quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Refletindo a Palavra - “Deus amou o mundo” - Padre Luiz Carlos

                                                   

Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista

 “Deus amou o mundo”

 

A lei é perfeita

           No caminho da Páscoa, fazemos memória das alianças com as quais Deus se comprometeu com o homem que criara. Mas o homem rompeu seu compromisso pelo pecado. Deus não desiste de oferecer a participação de sua vida, chegando ao ponto de entregar o próprio Filho para uma nova e eterna aliança. No Sinai Se comprometeu: “Eu vos tomarei por meu povo e Eu serei vosso Deus” (Ex 6,7). Para viver esse relacionamento Deus promulga a lei que é a base de toda a convivência humana. Os dez mandamentos são o conteúdo da aliança da parte do povo. A pertença a Deus corresponde a uma vida voltada para Ele como o único Senhor e para a convivência humana como extensão do amor a Deus.  Nela estão os princípios de uma vida humana realizada e um relacionamento com Deus feito na maturidade da fé. Os dez mandamentos não são cercas ao ser humano, mas setas indicativas do melhor caminho. Envolve o homem todo em todas as suas atividades. Mais que imposição, é um dom. A lei é uma fonte de bênçãos. Os mandamentos referentes ao relacionamento humano são decorrência dos mandamentos referentes a Deus. Jesus diz não veio destruir a lei, mas cumprir, até mesmo o último pingo do i (Mt 5,17-18). A aliança do Sinai foi a constituição do povo. Deus prometeu uma descendência. Essa se realiza no povo eleito que tem por missão guardar a aliança. Jesus sintetiza essa lei no amor (Mt 22,39-40). Ele próprio é a maior manifestação da aliança com Deus e, em nosso lugar, a resposta perfeita do compromisso do povo.

Templo do Corpo

           Quando Jesus entrou no templo, expressão máxima da presença de Deus e resposta do povo através do culto, encontrou-o cheio de desordem. Como fiel cumpridor da promessa, limpou o templo. Foi tão repentino que não deixou tempo para pensar. Esparramou tudo. Os discípulos entenderam depois: “O zelo por tua casa me devorará” (Sl 69,10 – Jo 2,17). A nova aliança não será realizada através de sacrifícios de animais como lemos em Gênesis na aliança com Noé 8, 20-22, com Abraão  15,1-18 e o povo Êxodo 24,4-8, mas no sangue no próprio sangue de Cristo (1Cr 11,25. Ele é a vítima imolada. Por isso diz: “Destruí esse templo e Eu o reedificarei em três dias... Ele falava do templo de seu corpo. Quando Jesus ressuscitou, os discípulos se lembraram do que Ele tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra Dele” (Jo 2,21-22). Ser aliança para os povos, era para Jesus seu sacrifício de entrega por todos e em nosso lugar. Ressuscitamos com Ele para que se realize em nós a aliança de acolhimento do desígnio de Deus de unir todos a Si. Vivendo o mandamento de Jesus, realizamos com Ele a redenção do mundo.

Cristo Crucificado

           O centro de todo o mistério da vida de Deus em nós é Cristo Jesus. Paulo é claro nesse ensinamento: “Os judeus pedem sinais milagrosos, os gregos procuram sabedoria; nós porém pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e insensatez para aos pagãos... para os que são chamados, é poder e sabedoria de Deus...” (1Cor 1,22-24). Cristo não pode ser enquadrado em nossa mentalidade e nossa ideologia. Não podemos nos servir de Cristo, mas servir a Cristo. Para que seja verdadeiro e completo o anúncio, tem que ser fundado em Cristo. Por aí podemos ver o sucesso de Paulo. Pregou Cristo. Somente participamos de sua vida quando participamos de sua missão de aliança para os povos.

Leituras: Êxodo 20,1-17; Salmo 18; 1 Coríntios 1,22-25; João 2,13-25.

 

 

 

Ficha nº 2046 - Homilia do 3º da Quaresma (2703.21)

 

1. Os dez mandamentos não são cercas ao ser humano, mas setas que indicam o caminho.

2. Ser aliança era para Jesus seu sacrifício de entrega por todos e em nosso lugar.

3. Para que seja verdadeiro e completo o anúncio, tem que ser fundado em Cristo.         

 

                                                      Faxina total.

 

           Quando se resolve fazer uma faxina total é um carnaval sem música. Tudo se revira. É uma batalha. E, apesar da confusão, deixa uma sensação de alegria. E de canseira.    

           Foi o que Jesus fez no templo. Essa faxina, que não deu tempo de defesa, é um sinal do modo como se deve evangelizar: não dar tempo de meias medidas, de conversas inúteis, mas de uma mudança repentina e total. Não dá para meia fé...meio cristianismo.

 

           Os convertidos são radicais. Paulo vai para o chão direto. Ali dá seu golpe: “Quem és tu, Senhor? Eu sou Jesus a quem tu persegues”, responde Jesus. Eu sei o Jesus que escolhi. Consertar a Igreja é dar uma faxina total, limpar de Pedro ao último fiel. Espanar o templo vivo que é Jesus, aquele que fazemos a nossa imagem.

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