Pe. Luiz Carlos de Oliveira Redentorista |
“Recebei
o Espírito Santo”
Os pecados serão perdoados
No dia da
Ressurreição, no primeiro dia da semana, Jesus se manifesta aos discípulos pela
primeira vez. Temos o primeiro “resultado” dessa grandiosa manifestação de Deus:
o Dom do Espírito. Mas não foi em Pentecostes? É tudo um único mistério. João
mostra a íntima ligação da missão de Jesus e o Espírito. É o Espírito, dado por
Jesus, em seu Mistério de Morte e Ressurreição, que efetuará tudo o que Deus
nos ofereceu Nele. É o tempo do Espírito. É bom notar que promoverá a remissão
dos pecados. Esse poder que foi dado aos homens. Esse perdão não é somente uma
confissão ritual e sem compromissos com a fé, mas é a reconciliação universal.
A partir da fé, isto é, da aceitação de Jesus como o Redentor. Aqui temos a
narrativa da profissão de fé de Tomé. Estando ausente na primeira aparição de
Jesus, não quis acreditar e quer tocar para crer. Na segunda aparição o apóstolo
incrédulo é chamado por Jesus para ser fiel. E afirma: “Felizes os que creram
sem ter visto”. Pela ação do Espírito, a fé não exige tocar, mas crer, o que
age com total realidade. Muito mais que tocar. O toque humano não pode
sustentar a fé. Quem sustenta a fé é o Espírito do Ressuscitado. “Esses sinais
(milagres) foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de
Deus, e, para que, crendo, tenhais a vida em seu nome”
(Jo 20,31). A
vida do Ressuscitado nos é dada pelo Espírito quando nos abrimos à fé. Crer é
aceitar e fazer a vida segundo o ensinamento de Jesus que nos é transmitido
interiormente pelo Espírito.
Guardados para a salvação (1Pd
1,5)
O Espírito nos é
dado em abundância. Dissera Jesus: “Rios de água viva brotarão de seu seio. Ele
falava do Espírito Santo que deviam receber os que nele creem” (Jo
7,38).
A doação do Espírito age naquele que crê com imensas riquezas: “O Pai de nosso
Senhor Jesus Cristo, em sua grande misericórdia, pela ressurreição de Jesus
Cristo dentre os mortos, ele nos fez renascer para uma herança incorruptível...
Sem o ter visto, vós o amais. Sem o ver, vós Nele acreditais. Isso será para
vós fonte de alegria indizível e gloriosa, pois obtereis aquilo em que
acreditais: a vossa salvação” (1Pd 1,3-4.8-9). O Espírito
“soprado” sobre os discípulos dá vida ao homem novo, como na criação Deus
soprou sobre o barro que se tornou alma vivente (Gn 2,7). Soprando sobre
os discípulos no dia da Ressurreição passa o Espírito Santo para a vida nova que
recebe do Pai depois de ter passado pela morte. Essa vida nova é o próprio
Espírito. Ele nos dá todos os dons. Com Ele nos foram dados todos os dons. Isso
nos faz compreender as palavras: “guardados para a salvação”. São dons que
salvam. Por isso temos que recusar atitudes mesquinhas usando o Espírito para dons.
Viviam unidos
O dom do Espírito constitui a
comunidade. Não somos salvos sozinhos, mas em comunhão. Logo a seguir a
Pentecostes, com as primeiras conversões, temos a descrição da comunidade. A
comunidade é fruto do Espírito que reúne: “Eles se mostram assíduos ao
ensinamento dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações” (At
2,42).
O dom é Divino e espiritual, mas age nas condições humanas. Os apóstolos
continuaram como eram, transformados pelo Espírito que receberam. Espírito gera comunhão, pois é nela que
encontramos a Palavra Viva, a Eucaristia, o amor fraterno e a comunhão com
Deus. Celebrar o segundo domingo somente como uma devoção à misericórdia, pode
desvirtuar a riqueza pascal presente nesse domingo.
Leituras: Atos 2,42-47; Salmo 117; 1 Pedro 1,3-9;Jo
20,19-31.
Ficha
nº 1954 - Homilia do 2º Domingo da Páscoa (19.04.20)
1. Pela ação do
Espírito, a fé não exige tocar, mas crer, o que age com total realidade.
2. O Espírito dá
vida ao homem novo, como na criação, Deus soprou sobre o barro que se tornou alma vivente.
3. O dom do
Espírito constitui a comunidade.
Cutucar
não resolve
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