Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista
“Deus amou o mundo”
A lei é perfeita
No caminho da
Páscoa, fazemos memória das alianças com as quais Deus se comprometeu com o
homem que criara. Mas o homem rompeu seu compromisso pelo pecado. Deus não
desiste de oferecer a participação de sua vida, chegando ao ponto de entregar o
próprio Filho para uma nova e eterna aliança. No Sinai Se comprometeu: “Eu vos
tomarei por meu povo e Eu serei vosso Deus” (Ex 6,7). Para viver
esse relacionamento Deus promulga a lei que é a base de toda a convivência
humana. Os dez mandamentos são o conteúdo da aliança da parte do povo. A
pertença a Deus corresponde a uma vida voltada para Ele como o único Senhor e
para a convivência humana como extensão do amor a Deus. Nela estão os princípios de uma vida humana
realizada e um relacionamento com Deus feito na maturidade da fé. Os dez
mandamentos não são cercas ao ser humano, mas setas indicativas do melhor
caminho. Envolve o homem todo em todas as suas atividades. Mais que imposição,
é um dom. A lei é uma fonte de bênçãos. Os mandamentos referentes ao
relacionamento humano são decorrência dos mandamentos referentes a Deus. Jesus
diz não veio destruir a lei, mas cumprir, até mesmo o último pingo do i (Mt
5,17-18).
A aliança do Sinai foi a constituição do povo. Deus prometeu uma descendência.
Essa se realiza no povo eleito que tem por missão guardar a aliança. Jesus
sintetiza essa lei no amor (Mt 22,39-40). Ele próprio é
a maior manifestação da aliança com Deus e, em nosso lugar, a resposta perfeita
do compromisso do povo.
Templo do Corpo
Quando Jesus
entrou no templo, expressão máxima da presença de Deus e resposta do povo
através do culto, encontrou-o cheio de desordem. Como fiel cumpridor da
promessa, limpou o templo. Foi tão repentino que não deixou tempo para pensar.
Esparramou tudo. Os discípulos entenderam depois: “O zelo por tua casa me
devorará” (Sl 69,10 – Jo 2,17). A nova aliança
não será realizada através de sacrifícios de animais como lemos em Gênesis na
aliança com Noé 8, 20-22, com Abraão 15,1-18
e o
povo Êxodo 24,4-8, mas no sangue no próprio sangue
de Cristo (1Cr 11,25. Ele é a vítima imolada. Por
isso diz: “Destruí esse templo e Eu o reedificarei em três dias... Ele falava
do templo de seu corpo. Quando Jesus ressuscitou, os discípulos se lembraram do
que Ele tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra Dele” (Jo
2,21-22).
Ser aliança para os povos, era para Jesus seu sacrifício de entrega por todos e
em nosso lugar. Ressuscitamos com Ele para que se realize em nós a aliança de
acolhimento do desígnio de Deus de unir todos a Si. Vivendo o mandamento de
Jesus, realizamos com Ele a redenção do mundo.
Cristo Crucificado
O centro de todo
o mistério da vida de Deus em nós é Cristo Jesus. Paulo é claro nesse
ensinamento: “Os judeus pedem sinais milagrosos, os gregos procuram sabedoria;
nós porém pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e insensatez
para aos pagãos... para os que são chamados, é poder e sabedoria de Deus...” (1Cor
1,22-24).
Cristo não pode ser enquadrado em nossa mentalidade e nossa ideologia. Não
podemos nos servir de Cristo, mas servir a Cristo. Para que seja verdadeiro e
completo o anúncio, tem que ser fundado em Cristo. Por aí podemos ver o sucesso
de Paulo. Pregou Cristo. Somente participamos de sua vida quando participamos
de sua missão de aliança para os povos.
Leituras:
Êxodo 20,1-17; Salmo 18; 1 Coríntios 1,22-25; João 2,13-25.
Ficha nº 2046 - Homilia do 3º da Quaresma (2703.21)
1. Os dez
mandamentos não são cercas ao ser humano, mas setas que indicam o caminho.
2. Ser aliança
era para Jesus seu sacrifício de entrega por todos e em nosso lugar.
3.
Para que seja verdadeiro e completo o anúncio, tem que ser fundado em Cristo.
Faxina total.
Quando se
resolve fazer uma faxina total é um carnaval sem música. Tudo se revira. É uma
batalha. E, apesar da confusão, deixa uma sensação de alegria. E de canseira.
Foi o que Jesus fez no templo. Essa
faxina, que não deu tempo de defesa, é um sinal do modo como se deve
evangelizar: não dar tempo de meias medidas, de conversas inúteis, mas de uma
mudança repentina e total. Não dá para meia fé...meio cristianismo.
Os convertidos são radicais. Paulo
vai para o chão direto. Ali dá seu golpe: “Quem és tu, Senhor? Eu sou Jesus a
quem tu persegues”, responde Jesus. Eu sei o Jesus que escolhi. Consertar a
Igreja é dar uma faxina total, limpar de Pedro ao último fiel. Espanar o templo
vivo que é Jesus, aquele que fazemos a nossa imagem.
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