Pe. Luiz Carlos de Oliveira Redentorista |
“Darei outro Defensor”
Não vos deixarei
órfãos
Jesus sintetiza
durante a santa Ceia, no dizer de João, todo seu ensinamento. Os discípulos
podem Compreender que o Mestre lhes passa, não somente um ensinamento, mas
entrega-se a eles, como fez na Eucaristia. Faz uma grande revelação de Si
mesmo. O evangelho de João concentra o núcleo do ensinamento de Jesus. Dizemos
que Jesus dá o Espírito Santo. Aqui temos a revelação de quem é o Espírito
Santo: “Se me amais, guardareis meus mandamentos, e eu rogarei ao Pai e Ele vos
dará outro Defensor, para que permaneça sempre convoco: o Espírito da Verdade” (Jo
14,15-17).
Por isso não ficaremos órfãos (Jo 14,18). É o Dom de Jesus,
prometido cinco vezes durante a Ceia: Espírito da Verdade (Jo
14,16-17).
É o mesmo que estava em Jesus. Está unido a Ele que diz: “Eu sou a Verdade”. Dará
testemunho de Jesus, que não é uma verdade inacessível. Ele ensinará tudo. Nada
ficará oculto. Mais ainda: Ele será a memória permanente. Nada se perdera de
tudo o que foi dito e precisamos saber. Não precisamos de novas doutrinas.
Vemos pela história como a verdade passa pelos tempos, sempre a mesma,
explanada com clareza pela sabedoria da Igreja e de seus filhos. Jesus, o
intercessor junto do Pai, dá-nos um defensor, o Espírito Santo. O mesmo
testemunho que o Espírito dá, os fiéis darão, com sua garantia. Sempre será um
questionador do mundo a respeito do pecado, da justiça e do julgamento (Id
7-11).
Conduz à plena verdade, pois nos ensina o que recebeu do Filho (id
11-17).
Nós cristãos, não temos consciência da ação do Espírito Santo como realizador
da Igreja.
Frutificar o
sacramento pascal
A oração da Pós-Comunhão
faz um pedido que quer levar à prática os frutos da Ressurreição de Cristo: “Oh
Deus, que pela Ressurreição de Cristo nos renovais para a vida eterna, fazei
frutificar em nós o sacramento pascal e, infundi em nossos corações a força
desse alimento salutar”. A Eucaristia nos faz participar no mistério da
Ressurreição de Cristo, num momento espiritual, entramos em comunhão e somos conduzidos
por este defensor à prática. Celebrar é viver. Em sua entrega ao Pai, Jesus
levou-nos com Ele e se faz presente em nós quando O levamos em nossas ações. Assim
ressuscitamos o mundo para que seja sempre de acordo com os sentimentos de
Jesus. Jesus passou entre nós fazendo o bem. É sua garantia de
Ressurreição. Sempre está seguro do que
faz, porque faz o que o Pai quer, como vemos no Horto das Oliveiras: “Meu Pai,
se é possível, que passe de mim este cálice, contudo, não seja como eu quero,
mas como tu queres” (Mt 26,39). Frutificamos
quando buscamos viver o Evangelho . Seus mandamentos não são pesados (1Jo
5,3).
Não podemos olhar a Ressurreição de Jesus só como algo espiritual. Ela é vida.
Vida que
corresponda ao mistério
Rezamos na
oração da coleta: “Ó Deus, dai-nos celebrar com fervor estes dias de júbilo em
honra de Cristo ressuscitado, para que nossa vida corresponda sempre aos
mistérios que recordamos”. O que vemos nessa oração? A celebração é louvor, mas
vai também à vida. Como viver um mistério? “A vida corresponda ao
mistério”. A primeira correspondência
são os sacramentos. Eles penetram a vida com sua dinâmica redentora e mestra de
vida. Vivemos a salvação e a levamos à vida, seguindo as significações do
sacramento. Cristo fez o caminho da morte para a vida. Nós o realizamos em
nossas ações tirando de nós o que é morte para plantar a vida. Como? Vivendo
como Ele viveu no amor de permanente entrega aos irmãos. Para se entregar é
preciso desprender-se de todo mal.
Leituras:
Atos 8,5-8.14-17; Salmo 65; 1 Pedro 3,15-18; João 14,15-21.
Ficha nº 1962 -
Homilia do 6º Domingo da Páscoa (17.05.20)
1. Não temos
consciência da ação do Espírito Santo como realizador e defensor da Igreja.
2. A Eucaristia
nos faz participar no mistério da Ressurreição de Cristo. Por ela somos conduzidos à prática.
3. Os
sacramentos penetram nossa vida com sua dinâmica redentora e mestra de vida.
Vôo do Espírito
Temos o costume
de representar o Espírito Santo como uma pombinha. Na verdade o que representa
o Espírito é o vôo da pomba. Esse belo movimento lembra o movimento do
Espírito. Não depende de nós. Ele é fascinante e tudo penetra. Assim é a ação
do Espírito Santo que paira sobre nós e nos envolve.
Ele sempre esteve presente na Igreja,
pois não depende dela. Ela nasce Dele e por Ele é sustentada, mesmo que não
tenha consciência. É hora de nos abrirmos mais para conhecê-Lo e acolhê-Lo
sempre mais.
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