Pe. Luiz Carlos de Oliveira Redentorista |
“Abristes
as portas da Eternidade”
Vencedor da Morte.
Retomando a celebração da Vigília
Pascal, compreendemos como desde a criação, Deus nos amou e nos ofereceu a
participação de sua vida. Ele nos criou para nos elevar à condição de filhos. Na
Páscoa de Jesus tudo chegou à sua realização plena. Os textos das leituras
mostram o caminho da história da salvação realizada. Passamos pela criação,
pelo sacrifício de Isaac, pela passagem do Mar Vermelho, pelas profecias,
culminando com o canto do Glória que anuncia a Ressurreição. No evangelho da
Ressurreição se proclama de modo solene o Aleluia. Numa grande ação de graças
podemos ouvir o anúncio dos anjos às mulheres: “Ele não está aqui, ressuscitou
como disse” (Mt 28,5-6). Ao anúncio de
Madalena, Pedro e João correm ao túmulo. Vêem as faixas no chão. Pedro viu,
João viu e acreditou. Ele está vivo. “Não tinham ainda compreendido a Escritura
que Ele deveria ressuscitar” (9). As mulheres
foram embalsamar um defunto. A fé nos mostra um Vivo, o vencedor da morte. Isso
é fundamental para nossa fé. Jesus não é uma saudade. É uma memória viva que
transforma. Ele abre para nós as portas da Eternidade. O homem não está mais
sob o poder da morte, mas da vida. Não morremos, passamos para a Vida. Os
discípulos, depois de Pentecostes puderam compreender totalmente o sentido
dessa morte e dessa vida. A fé na Ressurreição leva ao anúncio que Ele foi
constituído como Juiz dos vivos e dos mortos. Todo aquele que crê em Jesus
recebe, em seu nome, o perdão dos pecados, disse Pedro na casa de Cornélio (At
10,42-43),
Renovados pelo Espírito
Ao anunciar Jesus na casa de
Cornélio houve efusão do Espírito, como no dia de Pentecostes (At
10,44).
No dia da Ressurreição, Jesus aparece aos discípulos lhes confere o Espírito.
Esse dom do Espírito está unido ao envio: “Como o Pai me enviou, Eu vos envio.
Dizendo isso, soprou sobre eles e disse: Recebei o Espírito Santo. Aqueles a
quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados” (Jo
20,21-23).
O envio supõe a renovação total do discípulo feita pelo Espírito. Cada
celebração de nossa fé sempre dá o Espírito. A celebração da Páscoa é já uma
convocação do Espírito para que juntos, como Igreja, nos abramos a sua ação.
Jesus soprou sobre os apóstolos (Jo 20,22) como Deus “soprara
nas narinas um hálito de vida e o homem se tornou um ser vivente” (Gn
2,7).
Não é só um compromisso de prestar culto a Deus, mas um permanente compromisso
de Deus de nos dar seu Espírito para a permanente renovação. Não podemos
separar Ressurreição de Pentecostes, pois foi para nos dar a Vida que morreu e
ressuscitou. É o próprio Espírito que realiza essa transformação em nós, para
vivermos o mistério celebrado,
Ressuscitamos para uma vida nova
Celebrar é também levar a fé à
vida. Não é possível celebrar a fé sem que ela corresponda na vida. Por isso
Paulo escreve aos Colossenses: “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por
alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus;
aspirai às coisas celestes e não às terrestres” (Cl
3.1-2);
aspirar às coisas celestes é justamente viver a mesma caridade que Cristo teve
ao se entregar à morte por nós. A caridade é o Céu na terra. Um dia nós seremos
revestidos de glória (4). Todo empenho
quaresmal é a mudança de mentalidade e de atitudes. Não bastam a fé e as
orações. A festa começa aqui na alegria do encontro com o Ressuscitado. Mas
continua em nossa ressurreição. “Esse é o dia que o Senhor fez para nós,
alegremo-nos e nele exultemos”
Leituras: Atos 10,34ª.37-43; Salmo 117; Colossenses
3,1-4; João 20,1-9
Ficha
nº 1952 - Homilia da Páscoa (12.04.20)
1. Jesus não é uma saudade. É uma
presença viva que transforma.
2. O envio supõe a renovação total do
discípulo feita pelo Espírito.
3. Não é possível celebrar a fé sem que
ela tenha uma correspondência na vida.
Sumiu
Lendo as narrativas da
Ressurreição, percebemos o alvoroço que deve ter sido. Deve ter havido gente se
trombando. Era muito para aqueles simples homens e mulheres. Ver Jesus
novamente deve ter sido fascinante. A dor de ver seu sofrimento e agora o susto
de ver um defunto que sumiu. E não era mais defunto. Estava vivinho. Imagine os
olhos deles sorrindo de alegria e susto. Aquelas almas simples devem ter pirado
de satisfação.
Como
seria bom se a gente entendesse o que é a Ressurreição. Acho que nosso Jesus
não saiu da cova, ou pior, sumiu. Isso por nossa opção.
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