domingo, 1 de novembro de 2020

Refletindo a Palavra -““Seremos semelhantes a Ele”” - Padre Luiz Carlos

Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista

“Seremos semelhantes a Ele”

 

O povo é santo

           Diz-se que a festa de Todos os Santos foi criada para que não ficassem esquecidos tantos cidadãos da Cidade do Alto, cheios de méritos e também nossos intercessores. A santidade se manifestou de muitos modos na história. Começamos pelos Apóstolos que são as pedras fundamentais da Igreja. São eles os primeiros santos do Novo Testamento. Eles iniciaram a grande imensidão de mártires que continuam até hoje, seguindo o Cordeiro em seu Calvário. Vieram os monges do deserto e das comunidades que viveram um martírio diferente na solidão, na oração e no desapego. Venceram o 

Inimigo. Temos, no correr dos séculos, tantos tipos de santos casados, solteiros, jovens, até crianças que viveram para Jesus. É uma festa de família que nos convida a ver, em nosso meio, tantos que vivem o Evangelho com intensidade, na simplicidade e na dureza da vida. Desses, muitos estão em outras religiões, ou são desconhecidos nas comunidades, ou se dedicam aos múltiplos ministérios da sociedade. Ultimamente foi beatificado um garotão, rei na informática, mas apaixonado por um jogo: amar Jesus de todos os modos. É Carlos Acutis, italiano de 15 anos. A santidade não se mede por muitas rezas ou milagres. Sua medida é a capacidade de amar e dedicar-se aos outros. Às vezes fazemos tantas coisas para dar uma desculpa de não querer assumir a santidade que o Evangelho oferece. São Paulo nos ensina que a maior virtude é a caridade (1Cor 13,13). Sem ela só fazemos barulho.

Caminho suave

           Em que consiste o amor? Amar com totalidade na simplicidade, sem fazer o barulho do orgulho. Todos nós podemos amar. A santidade é uma possibilidade para todos.

Essa receita Jesus no-la deu no início de seu ministério, como nos ensina S. Mateus. Ela se resume em oito pedrinhas que sustentam todo o edifício espiritual. Todas se resumem na simplicidade. Que custa ser pobre desapegado? Fica mais fácil para voar para o Céu. Aqueles que se preocupam com os outros vão ser consolados. Ser manso é tão bom. Imaginemos que esses possuirão a terra. A pessoa mansa e educada cabe em qualquer lugar. Os que procuram a justiça para o mundo são queridos pelos sofredores. E vale a pena. Por que é caminho suave? Porque é feito de misericórdia. Todos querem ser amados como são, como podem e como fazem. Só a misericórdia entende. Os brutamontes não cabem nesse mundo. Para viver nele é preciso ter pureza de coração, sem más intenções, acolhedores sem por medidas. Não somos a medida para ninguém. Nossa medida é o amor de Jesus. Mesmo que haja sofrimento, estaremos unidos ao Sofredor maior. Ele não teve medo de sofrer porque estava apoiado no caminho de simplicidade. Rezamos no salmo: “Quem subirá o monte do Senhor? O que tem mãos puras e inocente o coração”(Sl 23).

Santidade não é sofrimento

           Fuja das pessoas e espiritualidades exigentes. As coisas difíceis a gente pega para si. Para os outros devemos facilitar o mais possível. Por isso Jesus nos coloca a grande verdade que fundamenta a espiritualidade e a santidade: “Somos chamados filhos de Deus e o somos de fato” (1Jo 1,1). Nessa filiação aprendemos a ser como Deus é. Foi isso que Jesus veio mostrar: Fazer a vontade do Pai. Foi esse seu ensinamento. Celebrando todos os santos pedimos: “Vossa graça nos santifique na plenitude do vosso amor, para que, dessa mesa de peregrinos passemos ao banquete de vosso Reino” (Pós Comunhão). Não nos falte o desejo de fazer esse caminho de santidade. Sem isso... Seremos inúteis para o mundo.

Leituras: Apocalipse 7,2-4.9-14 ;Salmo 23; 1João 3,1-3; Mateus 5,1-12ª.

 

Ficha nº 2010 - Homilia da Festa de Todos os Santos (01.11.20)

 

1. É uma festa de família de tantos que viveram o Evangelho na simplicidade.

2. A santidade é uma possibilidade para todos.

3. As coisas difíceis a gente pega para si. Para os outros devemos facilitar.

 

Santo do pau oco

             

              Jesus nos propõe um caminho de santidade. Sempre fizemos muita festa para os santos. Mas os espertalhões de sempre usavam a imagem do santo de madeira, com um buraco dentro, para esconder o ouro que contrabandeavam sem pagar “o quinto” de imposto para o rei de Portugal. Será que descobriam?

           Vivemos em um mundo de muita santidade, pois as pessoas, mesmo sem terem conhecimentos, fazem tantas coisas boas. Jesus não descarta só porque não tem o carimbo Dele. Dele é a riqueza que está dentro de nosso pobre interior. O santo não ganhava nada para levar o ouro. Se levarmos o ouro que é Jesus, nós não pagamos imposto e ganhamos tudo.

           Na comunidade aparecem pessoas que são pau oco. Não tem nada de espiritual e vivem querendo mandar nos outros. Não dá certo. A Deus não se tapea.

 

 

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