Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista
“CONVERTEI-NOS”!
Voltai-vos para nós!
Começamos o
tempo do Advento. Nele celebramos a Segunda Vinda de Cristo e sua Vinda no
Natal. É um dos mistérios da Redenção. É o fechamento de toda obra de Jesus no
que se refere à vida dos homens. Ele veio trazer a salvação. Pensamos nessa
Vinda somente como o final dos tempos. Assim perdemos a dimensão de uma Vinda
permanente ao nosso encontro. Após a reflexão da gloriosa Vinda, voltamos nosso
coração à primeira Vinda como homem. É a criança que nasce em Belém. Temos dois
tempos no Advento: Refletimos a Segunda Vinda e contemplamos a primeira em seu
nascimento. É o chamado à vigilância. Vigiar é estar vivo e pronto para assumir
Cristo como Dom do Pai. Esperançar é esperar agindo com boas obras: Rezamos:
“Concedei a vossos fiéis o ardente desejo de possuir o Reino celeste, para que,
acorrendo com as boas obras ao encontro do Cristo que vem, sejamos reunidos à
sua direita na comunidade dos justos” (Coleta). A segunda
Vinda estimula a vida da comunidade na prática das boas obras. As boas obras
clamam pela presença do Senhor, mesmo que sejamos marcados pelo pecado. Não as
fazemos sem o Senhor. Rezamos no salmo: “Voltai-Vos para nós, Senhor” (Sl
79).
O fiel promete: “Nunca mais vos deixaremos, Senhor Deus! Dai-nos vida e
louvaremos vosso nome”. A conversão não é somente um arrependimento, mas é o
direcionamento da vida: Estamos sempre voltados para Ele. Israel sempre acolhia
as visitas de Deus. Zacarias diz: “O Senhor visitou o seu povo e o libertou” (Lc
1,68).
Jesus foi a maior visita de Deus.
Tu, nosso oleiro
Esperançar é nos deixar nas mãos
de Deus que nos trabalha como o oleiro. Ao nos formar, acolheu nosso barro e
nos trabalhou. Somos obra de suas mãos. “Fomos enriquecidos em tudo” (1Cor
1,5).
A vigilância nos coloca sempre nas mãos de Deus que nos prepara para ir ao
encontro de seu Filho. Quer que sejamos sua imagem e tenhamos sua estatura:
“... Até que todos alcancemos a unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho
de Deus, o estado do Homem Perfeito, à medida da estatura da plenitude de
Cristo” (Ef.4,13). Nesse processo de vigilância e
expectativa, Deus trabalha sua criatura humana para formar em cada uma, seu
Filho. Espiritualidade é deixar-se formar, como o barro nas mãos do oleiro que
faz e refaz, modelando ao gosto Dele. Na condição de barro vemos nossa
fragilidade: “Todos nos tornamos imundície, e todas as nossas boas obras são
como um pano sujo; murchamos todos como folhas, e nossas maldades empurram-nos
como o vento” (Is 64,5). O sentimento de fragilidade
leva o fiel a sentir o resultado de suas atitudes. Mesmo assim continua nas
mãos de Deus: “Senhor, Tu és nosso Pai, nos somos o barro; Tu, nosso oleiro, e
nós todos, obras de tuas mãos” (id 7). Vigilância inclui
a fragilidade.
Vigiai
Pelo fato de
Jesus estimular à vigilância, podemos perceber que a atenção deve ser
permanente. Não vivemos a fé somente em certos horários. Ela não é uma etapa, é
um modo de vida. Não vivemos a fé como um programa para determinados momentos.
Ela nos assume como um todo, todo tempo. Dormir não se trata do descansar, mas
de dormir em serviço. A atividade da Igreja deve penetrar todos os seguimentos
da vida e do mundo, não como uma religião que se impõe, mas como uma orientação
para todos os momentos. É simples. “Onde há amor e caridade, Deus aí está”. É
como um rosário. O que une os grãos é o fio, fazendo-as uma unidade. Vigiemos
pois.
Leituras
Isaías 63,16b-17.19b; 64,2b-7;Salmo 79; 1Coríntios 1,3-9; Marcos 13,33-37.
Ficha: nº 2018 -
Homilia do 1º Domingo do Advento (29.11.20)
1. A conversão
não é somente um arrependimento, mas é o direcionamento da vida.
2. No processo
de vigilância Deus trabalha a criatura para formar seu Filho em cada uma.
3. Não vivemos a
fé somente em certos horários. Ela não é uma etapa, é um modo de vida.
Sai de baixo!
Quando se fala
de fim de mundo e das coisas que vem do alto, dá a impressão que a gente tem
que se abaixar para não cair alguma coisa na cabeça. O que nos vai cair na
cabeça quando o Senhor vier?
Mas, o que interessa não é o que vem
de cima (o que vem de cima é Deus quem manda), mas o que sai debaixo, o que
mandamos para o alto, o que mandamos para Deus, para nossos irmãos Esse é o
perigo. Deus espera nossa capacidade de fazer boas obras. São elas que nos
manterão vigilantes.
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