Pe. Luiz Carlos de Oliveira Redentorista |
“Feliz
o Homem”
Lei no coração
Depois de apresentar a identidade
do cristão nas bem-aventuranças e sua missão de ser sal e luz, Jesus descreve
como deve ser o coração de cada discípulo. E, dizendo que não veio abolir nem a
lei e nem os profetas, propõe o modo perfeito de viver os mandamentos de Deus (Mt
5,17).
Não basta uma obediência exterior, mas é necessário que vá até o íntimo de sua
vida. Esse discurso de Jesus vai além de todo pensamento que imperava na
maneira de os judeus viverem sua fé. Jesus leva a lei à sua perfeição. Toca em
pontos centrais, como o respeito à vida, ao amor e à verdade. Não basta não
matar, é preciso tratar as pessoas com carinho e respeito. O adultério não pode
ser visto apenas como um ato, mas chega ao coração. A observância desse
mandamento deve ser total. O juramento que garante a verdade deve ser completo.
A falsidade não tem lugar no coração de seu discípulo. Trata-se de uma
identidade cristã. Assim se é cristão. A justiça, isto é, a vida de Deus em
nós, deve estar no interior e envolver a pessoa toda. O cristão o é em
totalidade. Assim se pode estabelecer a vida da Igreja que se sustenta na
obediência dos mandamentos. A leitura da Palavra de Deus não é só recitação de
um texto, mas vai ao mais profundo do ser humano. Ali se aninha e gera o homem
novo feito à imagem de Deus. Lemos na oração: “Deus, que prometestes permanecer
nos corações sinceros e retos, dai-nos viver de tal modo que possais habitar em
nós”. O coração humano é o sacrário de
Deus. O salmo nos faz rezar: “Dai-me o saber, e cumprirei vossa lei e de todo
coração a cumprirei” (Sl 118).
Escolhas fundamentais
Deus
não obriga ninguém a nada. Tudo está na livre escolha. Não existe destino, nem
conjunção de astros, nem pragas etc... Existe a opção pessoal destinada a
orientar os nossos caminhos. O que escolho encaminhará minha vida. Deus não
manda o homem pecar: “Não mandou ninguém agir como o ímpio e a ninguém deu
licença de pecar” (Eclo 15,21). Usamos muito a
pergunta: “Por que Deus deixou acontecer isso comigo ou com alguém?” Podemos
ver que sempre há uma razão humana por trás. E culpamos a Deus por nossos
males. Quem pouco conhece a Deus, O julga. O Salmo nos ensina: “Oxalá seja bem
firme minha vida em cumprir vossa vontade e vossa lei!”(Sl
118).
Seremos felizes se cumprimos os mandamentos com todo nosso coração. Os
mandamentos não são preceitos impositivos criados pela mão humana. São uma
síntese de tudo que se refere ao relacionamento com Deus e o relacionamento com
o próximo. Eles são setas indicativas dos bons caminhos e dos bons resultados
para nossa vida. Por isso Jesus os leva até o mais íntimo de nós. Jesus os
resume todos na lei do amor. Santo Agostinho ensina: “Ama e faze o que
quiseres”.
Preparado para os que amam
Paulo falando da misteriosa
sabedoria de Deus nos ensina o bom resultado da vida de acordo com os
mandamentos: “O que Deus preparou para os que O amam é algo que os olhos jamais
viram nem os ouvidos ouviram, nem coração jamais pressentiu. Deus nos revelou
esse mistério através do Espírito” (1Cor 1,9). Vivendo os
mandamentos no coração estaremos em posse de um magnífico mundo novo em Cristo.
Desde já, não num futuro nebuloso. As
alegrias do Espírito nos revelam as profundezas de Deus. Por isso é o momento
de revisar nossa vida. Não numa neurose de perfeccionismo, mas na perfeição do
amor. Somos chamados a apresentar as belezas da fé que se manifesta em toda
nossa vida.
Leituras: Eclesiástico 15,16-21;Salmo 118;
1Coríntios2,6-10;Mateus 5,20-22ª.27-28.33-34ª.37
Ficha
nº 1936 - Homilia do 6º Domingo Comum (16.02.20)
1. Não basta uma obediência exterior,
mas é necessário que vá até o íntimo de sua vida.
2. Seremos felizes se cumprimos os
mandamentos com todo nosso coração.
3. Vivendo os mandamentos no coração teremos
um magnífico mundo novo em Cristo.
Manda
não
Quando falamos de mandamentos
pensamos logo em cercas de arame farpado, proibições, cobranças etc... Não é
bem assim. Deus não manda, oferece. Quer saber se uma religião é verdadeira, ou
se o modo que vivemos é o correto, é ver as muitas proibições que as pessoas
fazem. É uma doença comum nas comunidade:s os donos da verdade que só aprontam
sobre os fracos.
Pessoalmente
temos que ver se nossa obediência nasce do coração ou do perigo de uma lei que
faz cobrança..
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