Pe. Luiz Carlos de Oliveira Redentorista |
“Caminho
do Paraíso”
A vitória sobre o mal
Conduzidos
pelo Espírito Santo, como Jesus, iniciamos o tempo da Quaresma. Há um caminho a
ser feito e uma espiritualidade a alimentar neste tempo santo. Não podemos
correr o risco de ficar na periferia e não ir ao essencial. A Quaresma é um
sacramento que leva à graça dos gestos que realizamos. Acompanhamos Jesus em
sua caminhada e tentação no deserto. A espiritualidade do deserto é muito rica.
O deserto é lugar da tentação, mas também do Espírito. Abrimos esse tempo de
deserto como viveu o povo, como viveu Jesus e como vivemos nós no deserto da
vida. Ali é o lugar da tentação, do pecado e da vitória. Há necessidade do deserto,
pois é o próprio Espírito que impulsiona. Não há necessidade de muita areia
para fazer um deserto. Estamos sempre a sós diante de Deus. Lembramos Jacó que
entrou em luta com Deus (Gn 32,22-32). Lutar com Deus
é entrar na tentação. Tanto para Cristo como para nós, ela atinge nossas
dimensões e desejos. A tentação dura a vida toda. Vencê-la significa seguir
Jesus nas opções fundamentais da vida. Mesmo que o pecado nos envolva, a força
do Espírito que nos conduz, leva-nos ao desapego dos bens, do prazer e do
poder. O pecado não é um beco sem saída. A tentação nos faz fortes, pois nos
adestramos pelas vitórias. Paulo diz que o pecado entrou no mundo (Rm
5,12).
Adão não venceu a tentação e fechou o paraíso. Jesus venceu e abriu a todos as
portas do Paraíso. Deus o abre, mas o caminho está repleto de perigos e
tentações. Podemos vencer, pois Jesus já nos deu o exemplo vencendo a luta pelo
poder, a sede do prazer e ânsia pelo o ter.
Caminho de deserto
No
deserto o povo se educou para entrar na terra prometida. Nós nos educamos para entrar na terra
conquistada por Jesus, que é nossa Páscoa. A Igreja nos oferece muitos meios
para atravessar esse deserto: a Palavra de Deus abundante, o Pão do Céu, o
estímulo à caridade e o empenho no desapego fazendo jejum dos males que nos
atentam. O povo de Deus foi libertado da escravidão do Egito. Mas, para entrar
na terra prometida, teve que ouvir Deus que lhe falava, desapegar-se dos falsos
deuses e acolher seu amor sempre presente. Os falsos deuses são identificados
nas três tentações que Jesus passou. O processo de educação no deserto foi
tirar as falsas seguranças e dar a certeza da presença de Deus que conduz,
alimenta com o maná e dá a água tirada da pedra. Deus fechou o paraíso
terrestre, mas abriu o novo em Jesus que é o novo Adão. Na Quaresma refazemos
simbolicamente o deserto, como os milagres que Jesus fez. Ela é um momento de
aprendizado para vivermos como povo em caminho à terra prometida onde
celebramos a Páscoa. Depois que entrou na Terra Prometida, o maná parou de cair
do céu. A vida não se faz de milagres, mas do milagre da fraternidade. Essa foi
a vida de Jesus.
Vitória da Páscoa
Jesus mesmo começou sua pregação
convocando à conversão. Anunciava a chegada do Reino. O convite à penitência é
para voltar sempre o coração a Deus, tirar o que é obstáculo à graça e nos
dedicar aos necessitados. Há gente sofrendo por toda parte. A Páscoa acontecerá
quando atravessarmos bem esse deserto. A espiritualidade quaresmal nos
alimenta. As antigas tradições desapareceram. É um convite a não ficarmos no
exterior, mas nos voltarmos para o sentido mais profundo que é caminhar com
Cristo como o mesmo amor que Ele teve ao subir o Calvário. Temos certeza que a
graça nos conduz ao Paraíso. A celebração da Páscoa é o prenúncio desse paraíso.
Leituras Gênesis
2,7-9;3,1-7; Salmo 50; Romanos 5,12.17-19; Mateus 4,1-11
Ficha
nº 1940 - Homilia do 1º Domingo da Quaresma (01.03.20)
1. Acompanhamos Jesus em sua caminhada e
em sua tentação no deserto.
2. Nós nos educamos para entrar na terra
conquistada por Jesus, que é a Páscoa.
3. O convite desse tempo à penitência é
para voltarmos sempre a Deus nosso coração.
Cobrinha
danada!
Lendo
a história do pecado, encontramos a figura da cobra. Como pode a mulher
conversar com esse bicho sem o mínimo medo? A tentação é perigosa, mas vem de
mansinho, com conversa mole. A cobra já foi deus em certas culturas. O culto
era dos mais safados. A cobra envenenou tudo.
A
tentação tem a mesma mentalidade: mansinha, conversa mole, mentira... como
fugimos das cobras, fugimos das tentações.
Todas as tentações são boas. Ninguém tem tentação de subir um morro
carregando um saco de cimento. A virtude sempre exige um esforço e
persistência.
Começando
a Quaresma, temos que praticar o encantamento de serpentes. Assim as dominamos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário