Pe. Luiz Carlos de Oliveira Redentorista |
“Renovação espiritual”
Ressuscitou e apareceu a Simão
Continuamos
no clima do dia da Ressurreição. Os discípulos sentem a tristeza do terrível
fim do Mestre. E, de um momento para o outro, a alegria do reencontro. É o que
relata Lucas na aparição aos discípulos de Emaús. Depois de abrirem seus olhos,
puderam reconhecer Jesus. Com alegria voltam a Jerusalém para dar a notícia.
Jesus também ali se manifestara: “Realmente o Senhor ressuscitou e apareceu a
Simão” (Lc 24,34). Esse texto de Lucas não é só a
descrição de um fato, mas um programa de vida para a comunidade. Dois discípulos estavam em caminho para um
povoado chamado Emaus. Conversam sobre os últimos acontecimentos. Jesus os
alcança e continua o caminho com eles. Estão tristes. Na conversa com eles
ensina a descobrir e entender os acontecimentos a partir da Escritura. Mas, o
maior lugar do encontro é momento de partir o pão. A Ressurreição não é somente
um fato que interessa aos discípulos, mas ela penetra na vida de todos. Ela
continua como processo de vida. Onde vamos encontrar o Ressuscitado? Na
fraternidade do caminhar juntos, na abertura aos sinais dos tempos (comentavam
sobre os acontecimentos da morte de Jesus), nas palavras da Escritura que nos
ensinam a conhecer Jesus e na Eucaristia onde O encontramos. Bela é a expressão
dos dois discípulos quando Jesus faz de conta que vai mais adiante: “Fica
conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando” (Lc
24,28).
Quando percebemos que a noite chega até nosso coração, Ele está presente.
Quando nos aproximamos da Eucaristia, nossos olhos se abrem.
Nosso coração ardia
É
bela a expressão dos discípulos quando Jesus desaparece do meio deles: “Não
estava ardendo o nosso coração quando Ele nos falava pelo caminho e nos
explicava as Escrituras?” (Lc 24,32). Podemos ver
por aí que a presença de Jesus toca nosso interior. O relacionamento com Deus
em Cristo é espiritual, mas não deixa de tocar nossos corações, pois nossa fé e
amor habitam nosso corpo e nosso modo de ser. A atração que exerce sobre nós é
o sinal “vivo” de sua presença permanente em nosso caminhar. Quanto mais nós O
temos, mais poderemos dar o testemunho grandioso que os apóstolos deram no dia
de Pentecostes (At 2,14.22-33). Não só pelo
fato de ser uma testemunha, mas, sobretudo pela força do Espírito presente
neles. Pedro é o primeiro a anunciar a Ressurreição. Ele tinha negado Jesus,
mas recebe uma aparição particular. Os apóstolos farão da Ressurreição o conteúdo
de seu anúncio. Por que as pessoas acreditaram? Porque o mesmo Espírito que
anuncia é o mesmo que leva ao acolhimento da Palavra: Ouvindo a pregação,
“sentiram o coração traspassado e perguntaram a Pedro: Irmãos, o que devemos
fazer?” Pedro respondeu: ‘Convertei-vos, e seja cada um batizado em nome de
Jesus Cristo”’(id 37-38).
Ensinais o caminho da vida
Recebemos o
mesmo Espírito. Não podemos sentir diferença entre os primeiros discípulos que
puderam ver Jesus, e nós. O dom do Espírito e sua ação em nós é a mesma que
marcaram os apóstolos. Por isso podemos rezar: “Vós me ensinais vosso caminho
para a via; junto de vós, felicidade sem limites” (Sl
15).
Esse salmo de certeza da validade da espera é uma leitura dos sentimentos de
Jesus em seu momento de paixão e reflete sua sepultura: “Não haveis de me
deixar entregue à morte, nem vosso amigo conhecer a corrupção”. E vemos o que
nos espera: “Vos me ensinais vosso caminho para a vida, junto a vós felicidade
sem limites, delícia eterna e alegria ao vosso lado” (Sl
15).
Leituras:
Atos 2,14.22-33;Salmo 15; 1Pd 1,17-21;Lucas 24,13-35.
Ficha nº 1956 -
Homilia do 3º Domingo da Páscoa (26.04.20)
1. Quando nos
aproximamos da Eucaristia, nossos olhos se abrem.
2.
Quanto mais nós O temos, mais poderemos dar o testemunho grandioso que os apóstolos deram no dia de Pentecostes.
3. Recebemos o
mesmo Espírito. Não há diferença entre os que viram Jesus, e nós.
Não era conversa mole
Dois discípulos
iam para Emaús. Conversavam sobre o que acontecera com Jesus naqueles dias de
sua Paixão. Comentavam, com muita tristeza. Tudo acabou. Sensação terrível.
Conversavam. Era conversa mole, mas triste demais. Aí um estranho chega e entra
no assunto. O assunto aumentou. Conversa mole.
A conversa pode ser mole, mas é boa.
Entrando no assunto, Jesus fortalece o assunto e leva os discípulos a
compreenderem o que havia acontecido. É bom a gente ver o bom resultado de uma conversa que parecia ser
mole. Agora ela pegou rumo.
Quando chegam à hospedaria, Jesus é
convidado a permanecer com eles. Ao partir o pão eles O reconheceram. Tantas
vezes fizera isso. Estava fixo em seus corações. Ele desaparece. Seus corações
se enchem. Que beleza. Voltam a Jerusalém. Na noite... mas com essa lua
magnífica, a noite virou dia.
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