Pe. Luiz Carlos de Oliveira Redentorista |
“Permanecendo
firmes vencereis”
Coisas pavorosas
Como é costume
entre os católicos, a reflexão do final do ano litúrgico é acompanhada dos
discursos sobre o fim dos tempos. Usa a linguagem difícil que se chama
apocalíptica. Esse tema agrada muito a quem gosta de mistério. Perdemos o
sentido da esperança que foi infundido em nossos corações pela fé em Jesus.
Para nós não existe o fim, mas o início do tempo definitivo. Além do mais,
todos os sinais de fim de mundo, que são relatados, têm acontecido em todos os
tempos e não foi o fim. Percebemos que Jesus quer nos relatar a vinda
permanente do fim. Mas essas narrativas não perdem seu sentido. Dentro das
revelações sobre o fim, há o aviso de Jesus sobre a perseguição dos justos.
Antes do fim, os cristãos serão perseguidos. Atualmente as perseguições são
muito maiores. Morrem mais mártires que nos tempos romanos. O cristão tem uma
palavra tão forte que os perseguidores não têm como rebater: a palavra do
Espírito Santo que fala em nós. Podemos assim anunciar a vida que dura para
sempre. E para chegar lá, o profeta Malaquias diz: “Para vós que temeis o meu
nome, nascerá o sol da justiça, trazendo a salvação em suas asas” (Ml
3,20ª).
Essa certeza torna sereno o temporal previsto para o fim. Podemos encontrar
grupos e pessoas religiosas de nossos grupos que querem fazer espetáculo e
ficam criando datas para o fim. Nem o Filho de Deus sabe. Por que? Para que
saber? O Pai é quem sabe de seus tempos. Mas quer que seus filhos possam viver
intensamente o fim, como uma vida nova que se aproxima.
Falsos profetas
“Cuidado para não serdes
enganados, porque muitos virão em meu nome dizendo ‘Sou eu’ e ainda: ‘O tempo
está próximo’. Não sigais essa gente! Quando ouvirdes falar de guerras e
revoluções, não fiqueis apavorados’” (Lc 21,8-9). Jesus prevê e
previne os seus contra os que conturbam as comunidades com pregações
apavorantes. Os falsos profetas também são os pregadores ou orientadores que ensinam
doutrinas pessoais ou ideologias políticas como se fossem verdades de fé. Assim
atraem muitos. Pedro em sua carta alerta: “Haverá entre vós falsos mestres que
trarão heresias perniciosas, negando o Senhor que o resgatou... muitos seguirão
suas doutrinas dissolutas e por causas deles o caminho da verdade cairá em
descrédito. Por avareza, procurarão, com discursos fingidos, fazer de vós
objeto de negócios” (2Pd 2,1-2). No correr da
história, a Igreja foi vítimaq desses tipos que desviaram muitos, até nações
inteiras. Vemos, ainda hoje, os mesmos exploradores do povo se enriquecendo à
custa das falsas doutrinas. O povo é muito tapeado.
A Redenção está próxima
Paulo suspirava
muito para estar com Cristo (2Cor 5,8), mas sabia
igualmente de sua missão de continuar a evangelizar. Ele tem a expectativa de
uma volta imediata de Cristo (1 Ts 4,17). Mas sabe
organizar a vida da comunidade numa atividade para o próprio sustento. Ele
próprio se sustentava e tinha até uma profissão: fabricante de tendas (At
18,3).
Esperar a volta do Senhor é viver bem na comunidade, trabalhado. Nada de
ociosidade. Para que trabalhar, se o Senhor vai voltar logo? Paulo responde:
quem não quer trabalhar também não deve comer (1Ts 3,10). Usa a expressão: “Estão muito ocupados
em não fazer nada”. E exorta: “Ordenamos e exortamos a estas pessoas que,
trabalhando, comam na tranquilidade seu próprio pão” (Id
11.12).
O discurso apocalíptico de Jesus se assenta muito bem para uma comunidade que vive
intensamente sua vida na serenidade do trabalho.
Leituras: Malaquias 3,19-20ª; Salmo 97; 2 Tessalonicenses 3,7-12; Lucas 21,5019.
Ficha
nº 1910 - Homilia do 32º Domingo Comum (17.11.19)
1. Jesus quer nos relatar a vinda
permanente do fim e não descrever como vai ser.
2. A Igreja foi vítima de falsos
profetas que desviaram muitos, até nações inteiras.
3. Esperar a volta do Senhor é viver bem
na comunidade, trabalhando.
O mundo vai acabar
Jesus fez um discurso que
assustou muita gente. Assustar vai ser quando as coisas começarem a acontecer.
Até que não vai assustar muito, pois a situação do mundo sempre foi muito
calamitosa. Há gente que gosta desse tipo de sermão. Quantas vezes ouvimos desses
que o mundo vai acabar logo. E já faz tempo que estão prometendo. Mas nada
acontece. No início da Igreja se esperava o fim do mundo para logo. Mas o logo
não chegou. Então esse assunto parece que morreu.
Falar
do fim não é jogar pedra no futuro, mas ver no presente como construímos nossa
vida, como um sempre presente no Senhor. Não vivemos um mundo que se acaba, mas
um mundo que se constrói. Paulo nos ensina a comer nosso pão com tranquilidade.
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