Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista
“De quem é a imagem”
Deus é o Senhor
Jesus se
aproxima do fim de seu ministério. O evangelista resume questões fundamentais
que lhe eram propostas: uma é questão de política religiosa, o imposto ao
imperador, outra é de moral, o matrimônio, uma espiritual, o maior mandamento e
a sua divindade. Os inimigos de tendências diferentes se ajuntam para
comprometê-lo a tomar partido contra o imperador, contra o imposto ou contra o
povo que não admitia esse imposto. Para fazer o mal os inimigos se combinam. Jesus
pede uma moeda e pergunta: “De quem é a imagem e a inscrição?” - “De César”,
respondem. E Jesus, sabendo que era uma
armadilha, responde: “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”.
Essa frase já recebeu muitos sentidos. Até se falou que se refere à separação
de Igreja e Estado. Nós nos fixamos na resposta de Jesus. Mas seu sentido é
mais amplo. Pode-se partir dos termos imagem e inscrição da moeda. O império
aceita a imagem do imperador. E até lhe fazem templos, como um culto a um deus.
Todos aceitam sua política, sua ordem econômica e devolvem uma parte do
dinheiro recebido de César como tributo exigido. Trata-se de restituir a César
o que veio de César (Imperador). Mas a grandeza
de um rei é estar a serviço de Deus, como nos apresenta a primeira leitura. É
estar a serviço de Deus, como nos apresenta o texto de Isaías. Deus é o Senhor
que tudo comanda: “Eu sou o Senhor, não existe outro: fora de mim não há deus”.
O imperador não é dono do mundo.
De
quem é a imagem?
Na moeda estava
cunhada a imagem (ícone) do imperador. Jesus pergunta: “De quem é a imagem?”
Jesus escapa da armação que lhe fazem e conduz o assunto a declarar-Se Senhor e
todos como imagem de Deus. Essa temática é muito rica. Deus fez o homem a sua
imagem e semelhança. Com o sopro lhe deu a existência (Gn
2,7)
destinada à vida imortal. O imperador, através de sua imagem, não é o dono do
mundo. Deus criou tudo e a terra é sua. Também Cesar, seu dinheiro, sua imagem,
sua inscrição e seu tributo pertencem a Deus. O selo de Deus está marcado na
testa dos homens. Nele pôs o selo de seu Filho (Jo
6,27).
Tudo deve ser restituído a Deus. Com isso não está descartada a autoridade
humana constituída para o bem do povo e que tem sua origem em Deus. Não
dispensa a restituição do tributo à autoridade. Estando sujeito à autoridade
deve saber que César não é autônomo. Ele também tem que prestar contas a Deus. Esse
complexo de autoridade, como poder, está presente também nas autoridades
eclesiásticas e naqueles que os cercam. Jesus nos mostra muito bem o que é o
serviço do poder. Este deve estar a serviço da glória de Deus. O salmo convida
a todas as nações que dêem ao Senhor poder e glória (Sl
95).
Fraternidade
apostólica
Paulo em suas cartas chega aos cumes
da sabedoria cristã. Mas não sai da realidade humana. Fala de coisas humanas
como lemos hoje: “Damos graças a Deus por todos vós, lembrando-vos sempre em
nossas orações... recordamos a atuação de vossa fé, o esforço de vossa caridade
e a firmeza da vossa esperança” (1Ts 1,2-3). É uma
comunidade cheia do Espírito Santo que, no dizer de Paulo, foi seu
evangelizador: “O evangelho chegou até vós, não somente por meio de palavras,
mas também mediante a força que é o Espírito Santo; e isso com abundância” (Id
5b).
Mesmo sabendo do poder do Espírito Santo, Paulo não deixa de se comprometer
afetivamente com essa comunidade (1Ts 2,17). O afeto deve
permear todos os aspectos da evangelização. A fé atinge a pessoa toda em todas
as suas dimensões.
Leituras:
Isaias 45,1.4-6; Salmo 95;1 Tessalonicenses 1,1-5b; Mateus 22,15-21.
Ficha
nº 2006 - Homilia do 29º Domingo Comum (18.10.20)
1. A grandeza de
um rei é estar a serviço de Deus.
2. A autoridade
humana que é constituída para o bem do povo, tem sua origem em Deus.
3. O afeto deve
permear todos os aspectos da evangelização e as dimensões do homem.
Rei da cocada
Temos muitos tipos de reis desde a
Inglaterra até ao rei do carnaval, o Momo. Jesus não Se gloria de ser rei, a
não ser para declarar a verdade. Ele responde a Pilatos que pergunta se Ele é
rei. Responde “tu o dizes”, isto é: você que está falando. E diz que seu reino
não é desse mundo. Pior é que gostamos de ser rei na Igreja. O Papa usava uma
tríplice coroa. Outros, se não usam coroa, fazem o que os reis faziam e querem
essas glórias. Ele foi rei coroado na cruz. Ali sim, estão as insígnias
reais.
Todo o poder que Jesus concede é o de
servir. Para esse, não tem partido político. Nem a concorrência é grande. Os
que têm vida são os que se doam.
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