domingo, 12 de julho de 2020

Refletindo a Palavra - “Palavra...Palavra” - Padre Luiz Carlos


Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
“Palavra...Palavra”

Semeando a semente
           A liturgia do 15º domingo é encantadora tanto em sua poesia humana, como em sua dimensão Divina. É a Palavra de Deus. A palavra é sempre uma poesia tocada pela harpa do coração. Quando quem toca a música é a Palavra viva, Deus visita seu mundo através da Palavra. Jesus conta uma parábola nascida de seus olhos que contemplavam os campos enquanto falava ao povo. Dizia: Olhem lá o homem que está semeando. Joga a semente, como que a esmo. Assim ela se espalha por lugares diferentes. O costume do tempo era jogar a semente sobre a terra e depois vir com o arado de madeira e revolver a terra para que a semente pudesse germinar. Assim ela cai em lugares férteis e também em outros, como entre os espinhos, pelo caminho onde o povo passa, sobre lugares pedregosos e em terra boa. De acordo com a terra é a produção. Nem todas as sementes têm resultado bom. Aqui temos uma questão dura: “Quem tem ouvidos, ouça!”. Ouvir indica a compreensão da pessoa como um todo. Assim leva à realização em ações frutuosas. Ouvir é colocar em prática com docilidade. Os discípulos perguntam: “Por que fala em parábola ao povo?”. Somente quando a gente é discípulo, isto é, ouve o Semeador, é que a Palavra vai ao coração. Esse campo recebe também a Palavra da Vida que tem o vigor da chuva que cumpre sua missão, como diz Isaias. Esse campo é o campo de Deus. Deus visita com suas chuvas. A natureza responde na alegria do Semeador: “As colinas se enfeitam de alegria, e os campos de rebanhos, os vales se revestem de trigais: tudo canta de alegria!” (Sl 64).
Semeando a Palavra
                         Assim Jesus explica essa parábola do Reino: Quem não está interessado é como a estrada na qual o Maligno pisa e leva o que foi semeado. O que recebe a semente sobre as pedras é o que recebe com alegria, mas é superficial. Quando chega o sofrimento, fica sem fruta. O que recebe entre os espinhos, isto é, preocupações e riquezas, ouve sem atenção e não leva a produzir fruto. Ficam palavras vazias, mesmo se bonitas. Finalmente a terra boa que produz fruto. Assume e toma as atitudes coerentes com a Palavra. Temos aí o resultado de plenitude. Se eu der tudo o que posso, sempre sou cem por cento. Deus semeia sempre sua Palavra. A palavra anunciada tem a força do Deus que a pronunciou. O homem que a recebe é convidado a estar sempre preparando sua terra, pois é garantida a chuva no tempo certo. Podemos fazer aqui uma ligação da leitura com o salmo. É belo ver o salmista que, unido à natureza, dá-lhe vida de louvor. A natureza de Deus revela o esplendor de sua ação que semeia vida por onde passa: “Tudo canta de alegria”. A natureza é uma festa.
Libertando o Universo
           Respeitando a natureza, nós a transformamos em um anúncio permanente da grandeza de Deus. Aqui temos o conhecimento da união da natureza com a obra da redenção. Deus redime o Universo. Não é só poesia. O pecado do homem atinge a natureza porque lhe tira a capacidade criadora de ser vida. Ela espera ansiosamente pela sua libertação. A redenção de Jesus, vivida no mundo, liberta a natureza conduzindo-a a sua missão de dar vida. Quanto mais venço o pecado, mais a natureza vive. O pecado tem uma influência universal. Faz mal a tudo. A natureza vai enxugar suas lágrimas e se unirá ao mundo da graça no altar do sacrifício. O pão e vinho são o Corpo e Sangue do Senhor.  Esta é a ressurreição dos filhos de Deus que ressuscitará o mundo. É o Paraíso. Temos aí o sentido espiritual da ecologia que pode transformar-nos diante desse dom.
Leituras: Isaias 55,1-11; Salmo 64; Romanos 8,18-23; Mateus 13,1-23.
Ficha nº 1978 - Homilia do 15º Domingo Comum (12.07.20)

1. Quando a gente é discípulo, isto é, ouve o Semeador, é que a Palavra vai ao coração.
2. A palavra anunciada tem a força do Deus que a pronunciou.
3. A redenção vivida no mundo liberta a natureza conduzindo-a a sua missão de ser vida.

Aparelho de ouvido

           É tão difícil começar a não ouvir. Perde-se o contato com o mundo, pois dificulta ir ao coração. Pela vista colhemos o mundo. Pelo ouvido semeamos no coração. Jesus, no evangelho de hoje, mostra que entendia muito bem da vida do povo, pois ele participava del. Tantas vezes teria feito isso. Jesus fala e alguns não ouvem. Estão com ouvidos ruins.
           O aparelho de ouvido é a boa vontade de estar aberto e aproveitar o máximo do que é semeado. Não se trata de um concurso de quem consegue ouvir mais, mas quem se abre por inteiro. O resultado compete a Deus. Se eu fizer o que posso, sempre chego a cem por cento.



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