“Encheu-se
de Compaixão”Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
Cinco pães
Rezamos na
oração da coleta: “Manifestai, ó Deus, vossa inesgotável bondade!”. A liturgia
da Palavra desse domingo é um canto à bondade e a compaixão de Deus. A bondade
de Deus não é somente um bem querer, um modo afável de lidar com as coisas, mas
se manifesta em suas atitudes de misericórdia que envolve toda sua criatura.
Essa não significa dó do sofrimento, mas uma ação concreta que resolve. Deus
quer sempre o bem de seus filhos. Esse bem querer acontece em atos de
libertação de algum sofrimento, ou conduzindo sempre a uma melhor situação.
Essa manifestação de amor é para atrair ao mesmo modo de amar. A missão da
Igreja não é criar um “estado espiritual com poderes divinos”, mas continuar o
coração do Pai que envia o Filho e dá o Espírito para que o amor redentor de
todos os males seja concreto e eficiente. O Pai bondoso sempre está a
multiplicar seus cuidados para conosco: Um embornal com cinco pães e dois
peixes, multiplicados pela misericórdia e compaixão, alimentaram cinco mil
homens, sem contar mulheres e crianças. Por mais que se conjecture sobre o milagre,
não podemos deixar de lado a grandiosidade da bondade misericordiosa de Deus. É
a medida do coração de Jesus. Essa é a verdadeira devoção ao Sagrado Coração:
Saber multiplicar o pouco em benefício de muitos. O salmo canta essa verdade:
“Vós abris a vossa mão e saciais vossos filhos”; o Senhor é muito bom para com
todos; sua ternura abraça toda criatura (Sl 144).
Ninguém separa
Esse amor misericordioso e
compassivo nos une a Cristo de tal modo que nada nos separa Dele. Paulo
experimentou esse amor de misericórdia quando foi escolhido para ser um anunciador
da salvação a todos os povos. Escreve: “Sou
grato para com Aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me
concedeu forças e me considerou fiel, designando-me para o ministério, a mim, que em tempos passados fui
blasfemo, perseguidor e insolente; contudo, Ele me concedeu
misericórdia...; e a graça
de nosso Senhor transbordou sobre mim, com a fé e o amor que há em Cristo
Jesus” (1Tm 1,12-14).
Paulo foi “vitimado” pelo amor de Cristo. Primeiro sentiu a misericórdia. E
cheio de misericórdia partiu para o anúncio aos pagãos. Suportou tudo por amor
no amor: Nada “será capaz de nos separar do amor de Deus por nós, manifestado
em Cristo Jesus Nosso Senhor” (Rm 8,39). A fé cristã não é uma ideologia
ou uma prática individual intimista, mas uma pessoa, Jesus Cristo, com quem
estamos unidos assumindo sua vida e sua mentalidade. A Igreja não
deve ser o centro, mas Cristo. Não pode estar voltada para si, para seus
esquemas de doutrinas. Também, mas é voltada para o outro necessitado. Os bons
e os fortes cuidem dos fracos que são os queridos de Deus. Sem isso presta um
desserviço para a humanidade.
Vinde beber
O profeta Isaías se faz
anunciador dessa riqueza de Deus aberta a todos em extrema gratuidade e riqueza
de bens que simbolizam o Reino de Deus. Deus pressiona fortemente a que todos
venham alimentar-se de seus bens que são uma expressão da densidade de seu amor
que jorra aos borbotões. Quem assumiu o Reino de Jesus está igualmente
partilhando a riqueza de abrir a todos as condições de vida. O Reino só será
verdadeiramente espiritual se for densamente humano e penetrar as realidades
sofridas. Uns chamam isso de política. Nós chamamos de amor. Sempre!
Leituras
Isaías 55,1-3; Salmo 144;Romanos 8,35.37-39; Mateus 14,13-21.
Ficha
nº 1984 - Homilia do 18º Domingo Comum (02.08.20)
1. A devoção ao Sagrado Coração é saber
multiplicar o pouco em benefício de muitos.
2. A fé cristã não é uma ideologia ou uma prática intimista, mas uma
pessoa, Jesus Cristo.
3. Quem assumiu o Reino de Jesus
partilha a riqueza de abrir a todos as condições de vida.
É
bom ser bom
A liturgia de hoje parece um
convite para uma festa: cardápios ricos com a generosidade do anfitrião. Jesus
faz o milagre da multiplicação. E rendeu bem: de cinco pães e dois peixes para
alimentar cinco mil famílias. Uma cidade inteira. O profeta faz uma oferta a
quem não tem nada: água, alimento nem dinheiro. Tudo na faixa. Paulo ensina uma
luta que vence tudo. Nada nos separa do amor de Cristo (a festa).
O
tempero é o amor misericordioso de Deus. Deus é escandalosamente bom. Não tem
jeito de encontrar “ridiquece” Nele. É abundante. Com pouco faz uma grande
receita. E tudo para todos. Ninguém está excluído.
Aprendemos
Dele nessa celebração que a religião só existe quando levamos adiante o amor
misericordioso que se preocupa com todos. Sem isso... somos os piores do mundo.
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