Pe. Luiz Carlos de Oliveira Redentorista |
“Já
é hora de despertar”
Ficai preparados
No
Advento, o Ano Litúrgico continua a chamada para a segunda vinda do Senhor. Esse
mistério estimula a Igreja a caminho. Em toda a missa clamamos: “Vinde, Senhor
Jesus”. Esperamos sua vinda e clamamos por ela. Jesus, quando vier, nos
encontrará reunidos cantando seus louvores. A fraternidade é o campo fértil
onde se alimenta a esperança da vinda do Senhor. Não será um terror, mas a
expressão mais profunda do amor de Deus que vai glorificar os resgatados por
Cristo (Lc 21,28). A preparação não é somente uma espera, mas uma
vida cheia de boas obras. Não basta a fé. A fé sem obras é morta (Tg
2,17).
É preciso esperar na fé operante pela caridade (Gl 5,6). Estejamos
preparados porque a vinda será repentina. Não liguemos a segunda vinda somente
a um fato do fim dos tempos, mas ela está presente no dia a dia, nas realidades
práticas da vida. Paulo diz: “Procedamos honestamente como em pleno dia” (Rm
13,13).
A atitude que Paulo sugere, refere-se às coisas da vida: “Nada de comilança,
bebedeira, nem orgias sexuais e imoralidades, nem brigas nem rivalidades” (Id). O altíssimo
ensinamento recai sobre as coisas da vida, no ser humano situado. Viver
intensamente é a orientação para viver com serenidade no concreto da vida.
Existe a grande tentação de ateísmo prático. Deus não tem lugar nas coisas da
vida. Por isso Paulo insiste: “Vós sabeis em que tempo estamos, pois já é hora
de despertar. Com efeito, agora a salvação está mais perto de nós do que quando
abraçamos a fé” (Rm 13,11).
Revestir-se do Senhor Jesus
Paulo
insiste com dois termos na realidade de revestir-se de Cristo: “Despojemo-nos
das ações das trevas e vistamos as armas da luz... procedamos honestamente como
em pleno dia... Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo” (Rm
13,12,14).
Isso se realiza quando “com as boas obras ao encontro do Cristo que vem” (oração
da coleta).
Por
isso temos a insistência sobre a dupla vinda de Cristo: “Revestido de nossa
fragilidade, Ele veio a primeira vez para realizar seu eterno plano de amor e
abrir-nos o caminho da salvação. Revestido de sua glória, Ele virá uma segunda
vez, para conceder-nos em plenitude, os bens outrora prometidos que hoje, vigilantes
esperamos” (Prefácio). A oração pós-comunhão sintetiza
o ensinamento: “Fazei que os vossos mistérios nos ajudem a amar agora o que é
do céu e, caminhando entre as coisas que passam, abraçar as que não passam”. É
sempre a tenção ao presente e a tensão ao futuro que é repentina. Lembramos que
a esperança é a virtude que coloca a fé na prática da caridade. Ela é certeza:
“A esperança é qual âncora da alma, segura e firme, penetrando para além do véu
onde Jesus entrou por nós, como precursor...” (Hb 6,19).
Transformação do mundo
Isaías
lembra a atração que Deus exercerá sobre todos os povos. Ele localiza o polo de
atração no monte do Senhor (Monte Sião) que estará no
ponto mais alto do mundo. Para ele acorrerão todas as nações (Is
2,2-3).
Esse monte é Cristo e seu Evangelho. Ele é quem exerce essa atração. Atração não somente espiritual, mas
transformadora: “Os povos transformarão suas espadas em arados e suas lanças em
foices” (Is 2,4). Paulo conclama: “Despojemo-nos
das ações das trevas e vistamos as armas da luz” (Rm
13,13).
Um cristianismo sem conteúdo gera obras mortas. A transformação do mundo vai do
coração às atitudes. A fé pode transformar o mundo e preparar a gloriosa vinda
do Senhor. O salmo retrata a alma dos peregrinos em caminhada para a Jerusalém
terrestre, símbolo da Jerusalém celeste.
Leituras: Isaías 2,1-5;Salmo 121;Romanos 13,11-14ª;
Mateus 24,37-44
Ficha
nº 1914 - Homilia do 1º Domingo do Advento (01.12.19)
1. A fraternidade é o campo fértil onde
se alimenta a esperança da vinda do Senhor.
2. A esperança é a virtude que coloca a
fé na prática da caridade.
3. Ele é quem exerce essa atração. Atração não somente espiritual, mas
transformadora.
Esperando o trem
Numa terra aonde os ônibus e
trens, nem sempre chegam na hora, ficamos sempre esperando para qualquer
momento. Se sairmos de perto poderemos perder, pois, chegará justo naquele
momento. Quanto esperamos e não chegou!
Assim
vai ser o fim dos tempos. Somos exigidos a estar sempre alerta para que não
haja nenhum desgosto. O Senhor virá a qualquer momento. Os primeiros cristãos,
inclusive São Paulo, contavam com uma vinda iminente. Assim se organizou a vida
da Igreja. A noite foi sempre o momento propício para se ficar em oração de
espera, como nos conta a parábola das dez virgens. Ao grito “Eis que chega o
esposo”, tudo deve estar pronto.
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