Pe. Luiz Carlos de Oliveira Redentorista |
“Bem-aventurados”
Intercessores
numerosos
Alguém comentou que ultimamente
só os papas ficam santos. Não é bem verdade, pois, agora é que os papas são
santos. Não é verdade, pois temos muitas
beatificações e canonizações nos últimos tempos. Esse fato não tira a força da
festa de hoje, dia em que comemoramos todos aqueles fiéis e mesmo fora da
Igreja, que viveram uma vida de amor à justiça na caridade. A festa atual quer
lembrar todos, inclusive nossos parentes e amigos que agradaram a Deus. São
poucos declarados santos. E os outros? Não são santos? São tão santos quanto os
declarados. Aliás, santidade não tem tamanho. Esses são colocados como exemplo,
modelo e estímulo à santidade. Reflete-se no dia de hoje a grande chamada de
todos à santidade, como lemos no capítulo V da Lumen Gentium. Todos podem ser
santos. S. Afonso diz: Todos podem ser santos na condição em que vivem. Por
isso a santidade é aberta a todos. A liturgia de hoje quer “celebrar numa só
festa o mérito de todos os santos” (Oração). A santidade do
povo de Deus não se faz por gestos grandiosos, como temos em muitos santos, mas
pela simplicidade de vida dedicada e carregada como uma cruz seja nos
trabalhos, seja nos sofrimentos. Ela se faz de modo particular através das
pequenas coisas de cada dia. São os santos do silêncio da vida. Só Deus sabe o
que passam e o que sofrem. Quanta gente dedicada aos irmãos no escondimento.
São pais e mães que lutam pela sobrevivência da família. São aqueles que se
entregam a missões de cuidado dos necessitados. São aqueles do silêncio ou da
atividade pela vida do mundo.
Felizes todos vós
Jesus já deu a receita desse
caminho simples da santidade quando, reunindo em torno de si seus discípulos,
fez o discurso das bem-aventuranças. Ali está a síntese de tudo de bom que o
ser humano pode fazer. É a felicidade dos filhos na casa do Pai. Jesus é o
modelo acabado desse projeto de santidade. São as bem-aventuranças. É caminho
de todo aquele que busca Deus. Esse caminho está direcionado a Deus, mas passa
pelo irmão. Todo homem e mulher podem realizá-las em sua vida. Compreendemos
que Jesus está a dizer: “Façam como eu faço”. É necessário um grande exercício
de purificação de nossa vida espiritual, pois está eivada de inutilidades. Para
fugir do compromisso com a humildade, foram criados, ao longo da história
tantos métodos de espiritualidade, fórmulas religiosas, modelos ricos de
reflexão, mas vazios desse ensinamento de Jesus. Nossa fé fica vazia quando a
fazemos fora desse natural cristão. Insistem-se nas longas horas de oração, nas
penitências até violentas e textos complicados de reflexão espiritual. Santa
Teresinha o descobriu como a pequena via, mas cheia de vida. As oito bem aventuranças
são outros tantos nomes do amor. O Papa Francisco é um modelo dessa
simplicidade.
Somos filhos de Deus
Justifica-se esse ensinamento de
Jesus quando lemos a carta de S. João dizendo que somos filhos de Deus. Se
somos filhos, estamos na mesma condição de Jesus que é o Filho amado do Pai.
“Quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a Ele porque O veremos tal
como Ele é” (1Jo 3,2). Seremos se tivermos sido
semelhantes a Ele na prática do Evangelho. Notamos que as palavras do Evangelho
não são o caminho do cristão. Buscam-se outras coisas porque não nos
comprometem. O amor não é pesado nem difícil, mas empenha a vida em sua
totalidade, como foi para Jesus que foi até o extremo do amor. E por isso mesmo
Ele foi pregado na cruz. A cruz não é a dor, mas o amor.
Leituras: Apocalipse 7,2-4.9-14;Salmo 23; 1João
3,1-3; Mateus 5,1-12
Ficha:
nº 1906 - Homilia de Todos os Santos (03.11.19)
1. Santo Afonso dizia que todos podem
ser santos na condição em que vivem.
2. Nas bem-aventuranças está a síntese
de tudo de bom que o ser humano possa fazer.
3. O amor não é pesado nem difícil, mas
empenha a vida
Receita
de Jesus
Hoje
em dia tem receita pra tudo. Jesus não ficou para trás. Não só traz uma receita
para a vida em Deus, mas o único caminho para chegar ao Céu. A receita é boa
porque traz tudo que é preciso para ser completa. Todas as receitas têm algo de
bom. Mas, as bem-aventuranças têm tudo para a vida ser plena e sadia. Jesus
toca o essencial.
Muita gente e mesmo
santa propôs muitos caminhos de santidade. Certo que contém muito do essencial.
Mas os aprendizes pegam só detalhes. Dá-se a impressão que as Sagradas
Escrituras não são a base da vida. Sem isso, não conseguimos. Jesus apresenta a
receita completa para a felicidade.
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