Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista
“Sede de Deus”
Venho
contemplar-vos no templo
A leitura do Evangelho,
a partir do desse domingo, inicia ensinamento de Jesus sobre a vigilância. Essa
reflexão nos leva ao tema da segunda vinda de Cristo. Essa temática se inicia
no final do ano litúrgico e continua no início do Advento. É o chamado a estar
pronto, pois Ele pode vir a qualquer momento.
Podemos até dizer: Cristo não vai vir um dia, Êle vem continuamente. E
para isso, é preciso estar sempre de coração pronto. S. Agostinho dizia: “Tenho
medo do Jesus que passa”. Numa visão escatológica, de fim de mundo, Ele virá
sem aviso. Como na parábola das dez jovens que esperam a chegada do noivo para
a festa, o óleo para as lamparinas não pode faltar. A Igreja viveu longos
séculos nessa espera até angustiada. Temos a vida dos monges que passavam
grande parte da noite acordados em oração. Não se pode dormir, pois Ele vai
chegar. Não se pode deixar o coração adormecer no torpor de uma vida vazia.
Isso não é sabedoria. Essa é o óleo que alimenta a lamparina. Quanto mais
cuidado com a sabedoria, mais ela se manifesta esse torna vida em nós. É triste quando estamos
sem sabedoria. “Ela se antecipa dando-se a conhecer aos que a desejam” (Sb
6,13).
A busca de Deus cantada pelo salmo se descreve como a sede insuportável da
terra seca. Só buscando a Deus se percebe onde está a fonte que sacia. Essa
sede se desaltera quando se O busca. O fundamento de toda vida espiritual está
nesse desejo de Deus. Não se trata de um eu
gostaria, mas eu quero. Sem Ele,
eu não vivo.
Ficai vigiando
Temos três
aspectos que nos indicam como vigiar esperando o Senhor: a busca da sabedoria
no desejo de Deus, a força atrativa da Ressurreição e o cuidado em organizar a
vida, como levar o óleo suficiente. Nós nos cansamos de esperar... e começamos
a cochilar. O retardamento da volta do Senhor no fim dos tempos levou a
comunidade a tirar essa parte importante de nossa fé. Dizemos em cada missa:
“Vinde, Senhor Jesus!”. Tornou-se um rito vazio. Quando acontecem coisas graves
pelo mundo alguns dizem: “É o fim do mundo”. Vamos viver essa esperança na fé e
na caridade, cultivando o íntimo desejo do Senhor. Buscando-O sempre. O desejo
é real quando existe a busca. “Buscai o Senhor, já que Ele se deixa encontrar;
invocai-o já que está perto” (Is .55,6). Quem busca
encontra. Para nós, que cremos, há uma força atrativa que se chama
ressurreição. Sem essa, não temos porque acreditar. “Se não há ressurreição dos mortos, Cristo
também não ressuscitou. Se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa pregação,
vazia também é nossa fé” (1Cor 15,13). Sendo
atraídos, cuidemos que não falte o óleo que alimente a fé; cuidemos que nossa
esperança aqueça nossa caridade que é o único modo de mostrar a fé e garantir a
esperança.
Inteiramente
disponíveis
As orações da celebração (coleta,
oferendas e pós-comunhão), nos indicam a vivência diária: “Afastai todo
obstáculo para que, inteiramente disponíveis nos dediquemos ao vosso serviço” (Coleta). A espera se dá
no louvor ao Senhor, estando sempre prontos para o serviço. A Eucaristia não é
só um rito, mas um mistério a ser vivido (Oferendas). Dele tiramos
as “energias” espirituais e humanas. O mistério é celebrado por pessoas. Por
isso clama para que haja “perseverança no amor” (Pós-comunhão). A espera não
se faz de palavra, mas de gestos concretos. Eucaristia não é um rito espiritual
de devoção, mas é o motor transformador do mundo. Se não chega a isso, não
celebramos dignamente.
Leituras:
Sabedoria 6,12-16; Salmo 62;1 Tessalonicenses 4,13-18; Mateus 25,1-13.
Ficha nº 2012 -
Homilia do 32º Domingo Comum (08.11.20)
1. Quanto mais
cuidado com a sabedoria, mais ela se manifesta e toma nossa vida.
2. O desejo é
real quando existe a busca.
3. A espera se
dá no serviço do louvor ao Senhor, estando sempre prontos para o serviço.
Acorda, gente!
A celebração do matrimônio era
rica em gestos e participação da comunidade. Uma delas era a espera do noivo
para a festa. Muitas surpresas. A hora avançou, o sono chegou e a lamparina
apagou. Temos então o diálogo das prevenidas e as tontas. Sair do espaço era
perder a festa. Temos diálogo. Melhor prevenir e não arriscar.
O Senhor desconhece quem não o espera
vigilante e prevenido.
Jesus quer ensinar que, é preciso,
mesmo que dê umas cochiladas, é preciso estar pronto para qualquer momento. Não
adianta chorar por chegar depois que o trem partiu. Jesus também nos previne. O
Reino não espera.
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