Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista
“Manifestação
do Senhor”
Vimos a estrela
“Ó Deus, que hoje revelastes o Vosso
Filho às nações, guiando-as pela estrela” (Coleta) que vai nos
conduzir a “contemplar face a face”. Depois da Ressurreição se iniciou
concretamente a manifestação de Jesus a todos os povos através do testemunho e
pregação dos apóstolos. O importante dessa festa não é saber quantos reis eram,
de onde vieram, como aconteceu. O fundamental, como diz Paulo, é revelado como
um segredo: “Os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo
corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho” (Ef
3,5-6).
Celebramos o mistério da Manifestação do Senhor. É mistério que decorre do
mistério da Trindade que, em Si, não é um Deus estático. Um Deus para Si, mas,
como é Amor, tende a Se difundir, levar a outros a participação de sua vida.
Por isso temos a Manifestação. O Pai envia o Filho para que, pelo Espírito, nos
dê a participação de sua vida. Essa manifestação tem diversos momentos: manifesta-se
aos humildes pastores; vem no amor aos mais necessitados. Manifesta-se aos
Magos convocados pela estrela; é a abertura a todos os povos; Manifesta-se aos
judeus no Batismo: “Este é meu Filho amado em quem me alegro”; são membros do
mesmo povo, discípulos creram Nele” (Jo 2,11); João
apresentou Jesus aos discípulos: “Eis o Cordeiro de Deus” (Jo
1,36).
É uma festa só com diversos momentos. Depois vai se manifestar aos discípulos
como o Ressuscitado que vive. A Manifestação é o Mistério Pascal de Cristo em
sua dimensão de Encarnação. Depois será manifestação da glorificação.
Religião para todos os povos
Os Magos
significam os povos. A estrela é Jesus como temos na profecia de Balaão (Nm
24,17).
Herodes significa a permanente caça ao “Menino” que há no mundo. Os Magos
voltam por outro caminho, desviando-se de Herodes nos mostram que conhecer
Jesus é conhecer caminhos novos. Se a fé é para todos os povos, também deve ser
na maneira de vivê-la. A fé foi engessada numa cultura na qual se confundiram
dados culturais com a fé. Isso foi imposto a tantos povos de tradições mais
antigas. O Concílio Vaticano II compreendeu a necessidade. No decreto Ad
Gentes, sobre a missão da Igreja, nos números 10.11 e 12, indica que a Igreja,
na evangelização, deve inserir-se nas culturas como Cristo se encarnou (AG
10),
realizando o admirável intercâmbio, recebendo dos costumes, tradições, da
sabedoria e das doutrinas... para confessar a glória do Redentor, explicar a
graça do Salvador e ordenar a vida cristã (AG 22). A Constituição Sacrosanctum Concílium 37-40,
orienta-se para a correta inculturação. Não tocou nesse tema nos pontificados
pós S. Paulo VI. Interessou só a restauração. É um desrespeito com a Encarnação
e, até prejudicial, evangelizar sem o modelo da Manifestação do Senhor.
Missão continua
Ir ao Presépio e
voltar pelo mesmo caminho é negar a missão de Cristo que veio para todos os
caminhos. Vimos os apóstolos como foram longe. Descobrir Jesus é anunciá-Lo. O
Natal está perdendo sua finalidade e se tornou uma festa. Nesse ano será pouco
familiar. Quem sabe seja o momento de olhar para o Céu e seguir a estrela e
sair de nossos, nosso mundinho, e ir ao encontro de todos os povos. Ou ao menos
não fechar as portas aos que buscam Jesus, Filho de Deus, nascido em Belém.
Esse Menino enche nosso coração. Que cada pessoa possa sentir a grande alegria dos
Magos que se alegraram com uma alegria muito grande.
Leituras: Isaías 60,1-6;Salmo 71;
Efésios 3,2-3ª.5-6;Mateus 2,1-12
nº 2028 -
Homilia da Solenidade da Epifania (03.01.21)
1.
É
mistério que decorre do mistério da Trindade que, em Si, não é um Deus
estático.
2.
Ir
ao Presépio e voltar pelo mesmo caminho é negar a missão de Cristo.
3.
Se a fé é para todos os povos, também deve ser
na maneira de vivê-la.
Sem endereço
Chegaram
a Jerusalém uns homens diferentes procurando um menino recém nascido. Não
tinham endereço. Tinham a direção. Deve ter dado um auê na cidade aquele povo
diferente. Até que foram ao endereço certo. O Rei que deveria ter parentesco.
Herodes, como nossas autoridades era uma toupeira no conhecimento das coisas da
religião e de outras. Chama então os homens da religião que de cor lhe cantam:
Em Belém de Judá.
Por
que esses homens vieram, dizem do Oriente. Alguns dizem que seria Damasco.
Costumamos colocar três raças. Essa interpretação é de 1500 mais ou menos.
Magos eram estudiosos. Quer dizer que, pela sabedoria se descobrem os caminhos
de Deus, como nos diz Paulo na carta aos Romanos. Acharam o endereço: Se seguem
a Estrela, Jesus, acham o endereço certo. Encontrar Jesus sempre dá alegria.
Acharam. Agora têm o endereço:
Voltar por outro caminho é ter a estrada
segura para levar a outro a grande alegria com que se alegraram.
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