“Recebei
o Espírito Santo”
Santificais a Igreja
A palavra Pentecostes significa
cinquenta dias. Festa depois da Páscoa. Os judeus celebravam uma festa cinquenta
dias depois do segundo dia da Páscoa. É chamada também festa das colheitas dos
grãos. Lembra o período do deserto, no qual os judeus no Sinai recebem a lei e
são constituídos como um povo. Com a Páscoa temos a libertação e a vida nova.
Em Pentecostes inicia o novo povo. É a primavera do Espírito. A festa está
intimamente ligada à Páscoa, pois a Ressurreição no Espírito se torna primavera
do amor no Espírito. Por isso, celebrando a festa da Vinda do Espírito Santo,
celebramos também a vida da Igreja que é santificada por Ele. Por isso rezamos:
“Ó Deus, que pelo mistério da festa de hoje, santificais a vossa igreja inteira
em todos os povos e nações”. Não estamos lembrando um acontecimento. Estamos
vivendo esse momento da História da Salvação que acontece conosco agora. E
pedimos: “Derramai por toda a extensão do mundo os dons do Espírito”. O sentido
memorial significa atualização. Nós nos fazemos presente ao acontecimento real.
O histórico aconteceu. A vinda do Espírito acontece hoje e em cada celebração.
Nada fazemos sem o Espírito (1Cor 12,3b). O texto
enumera o país de origem das pessoas presentes no momento. Podemos ver que a
localização dos diversos povos faz um círculo em torno de Jerusalém. Não mais a
cidade, mas a Igreja está em todos os povos. E é santificada hoje pelo
Espírito. Todas as línguas e culturas podem receber o anúncio do Evangelho.
Realizai as maravilhas
Pedimos na oração: “Derramai em
toda extensão do mundo os dons do Espírito e renovai no coração dos fiéis as
maravilhas que operastes no início da pregação do Evangelho”. É o projeto
salvador de Deus que o Espírito Santo leve o Mistério Pascal de Cristo a
acontecer em todos os povos. As maravilhas operadas não são dons pessoais, mas
dons a serviço da humanidade. Jesus diz naquela noite de Páscoa: “A paz esteja
convoco!” A paz, o Shalom de Deus, compreende tudo o que há de bom e Deus nos
oferece. Por que repete a saudação? Não era uma paz somente para os discípulos
ali presentes, mas aberta a todos. “A quem perdoardes os pecados, eles lhes
serão perdoados”. Cabe a nós implantar, pela ação do Espírito, uma
reconciliação universal. Participamos ativamente da ação do Espírito na
renovação do mundo, missão que o Pai confiou a Jesus que a faz no Espírito. “A
quem não perdoardes os pecados, eles serão retidos”. Não que o Espírito negue o
perdão, mas, sem a mudança os pecados permanecem. As maravilhas renovadas não
são somente dons especiais, mas a capacidade de provocar a conversão do coração
a todos.
Há diversidade de dons
O Espírito que nos foi dado nos
dá tantos dons. “A cada um é dada uma manifestação do Espírito, para o bem
comum. Como os membros do corpo, cada um tem uma função para todo o corpo. Pena
que os dons atualmente são vistos como adereços espirituais que nos fazem
maiores. Maior é aquele que serve, disse Jesus (Lc
22,27-29).
Embora sendo muitos, formamos um só corpo, pois bebemos do mesmo Espírito (1Cor
12,13).
A Igreja necessita sempre do Espírito para realizar sua missão. Quando não
somos capazes de ouvir o Espírito e colocar os dons a serviço, não somos
capazes de servir à Igreja na obra da evangelização. Fazemos feudos
espirituais, e “rasgamos a túnica inconsútil de Jesus”. A unidade no Corpo de
Cristo, quando ferida, torna-se um escândalo e um mal.
Leituras Atos 2,1-12; Sal o 103; 1 Coríntios
12,3b-7.12-13;João 20,19-23 –
Ficha
nº 1966 - Homilia da Solenidade de Pentecostes (31.05.20)
1. Celebramos a vida da Igreja que é
santificada pelo Espírito.
2. É projeto de Deus que o Espírito leve
a vida de Cristo a acontecer em todos os povos.
3. A Igreja necessita sempre do Espírito
para realizar sua missão.
O
fogo cai, cai...
O
corpo de bombeiros do Céu, a todo vapor (não usava petróleo) baixa à terra para
apagar um grande incêndio. Era fogo para todo lado. Na cabeça de muitos havia
uma chama perigosa e outros pedindo que eles fossem incendiados. Era muita
confusão. Aí um meio cambaleante diz: Não estamos de fogo. É o Espírito
prometido: “Derramarei o meu Espírito sobre toda carne” (Jl
3,1-5).
Aí acalmaram. Mas até hoje estão de prontidão, pois a todo o momento esse
Espírito está botando fogo em algum lugar.
Celebrar
Pentecostes é entrar nesse fogo que, como a sarça de Moisés, queima sem
consumir.
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