domingo, 29 de novembro de 2020

Refletindo a Palavra -“CONVERTEI-NOS”! - Padre Luiz Carlos

Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista

CONVERTEI-NOS”!

 

Voltai-vos para nós!

           Começamos o tempo do Advento. Nele celebramos a Segunda Vinda de Cristo e sua Vinda no Natal. É um dos mistérios da Redenção. É o fechamento de toda obra de Jesus no que se refere à vida dos homens. Ele veio trazer a salvação. Pensamos nessa Vinda somente como o final dos tempos. Assim perdemos a dimensão de uma Vinda permanente ao nosso encontro. Após a reflexão da gloriosa Vinda, voltamos nosso coração à primeira Vinda como homem. É a criança que nasce em Belém. Temos dois tempos no Advento: Refletimos a Segunda Vinda e contemplamos a primeira em seu nascimento. É o chamado à vigilância. Vigiar é estar vivo e pronto para assumir Cristo como Dom do Pai. Esperançar é esperar agindo com boas obras: Rezamos: “Concedei a vossos fiéis o ardente desejo de possuir o Reino celeste, para que, acorrendo com as boas obras ao encontro do Cristo que vem, sejamos reunidos à sua direita na comunidade dos justos” (Coleta). A segunda Vinda estimula a vida da comunidade na prática das boas obras. As boas obras clamam pela presença do Senhor, mesmo que sejamos marcados pelo pecado. Não as fazemos sem o Senhor. Rezamos no salmo: “Voltai-Vos para nós, Senhor” (Sl 79). O fiel promete: “Nunca mais vos deixaremos, Senhor Deus! Dai-nos vida e louvaremos vosso nome”. A conversão não é somente um arrependimento, mas é o direcionamento da vida: Estamos sempre voltados para Ele. Israel sempre acolhia as visitas de Deus. Zacarias diz: “O Senhor visitou o seu povo e o libertou” (Lc 1,68). Jesus foi a maior visita de Deus.

Tu, nosso oleiro

           Esperançar é nos deixar nas mãos de Deus que nos trabalha como o oleiro. Ao nos formar, acolheu nosso barro e nos trabalhou. Somos obra de suas mãos. “Fomos enriquecidos em tudo” (1Cor 1,5). A vigilância nos coloca sempre nas mãos de Deus que nos prepara para ir ao encontro de seu Filho. Quer que sejamos sua imagem e tenhamos sua estatura: “... Até que todos alcancemos a unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, o estado do Homem Perfeito, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef.4,13). Nesse processo de vigilância e expectativa, Deus trabalha sua criatura humana para formar em cada uma, seu Filho. Espiritualidade é deixar-se formar, como o barro nas mãos do oleiro que faz e refaz, modelando ao gosto Dele. Na condição de barro vemos nossa fragilidade: “Todos nos tornamos imundície, e todas as nossas boas obras são como um pano sujo; murchamos todos como folhas, e nossas maldades empurram-nos como o vento” (Is 64,5). O sentimento de fragilidade leva o fiel a sentir o resultado de suas atitudes. Mesmo assim continua nas mãos de Deus: “Senhor, Tu és nosso Pai, nos somos o barro; Tu, nosso oleiro, e nós todos, obras de tuas mãos” (id 7). Vigilância inclui a fragilidade.

Vigiai

           Pelo fato de Jesus estimular à vigilância, podemos perceber que a atenção deve ser permanente. Não vivemos a fé somente em certos horários. Ela não é uma etapa, é um modo de vida. Não vivemos a fé como um programa para determinados momentos. Ela nos assume como um todo, todo tempo. Dormir não se trata do descansar, mas de dormir em serviço. A atividade da Igreja deve penetrar todos os seguimentos da vida e do mundo, não como uma religião que se impõe, mas como uma orientação para todos os momentos. É simples. “Onde há amor e caridade, Deus aí está”. É como um rosário. O que une os grãos é o fio, fazendo-as uma unidade. Vigiemos pois.

Leituras Isaías 63,16b-17.19b; 64,2b-7;Salmo 79; 1Coríntios 1,3-9; Marcos 13,33-37.

Ficha: nº 2018 - Homilia do 1º Domingo do Advento (29.11.20)

 

1. A conversão não é somente um arrependimento, mas é o direcionamento da vida.

2. No processo de vigilância Deus trabalha a criatura para formar seu Filho em cada uma.

3. Não vivemos a fé somente em certos horários. Ela não é uma etapa, é um modo de vida.

 

Sai de baixo! 

 

           Quando se fala de fim de mundo e das coisas que vem do alto, dá a impressão que a gente tem que se abaixar para não cair alguma coisa na cabeça. O que nos vai cair na cabeça quando o Senhor vier?

           Mas, o que interessa não é o que vem de cima (o que vem de cima é Deus quem manda), mas o que sai debaixo, o que mandamos para o alto, o que mandamos para Deus, para nossos irmãos Esse é o perigo. Deus espera nossa capacidade de fazer boas obras. São elas que nos manterão vigilantes.

 

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