domingo, 19 de abril de 2020

Recebei o Espírito Santo - Refletindo a Palavra - Padre Luiz Carlos

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
“Recebei o Espírito Santo”

Os pecados serão perdoados
No dia da Ressurreição, no primeiro dia da semana, Jesus se manifesta aos discípulos pela primeira vez. Temos o primeiro “resultado” dessa grandiosa manifestação de Deus: o Dom do Espírito. Mas não foi em Pentecostes? É tudo um único mistério. João mostra a íntima ligação da missão de Jesus e o Espírito. É o Espírito, dado por Jesus, em seu Mistério de Morte e Ressurreição, que efetuará tudo o que Deus nos ofereceu Nele. É o tempo do Espírito. É bom notar que promoverá a remissão dos pecados. Esse poder que foi dado aos homens. Esse perdão não é somente uma confissão ritual e sem compromissos com a fé, mas é a reconciliação universal. A partir da fé, isto é, da aceitação de Jesus como o Redentor. Aqui temos a narrativa da profissão de fé de Tomé. Estando ausente na primeira aparição de Jesus, não quis acreditar e quer tocar para crer. Na segunda aparição o apóstolo incrédulo é chamado por Jesus para ser fiel. E afirma: “Felizes os que creram sem ter visto”. Pela ação do Espírito, a fé não exige tocar, mas crer, o que age com total realidade. Muito mais que tocar. O toque humano não pode sustentar a fé. Quem sustenta a fé é o Espírito do Ressuscitado. “Esses sinais (milagres) foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e, para que, crendo, tenhais a vida em seu nome” (Jo 20,31). A vida do Ressuscitado nos é dada pelo Espírito quando nos abrimos à fé. Crer é aceitar e fazer a vida segundo o ensinamento de Jesus que nos é transmitido interiormente pelo Espírito.
Guardados para a salvação (1Pd 1,5)
           O Espírito nos é dado em abundância. Dissera Jesus: “Rios de água viva brotarão de seu seio. Ele falava do Espírito Santo que deviam receber os que nele creem” (Jo 7,38). A doação do Espírito age naquele que crê com imensas riquezas: “O Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, em sua grande misericórdia, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, ele nos fez renascer para uma herança incorruptível... Sem o ter visto, vós o amais. Sem o ver, vós Nele acreditais. Isso será para vós fonte de alegria indizível e gloriosa, pois obtereis aquilo em que acreditais: a vossa salvação” (1Pd 1,3-4.8-9). O Espírito “soprado” sobre os discípulos dá vida ao homem novo, como na criação Deus soprou sobre o barro que se tornou alma vivente (Gn 2,7). Soprando sobre os discípulos no dia da Ressurreição passa o Espírito Santo para a vida nova que recebe do Pai depois de ter passado pela morte. Essa vida nova é o próprio Espírito. Ele nos dá todos os dons. Com Ele nos foram dados todos os dons. Isso nos faz compreender as palavras: “guardados para a salvação”. São dons que salvam. Por isso temos que recusar atitudes mesquinhas usando o Espírito para dons.
Viviam unidos
              O dom do Espírito constitui a comunidade. Não somos salvos sozinhos, mas em comunhão. Logo a seguir a Pentecostes, com as primeiras conversões, temos a descrição da comunidade. A comunidade é fruto do Espírito que reúne: “Eles se mostram assíduos ao ensinamento dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações” (At 2,42). O dom é Divino e espiritual, mas age nas condições humanas. Os apóstolos continuaram como eram, transformados pelo Espírito que receberam.  Espírito gera comunhão, pois é nela que encontramos a Palavra Viva, a Eucaristia, o amor fraterno e a comunhão com Deus. Celebrar o segundo domingo somente como uma devoção à misericórdia, pode desvirtuar a riqueza pascal presente nesse domingo.
Leituras: Atos 2,42-47; Salmo 117; 1 Pedro 1,3-9;Jo 20,19-31.
Ficha nº 1954 - Homilia do 2º Domingo da Páscoa (19.04.20)

1. Pela ação do Espírito, a fé não exige tocar, mas crer, o que age com total realidade.
2. O Espírito dá vida ao homem novo, como na criação, Deus soprou sobre o barro            que se tornou alma vivente.
3. O dom do Espírito constitui a comunidade.

Cutucar não resolve

                       A gente quando reza costuma ajuntar as mãos. Tomé é diferente, queria usar só o dedo e uma só mão: “Se eu não puser o dedo na marca dos pregos e a mão no seu lado, não acreditarei”. Jesus quer que ele o toque por inteiro, pela fé. Não sejas incrédulo, mas fiel. Tocar com o dedo é ficar por fora. Crer é tocar por dentro, entrar no buraco dos cravos e dentro do lado onde furou a lança. Somente entrando dentro podemos entender a dimensão completa da fé. Não se crê em pedaços, mas assume-se um corpo, como Ele próprio assumiu ao vir a nós em cada Eucaristia, em cada manifestação do amor fraterno que nos leva até Deus.

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