Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista
“Ele
conforta os corações”
Jesus curou muitos
O salmo traz a
resposta a todas as angústias que nos cercam em nossos sofrimentos: “Ele conforta
os corações despedaçados; Ele enfaixa nossas feridas e as cura” (Sl
146).
A Palavra de hoje está carregada de dores, de sofrimentos e de sofredores.
Desde o sofredor Jó, a sogra de Pedro, os doentes que acorrem e os necessitados
do Evangelho. Percorremos o grande rosário de misérias da humanidade. Deus fez
o homem do barro, cheio de fragilidades. A vida se arrasta em dores e males.
Então o Pai do Céu manda seu Filho para libertar-nos de todos os males e de
desgraças espirituais e corporais. Deus quer o homem vivo. O projeto de Deus
não é a dor e o mal, mas a alegria e a graça. Jesus mesmo, passando por tudo o
que passou, não deixou de se apoiar totalmente no Pai. Por isso ressuscitou.
Ele venceu o mal e a morte. S. Paulo clama: “Morte, onde está tua vitória?
Morte onde “está o teu aguilhão. O aguilhão da morte é o pecado. Mas, Deus dá a
vitória por meio de Jesus Cristo” (1Cor
15,55-57).
A dor de toda pessoa reflete o quanto o mal faz mal. Vemos o mundo que se
arrasta em sofrimento, sobretudo no meio dos mais empobrecidos. Mas o mal maior
é o pecado que destrói o homem e o leva a ser uma fonte de mal. Jó descreve com
a própria vida e pessoa a experiência do mal. A resistência da fé espera os
tempos de Deus. O mal não é o fim do homem. Jesus dá o remédio para os males: a
fé.
Sopro da vida
Jesus fazia as
curas, mas ao mesmo tempo dava o sopro de vida. Percorria a Galiléia, pregando
em suas sinagogas. A pregação de Jesus é o anúncio do sopro de Vida que vem
sobre o mundo, sobretudo, dos mais sofredores. Tirava sua energia espiritual do
encontro com o Pai em suas orações: “De madrugada, quando ainda estava escuro,
Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto” (Mc
1,35).
Ali retirava a energia transformadora. Sua oração como que o recarregava para
dar o remédio forte que é a evangelização. Ele pregava por todos os lugares. É
o mesmo caminho que Paulo faz: “Pregar para mim, não é um motivo de glória. É
antes uma necessidade para mim, uma imposição. Ai de mim se eu não evangelizar”
(1Cor
9,16).
A evangelização é o respiro para quem evangeliza e por quem é evangelizado.
Infelizmente nossa evangelização perdeu seu vigor e só vemos o corpo da Igreja
debilitar-se. Perdemos o sentido? Não estamos evangelizados? Só evangeliza quem
tem em Jesus Cristo sua verdade. Se não, as palavras se perdem no vazio.
Pregar é um encargo que recebi
No meio da dor e
da dificuldade da vida, o Evangelho liberta das muitas dores que atingem o
coração e a vida de todas as pessoas. Jesus curava para que o Evangelho
penetrasse os corações e todos passassem a servir, como a sogra de Pedro: “Jesus
a segurou pela mão, ela levantou-se e começou a servi-los”. O maior serviço que
podemos prestar é anunciar o evangelho que renova todas as coisas. Isso é uma
glória. Esse é o salário. O pagamento é a alegria de anunciar. Quando se diz
“somos servos inúteis. Fizemos o que devia ser feito” (Lc
17,7),
não se trata de uma inutilidade de trabalho ou pessoa, mas da união do servo e
o serviço. O pagamento é o prazer de evangelizar. Paulo diz: “a missão não é
uma iniciativa própria, mas um encargo que lhe foi confiado (1Cor
9,17)”.
Trata-se de um identificar-se com a missão evangelizadora. Esse é o serviço
fundamental que Jesus nos confia: “Ide por todo mundo anunciai o evangelho a
toda a criatura” (Mc 16,15).
Leituras Jo 7,1-4.6-7; Salmo 146;
1 Coríntios 9,16-19.22-23. Marcos 1,16-19.22-23
Ficha nº 2038 -
Homilia do 5º Domingo Comum (07.02.21)
1. O projeto de
Deus não é a dor e o mal, mas a alegria e a graça.
2. A
evangelização é o respiro para quem evangeliza e para quem é evangelizado.
3. O maior
serviço que prestamos é anunciar o evangelho que renova todas as coisas.
Mundo podre
Temos nojo da
sujeira e das feridas. Temos horror dos males. Mas é o que vemos todo dia. O
mundo está apodrecendo. Por maiores que sejam os recursos, vemos males por
todos os lados. A informação é rápida. Não somente os males físicos, mas,
sobretudo os males morais emporcalham o mundo. Esse mundo que foi feito como
jardim do paraíso para o homem, tornou-se uma esterqueira. O homem é um animal
porco... sem querer ofender o mal citado.
É notório que o Evangelho veio para
curar todos os males, retirar todos os demônios e dar toda a saúde. Somente ele
pode dar uma solução geral para o mundo sair dessa porcaria em que se meteu.
Nosso pagamento será sempre o mesmo de Paulo: a alegria de ver o homem
renascer.
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