Pe. Luiz Carlos de Oliveira Redentorista |
“Palavra...Palavra”
Semeando a semente
A liturgia do 15º domingo
é encantadora tanto em sua poesia humana, como em sua dimensão Divina. É a
Palavra de Deus. A palavra é sempre uma poesia tocada pela harpa do coração.
Quando quem toca a música é a Palavra viva, Deus visita seu mundo através da
Palavra. Jesus conta uma parábola nascida de seus olhos que contemplavam os
campos enquanto falava ao povo. Dizia: Olhem lá o homem que está semeando. Joga
a semente, como que a esmo. Assim ela se espalha por lugares diferentes. O
costume do tempo era jogar a semente sobre a terra e depois vir com o arado de
madeira e revolver a terra para que a semente pudesse germinar. Assim ela cai
em lugares férteis e também em outros, como entre os espinhos, pelo caminho
onde o povo passa, sobre lugares pedregosos e em terra boa. De acordo com a
terra é a produção. Nem todas as sementes têm resultado bom. Aqui temos uma
questão dura: “Quem tem ouvidos, ouça!”. Ouvir indica a compreensão da pessoa
como um todo. Assim leva à realização em ações frutuosas. Ouvir é colocar em
prática com docilidade. Os discípulos perguntam: “Por que fala em parábola ao
povo?”. Somente quando a gente é discípulo, isto é, ouve o Semeador, é que a
Palavra vai ao coração. Esse campo recebe também a Palavra da Vida que tem o
vigor da chuva que cumpre sua missão, como diz Isaias. Esse campo é o campo de
Deus. Deus visita com suas chuvas. A natureza responde na alegria do Semeador:
“As colinas se enfeitam de alegria, e os campos
de rebanhos, os vales se revestem de trigais: tudo canta de alegria!” (Sl
64).
Semeando a Palavra
Assim Jesus
explica essa parábola do Reino: Quem não está interessado é como a estrada na qual
o Maligno pisa e leva o que foi semeado. O que recebe a semente sobre as pedras
é o que recebe com alegria, mas é superficial. Quando chega o sofrimento, fica
sem fruta. O que recebe entre os espinhos, isto é, preocupações e riquezas,
ouve sem atenção e não leva a produzir fruto. Ficam palavras vazias, mesmo se
bonitas. Finalmente a terra boa que produz fruto. Assume e toma as atitudes
coerentes com a Palavra. Temos aí o resultado de plenitude. Se eu der tudo o
que posso, sempre sou cem por cento. Deus semeia sempre sua Palavra. A palavra
anunciada tem a força do Deus que a pronunciou. O homem que a recebe é
convidado a estar sempre preparando sua terra, pois é garantida a chuva no
tempo certo. Podemos fazer aqui uma ligação da leitura com o salmo. É belo ver
o salmista que, unido à natureza, dá-lhe vida de louvor. A natureza de Deus
revela o esplendor de sua ação que semeia vida por onde passa: “Tudo canta de
alegria”. A natureza é uma festa.
Libertando o Universo
Respeitando a
natureza, nós a transformamos em um anúncio permanente da grandeza de Deus.
Aqui temos o conhecimento da união da natureza com a obra da redenção. Deus
redime o Universo. Não é só poesia. O pecado do homem atinge a natureza porque
lhe tira a capacidade criadora de ser vida. Ela espera ansiosamente pela sua
libertação. A redenção de Jesus, vivida no mundo, liberta a natureza conduzindo-a
a sua missão de dar vida. Quanto mais venço o pecado, mais a natureza vive. O
pecado tem uma influência universal. Faz mal a tudo. A natureza vai enxugar
suas lágrimas e se unirá ao mundo da graça no altar do sacrifício. O pão e
vinho são o Corpo e Sangue do Senhor. Esta
é a ressurreição dos filhos de Deus que ressuscitará o mundo. É o Paraíso. Temos
aí o sentido espiritual da ecologia que pode transformar-nos diante desse dom.
Leituras:
Isaias 55,1-11; Salmo 64; Romanos 8,18-23; Mateus 13,1-23.
Ficha nº 1978 -
Homilia do 15º Domingo Comum (12.07.20)
1. Quando a
gente é discípulo, isto é, ouve o Semeador, é que a Palavra vai ao coração.
2. A palavra
anunciada tem a força do Deus que a pronunciou.
3. A redenção
vivida no mundo liberta a natureza conduzindo-a a sua missão de ser vida.
Aparelho de
ouvido
É tão difícil
começar a não ouvir. Perde-se o contato com o mundo, pois dificulta ir ao
coração. Pela vista colhemos o mundo. Pelo ouvido semeamos no coração. Jesus,
no evangelho de hoje, mostra que entendia muito bem da vida do povo, pois ele
participava del. Tantas vezes teria feito isso. Jesus fala e alguns não ouvem.
Estão com ouvidos ruins.
O aparelho de ouvido é a boa vontade
de estar aberto e aproveitar o máximo do que é semeado. Não se trata de um
concurso de quem consegue ouvir mais, mas quem se abre por inteiro. O resultado
compete a Deus. Se eu fizer o que posso, sempre chego a cem por cento.
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