quem é dono do Espírito? Ele é silencioso, pois age no cerne do amor-humildade,
aquele que se põe a serviço. Assim foram nossos santos. Olhem a Ir. Dulce foi
puro amor e humildade
Paulo e seu Senhor
Palavras finais mostrando sua
vida cheia do Senhor e por isso repleta de uma entrega total ao seu ministério
de evangelizar até ao sangue derramado. Ele se une a seu Senhor no sacrifício.
É sua identificação com seu Redentor. Diz: “Combati o bom combate, completei a
carreira, guardei a fé”(2Tm 4,7). Espera a
recompensa que será dada a ele e a quem fizer o caminho de Cristo. Foi
abandonado pelos seus. Mas ele tem sempre a presença de Cristo: “O Senhor esteve
ao meu lado e me deu forças; e fez com que a mensagem fosse anunciada por mim
integralmente, e ouvida por todas as nações” (Id 17). Paulo fala de
sua boa obra na humildade do publicano. Na Eucaristia, o Senhor nos educa a termos
a atitude humilde de ficarmos ocultos para que a vida seja dada a todos.
Leituras; Eclesiástico 35,15b-17. 20-22ª; Salmo
33;2Timóteo 4,6-8.16-18;Lucas 18,9-14.
Ficha:
nº 1904 - Homilia do 30º Domingo Comum (27.10.19)
1. Jesus, sem desqualificar a função do
templo, coloca a oração no templo do coração.
2. A humildade é a elevação a Deus.
3. Paulo se une a seu Senhor no
sacrifício. É sua identificação com seu Redentor.
Cheio
de si, vazio de Deus
Quando se faz uma pintura do
fariseu e o publicano, o fariseu é sempre pintado barrigudo. E olha que jejuava
duas vezes por semana. O texto da parábola tem um ensinamento claro sobre a
necessidade da humildade, não de palavras, mas de vida, como em Jesus.
O
fariseu todo empinado, se mostra orgulhoso do bem que faz. O publicano, grande
pecador, se mostra todo humilde pelo reconhecimento de sua situação triste de
pecador público. Todo mudo sabia que ele não era bom, pois era opressor do povo
em benefício dos romanos. Sendo humilde se coloca numa atitude de conversão
pelo pedido de perdão sincero.
A
batalha cristã, como a de Paulo, nos leva até à boca do leão. Mas Deus está
sempre de nosso lado. Por isso não há necessidade de empinar o bico.
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