Pe. Luiz Carlos de Oliveira Redentorista |
“Manifestação aos pastores”
Povo de Deus
A celebração do
Natal nos traz uma riqueza muito grande de ensinamentos. Jesus nasce em um povo
que de séculos esperava o Messias prometido. Estava até descrito o lugar: “E
tu, Belém... de ti sairá um que será o guia que apascentará Israel, o meu povo”
(Mt
2,6).
Nasce rodeado dos privilegiados de Deus: “É o resto de Israel que permaneceu
fiel a Deus”. Belém é a cidade de Davi, colocando assim Jesus recém nascido na
linha real, conforme a promessa feita a Davi (2Sm
7,16). Os
pastores eram os últimos. Esses, chamados de resto, foram os que permaneceram
fiéis a Deus, pois só Nele podiam por sua esperança. Os pastores recebem a
notícia: “Nasceu para vós um Salvador, o Cristo Senhor” (Lc
2,11).
Senhor significa Deus. O que nasce é Divino. Maria e José faziam parte desses
fiéis. Nazaré, onde viviam, estava fora do circuito. De lá não vinha nada bom,
como disse Natanael e como disseram os fariseus (Jo 1,46
e 7,41).
Não é uma posição política, mas profundamente nascida do coração de Deus que
escolheu os fracos, pois é seu defensor. A visita aos pastores, no campo, fora do
ambiente do templo e da sinagoga abre uma visão da missão do Messias. Deus não
despreza os poderosos, mas tem que assumir sozinho o cuidado dos abandonados. Aqueles
não entenderam que o que receberam de Deus era para ser multiplicado em bem de
todos. O poder e a riqueza bloqueiam a graça. As atividades terrenas podem
obstruir o alegre anúncio.
Nascido de uma
mulher
Jesus nasce de
Maria. Quando o Anjo Gabriel faz o anúncio, diferentemente, ele se dirige
diretamente à mulher, não ao homem. Por que? É a grande dignidade da mulher decidir
a entrada de Deus no mundo. O pecado veio por Eva e a Graça por Maria. Vemos
que José é dado como responsável, como esposo legítimo, tanto pela Mãe como
pelo Filho. Já dizemos que pai é aquele que cria. Maria, assumindo a
maternidade, entra em uma dimensão humana diferente, pois, não é somente mãe de
uma criança, mas de uma criança que é Deus, o Filho Divino. Por isso pode e
deve ser chamada Mãe de Deus. Se dissermos diferente, negamos a Divindade de
Jesus. Perde-se todo o sentido de Salvador, pois Ele nos salva como Deus, na
condição humana. Nele está a salvação. Não podemos ver na Santíssima Virgem
Maria só os dons, mas o modelo acabado do fiel redimido. Ela se torna o modelo
de definição por Deus, acolhendo sua vontade de Deus, participando de seu
desígnio de salvação. “Ela conservava tudo em seu coração, meditando (Lc
2,19)”
Ele é o cofre onde se guardam os tesouros de Deus. Dali ela tira tudo para a
formação de seu Filho. A educação de Jesus não foi feita de milagres, mas de
carinho de Mãe que colheu as riquezas de Deus em sua missão e transmitiu ao
Filho e agora a nós os filhos.
Bênção que
permanece
O Senhor ensinou
a Moisés a abençoar o povo. O povo gosta de bênção. Assim o povo pode caminhar
com a certeza da presença de Deus: “O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça
brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti. O Senhor volte para ti o seu
rosto e te dê a paz” (Nm 6,24-27). Mais que
derramar bênçãos, o Senhor se manifesta e mostra seu rosto. Ser abençoado é ter
Deus que está voltado para nós. Queremos mais? Sua face e seu rosto estão
voltados para nós. É o Deus Mãe que está atenta ao filho pequeno. Por isso a
criança tem tanta liberdade em suas ações. “Tem quem cuida de mim”. Vemos o
salmo do bom pastor. A bênção que fica conosco são os olhos do Senhor que ama.
Leituras
Números 6,22-17; Salmo 66; Gálatas 4,4-7; Lucas 2.16-21
Ficha nº 1923 -
Homilia da Solenidade da Mãe de Deus (01.01.20)
1. A visita aos
pastores, fora do ambiente do templo abre uma visão da missão do Messias.
2. Não podemos
ver em Maria só os dons, mas o modelo acabado do fiel redimido.
3. Ser abençoado
é ter Deus que está voltado para nós.
De pequenino...
Jesus na
manjedoura dá a maior lição da grandeza do ser humano: Grande em qualquer
situação. Não é a casca que conta, mas a grandeza da semente que há. Dali em
diante, Jesus, continuamente traz a lição do berço. O que aprendeu no berço,
cocho dos animais, será sua vida. Muda o cocho, mas o coração é o mesmo. Ele
sempre esteve com os pequenos.
A idéia do tempo do Natal é
justamente ver nas pequenas coisas um presépio no qual se manifesta a grandeza
de Deus que é amor.
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