Pe. Luiz Carlos de Oliveira Redentorista |
“São Pedro e São
Paulo”
Primícias da fé
Celebrar São
Pedro e São Paulo é um grande momento da Igreja. Para o povo, eles estão mais
no aspecto folclórico. O povo sabe comemorar ao seu modo. Mas é como
reconhecê-los como primeiros mestres da fé. Pedro e Paulo professaram a fé como
dom que receberam de Deus para comunicar “tudo aquilo que Ele ensinou”. Não
podemos perder de vista que Jesus continua agindo como aconteceu com Ele no
mistério da Encarnação. Jesus veio de um modo tão humano e simples, viveu
simplesmente e morreu como um simples. Sua mensagem foi simples. Assim a
primeira evangelização é feita por homens simples. Paulo era mais preparado,
mas soube acolher daqueles homens o que Jesus lhes transmitira. Era humildade a
ponto de ir a Jerusalém para conferir seu ensinamento com os apóstolos para que
não estivesse correndo em vão (Gal 2,2). Esses homens
continuaram a missão de Jesus e nos transmitiram as primícias da fé. É o pedido
que se faz em sua festa: “Concedei à vossa Igreja seguir em tudo os
ensinamentos destes apóstolos que nos deram as primícias da fé”(coleta). Quanto mais
firmes na fé, mais nos aproximamos de nosso “original”. Foram capazes de entender
os sofrimentos de sua vida apostólica, que não foram poucos, a partir da
certeza da presença de Cristo que estava sempre ao seu lado. Eles não tinham
mais a presença de Jesus, como no tempo de sua vida entre nós, mas O sentiam
muito mais presente e Nele confiavam.
Unidos na coroa do martírio
Lendo os Atos
dos Apóstolos e as cartas de Paulo, percebemos que havia uma diferença entre os
dois apóstolos. Chegaram ao ponto de Paulo chamar a atenção de Pedro por uma
atitude um tanto falsa que tomara. Isso falta na Igreja. É um gesto de profunda
fraternidade. Deixar a coisa rolar não é fraterno, nem evangélico. Apesar das
diferenças, cada um reconhece a missão do outro. O Concílio de Jerusalém deu a
Paulo a evangelização dos pagãos e a Pedro a evangelização dos judeus. Uma das
questões era a conversão dos pagãos. Deviam ou não seguir a lei judaica? Paulo
era totalmente contrário, apesar de ter sido judeu consciente, mesmo formado na
escola dos fariseus. Pelo bem do Evangelho foram capazes de mudar suas mentalidades.
Quem crê no Evangelho se valoriza como pregador do Evangelho. Pedro recebe as
chaves não de um poder, mas como dom de servir na ordem espiritual e fazer o
bem. Infelizmente só se pensa no poder como no mundo civil. Jesus dissera:
“Entre vós não será assim, o que for o maior, seja o que serve” (Mt
20,26).
Tiveram um fim igual: “Por diferentes meios, os dois congregaram a única
família de Cristo e, unidos pela coroa do martírio, recebem hoje, igual
veneração” (Prefácio). A profissão de fé de toda Igreja
está unida à profissão de fé de Pedro.
Caminho da comunidade
A reflexão sobre
os dois apóstolos remete à reflexão sobre a vida da comunidade, como rezamos na
oração final e nos é oferecido nos Atos dos Apóstolos (At
2,42).
A comunidade continua sendo o grupo dos discípulos seguidores de Jesus que
assumiu a união como vida. E se fortaleciam nos ensinamentos dos apóstolos. Era
o evangelho vivo que ensinavam. Não havia Novo Testamento. Mas estavam unidos.
A união os formava. Estavam presentes à fração do pão (Eucaristia). Era o
alimento vivo. Estavam unidos na oração. É tudo o que nos faz falta. A festa de
Pedro e Paulo pode nos animar a buscar mais a comunidade como lugar de formação,
de construção da Igreja, da oração e da Eucaristia.
Leituras
Atos 12,1-11;Salmo 33; 2 Timóteo 4,6-8.17-18;Mateus 16,13-19.
Ficha nº 1974 -
Homilia da Solenidade de Pedro e Paulo (28.06.20)
1. Esses homens
continuaram a missão de Jesus e nos transmitiram as primícias da fé.
2. Pelo bem do
Evangelho Pedro e Paulo foram capazes de mudar suas mentalidades.
3. A reflexão
sobre os dois apóstolos remete à reflexão da vida da comunidade.
Coisa
de velhos
Como é difícil
acreditar numa conversa de velho. Pensamos que velhos não sabem nada. É bonito
ver tantos homens e mulheres de mais idade dando demonstrações da sabedoria
curtida na experiência da vida. Não é porque é velho que seja inútil ou
insuficiente sem sabedoria.
Aprendi na África o provérbio e a
verdade: “Quando morre um ancião, queimou-se uma biblioteca”. É certo que há velhos
baúcos, mas, sabendo ouvir, ouvimos o que nem sempre dizem. A sabedoria curtida
na experiência e nos sofrimentos é capaz de gerar ideias mais profundas para a
renovação do mundo.
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