domingo, 8 de novembro de 2020

Refletindo a Palavra -““Sede de Deus”” - Padre Luiz Carlos

Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista

“Sede de Deus”

 

Venho contemplar-vos no templo

           A leitura do Evangelho, a partir do desse domingo, inicia ensinamento de Jesus sobre a vigilância. Essa reflexão nos leva ao tema da segunda vinda de Cristo. Essa temática se inicia no final do ano litúrgico e continua no início do Advento. É o chamado a estar pronto, pois Ele pode vir a qualquer momento.  Podemos até dizer: Cristo não vai vir um dia, Êle vem continuamente. E para isso, é preciso estar sempre de coração pronto. S. Agostinho dizia: “Tenho medo do Jesus que passa”. Numa visão escatológica, de fim de mundo, Ele virá sem aviso. Como na parábola das dez jovens que esperam a chegada do noivo para a festa, o óleo para as lamparinas não pode faltar. A Igreja viveu longos séculos nessa espera até angustiada. Temos a vida dos monges que passavam grande parte da noite acordados em oração. Não se pode dormir, pois Ele vai chegar. Não se pode deixar o coração adormecer no torpor de uma vida vazia. Isso não é sabedoria. Essa é o óleo que alimenta a lamparina. Quanto mais cuidado com a sabedoria, mais ela se manifesta esse  torna vida em nós. É triste quando estamos sem sabedoria. “Ela se antecipa dando-se a conhecer aos que a desejam” (Sb 6,13). A busca de Deus cantada pelo salmo se descreve como a sede insuportável da terra seca. Só buscando a Deus se percebe onde está a fonte que sacia. Essa sede se desaltera quando se O busca. O fundamento de toda vida espiritual está nesse desejo de Deus. Não se trata de um eu gostaria, mas eu quero. Sem Ele, eu não vivo.

Ficai vigiando

           Temos três aspectos que nos indicam como vigiar esperando o Senhor: a busca da sabedoria no desejo de Deus, a força atrativa da Ressurreição e o cuidado em organizar a vida, como levar o óleo suficiente. Nós nos cansamos de esperar... e começamos a cochilar. O retardamento da volta do Senhor no fim dos tempos levou a comunidade a tirar essa parte importante de nossa fé. Dizemos em cada missa: “Vinde, Senhor Jesus!”. Tornou-se um rito vazio. Quando acontecem coisas graves pelo mundo alguns dizem: “É o fim do mundo”. Vamos viver essa esperança na fé e na caridade, cultivando o íntimo desejo do Senhor. Buscando-O sempre. O desejo é real quando existe a busca. “Buscai o Senhor, já que Ele se deixa encontrar; invocai-o já que está perto” (Is .55,6). Quem busca encontra. Para nós, que cremos, há uma força atrativa que se chama ressurreição. Sem essa, não temos porque acreditar.  “Se não há ressurreição dos mortos, Cristo também não ressuscitou. Se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa pregação, vazia também é nossa fé” (1Cor 15,13). Sendo atraídos, cuidemos que não falte o óleo que alimente a fé; cuidemos que nossa esperança aqueça nossa caridade que é o único modo de mostrar a fé e garantir a esperança.

Inteiramente disponíveis

           As orações da celebração (coleta, oferendas e pós-comunhão), nos indicam a vivência diária: “Afastai todo obstáculo para que, inteiramente disponíveis nos dediquemos ao vosso serviço” (Coleta). A espera se dá no louvor ao Senhor, estando sempre prontos para o serviço. A Eucaristia não é só um rito, mas um mistério a ser vivido (Oferendas). Dele tiramos as “energias” espirituais e humanas. O mistério é celebrado por pessoas. Por isso clama para que haja “perseverança no amor” (Pós-comunhão). A espera não se faz de palavra, mas de gestos concretos. Eucaristia não é um rito espiritual de devoção, mas é o motor transformador do mundo. Se não chega a isso, não celebramos dignamente.

Leituras: Sabedoria 6,12-16; Salmo 62;1 Tessalonicenses 4,13-18; Mateus 25,1-13.

 

 

Ficha nº 2012 - Homilia do 32º Domingo Comum (08.11.20)

 

1. Quanto mais cuidado com a sabedoria, mais ela se manifesta e toma nossa vida.

2. O desejo é real quando existe a busca.

3. A espera se dá no serviço do louvor ao Senhor, estando sempre prontos para o serviço.

 

Acorda, gente!

 

          A celebração do matrimônio era rica em gestos e participação da comunidade. Uma delas era a espera do noivo para a festa. Muitas surpresas. A hora avançou, o sono chegou e a lamparina apagou. Temos então o diálogo das prevenidas e as tontas. Sair do espaço era perder a festa. Temos diálogo. Melhor prevenir e não arriscar.

          O Senhor desconhece quem não o espera vigilante e prevenido.

          Jesus quer ensinar que, é preciso, mesmo que dê umas cochiladas, é preciso estar pronto para qualquer momento. Não adianta chorar por chegar depois que o trem partiu. Jesus também nos previne. O Reino não espera.

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