Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista
“O Senhor é
bondoso”
No
contexto do “discurso sobre a Igreja”, Jesus anuncia esse programa de renovação
do mundo que é a fraternidade. É preciso tornar-se pequenino, respeitar o
outro, corrigir na fraternidade, unir-se para que Deus esteja em nosso meio e, ter
o perdão ilimitado, como lemos na parábola do devedor implacável. Todo o
capítulo 18 trata desse assunto. A liturgia apresenta-nos o Deus bondoso, como
lemos no salmo102: “Quanto os céus se elevam, tanto é grande o seu amor aos que
o temem; quanto dista o nascente do poente, tanto afasta para longe nossos
crimes” (Sl 102). A parábola nos retrata como
Deus perdoa mostrando um caso de grandes proporções. Um rei acerta as contas
com os governadores. Como sabemos, os estados vivem endividados. O que lhe
devia muito recebeu uma compaixão total: “Perdoou toda dívida”. Não parcelou.
Esse indivíduo suplicou piedade. E foi ouvido. Mas não teve a mesma piedade com
quem lhe devia algumas moedas. Então o rei o condenou. Assim fará o Pai do Céu
conosco se não perdoarmos de coração. Acho que estamos em má situação, pois
temos muita dificuldade de perdoar. Dizemos: “Perdoo, mas não esqueço”. Deus esquece. Assim responde à pergunta de
Pedro: “Quantas vezes devo perdoar: até sete vezes? (Mt
18,21).
Daí para frente não tem mais perdão. Queremos
o perdão total de Deus, mas não sabemos ser como Deus que perdoa totalmente. O
tema do perdão é fundamental na fé cristã, pois Jesus foi a expressão máxima do
perdão de Deus. O perdão deve penetrar a Igreja e o mundo.
O mal faz mal
No
livro do Eclesiástico encontramos um desenvolvimento do tema do perdão e as
consequências ruins da falta de perdão. Faz muito mal para a gente: “O rancor e
a raiva são coisas detestáveis... Quem se vingar, encontrará a vingança do
Senhor, que pedirá severas contas dos seus pecados...” (Eclo
27,33.28,1).
Se perdoar, quando orar terá o perdão dos pecados. Se guardar raiva, como
poderá pedir a Deus a cura?... Se não tem compaixão do seu semelhante, como
poderá pedir perdão dos pecados? O autor sagrado ainda acrescenta remédios para
a cura desse mal: “Lembra-te de teu fim e deixa de odiar; pensa na destruição e
na morte e persevera nos mandamentos. Pensa nos mandamentos e não guardes
rancor do teu próximo. Pensa na aliança do Altíssimo e não leves em conta a
falta alheia” (Eclo 28,6-9). Somente um bom
relacionamento com Deus, como Vida, possibilitará viver como Ele é, e vive. O
Salmo descreve esse Senhor: “Ele perdoa toda a culpa e te cura toda enfermidade...
e te cerca de carinho e compreensão”. O autor do salmo descreve Deus como muito
educado: “Não fica repetindo suas queixas, não guarda rancor...”. Seu amor é
maior que a distância entre o céu e a terra” (Sl 102). Como nos ama,
ensina a amar.
Vivos para o Senhor.
Paulo, na Carta aos Romanos,
embora o texto não esteja voltado para esse tema, nos dá um fundamento dessa
vida em amor. Ele é o Senhor também do amor. Ele é o Vivo que é a fonte da vida
e para quem vivemos: “Ninguém vive para si mesmo, ou morre para si mesmo... é
para o Senhor que vivemos e morremos”... Pois, pertencemos ao Senhor. Sua vida
e morte foi exatamente para que Ele
fosse “Senhor dos vivos e dos mortos” (Rm 14,7-9). O mandamento do
amor que é um só na mesma intenção e intensidade é o fundamento de tudo. “Pois
Deus é amor” (1Jo 4,16). A fé mostra sua obra no amor (Gl
5,6).
A obra é o amor em todas suas dimensões e conotações. Não é bem isso que nos
preocupa.
Leituras: Eclesiástico
27,33-28,9; Salmo 102; Romanos 14,7-9; Mateus 18,21-36.
Ficha nº 1996 - Homilia do 24º Domingo Comum (13.09.20)
1. Queremos o perdão total de
Deus, mas não sabemos perdoar totalmente, como Deus.
2. O bom relacionamento com Deus,
como vida, possibilitará viver como Ele é e vive.
3. O mandamento do amor que é um
só na intenção e intensidade é o fundamento de tudo.
Bão de
matemática
A
matemática do perdão sempre dá o mesmo resultado: infinito. Este ensinamento
Jesus nos deixa vem da sua capacidade de ser totalmente expressão do amor total
e irrestrito do Pai. Esse é o pensamento da liturgia da Palavra desse domingo.
Não há como escapar. O que acontece é que a gente gosta de brigar e ficar
brigado. Complicou muito. Se tivermos que perdoar os inimigos, é sinal que
inimigos existem.
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