Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista
“Alegra-te, Jerusalém”!
Aliança que restaura
Todos os anos o
quarto domingo da Quaresma nos dá uma nota de alegria. São os primeiros raios
da Páscoa que iluminam o mundo. No contexto da aliança, resplandece sempre o
esplendor da nova aliança realizada em Jesus e por Ele. A nota de alegria é
sentida pelo povo quando, depois de um grande exílio, veio a libertação e o
retorno à pátria amada. Cantaram com muita dor: “Juntos aos rios da Babilônia
nos sentávamos e chorando, com saudades de Sião” (Sl 136). Deus perdoa e
esquece. Jesus é a expressão máxima da resposta de Deus à dor humana, fruto do
pecado. A infidelidade tem preço. Mas a fidelidade de Deus é maior que o pecado
humano. Jesus assume o sofrimento
humano, fruto do pecado e liberta a humanidade da condenação. Por isso, se faz
homem, assume a carne do pecado e sendo crucificado oferta a Deus adesão ao
desígnio de salvação. Nele temos a reconciliação. Nele fazemos nossa adesão ao
desígnio de vida nova. O grande convite de Jesus, do alto da cruz, é fazer o
julgamento: oferecer a luz, para que, todo aquele que Nele crer tem a vida
eterna. Quem não crer já foi julgado e está condenado: “Quem não crê, já está
condenado, porque não acreditou no nome do Filho Unigênito” (Jo
3,18).
O julgamento não se faz na justiça humana, mas nas “obras que Deus preparou
para que nós as praticássemos” (Ef 2,10).
Rico em misericórdia
Todo o
relacionamento do Deus da aliança com seu povo, e depois em Cristo, com o
universo, se faz na base da misericórdia. Ouve-se dizer que Deus é misericordioso,
mas é também justo. Exatamente, sua justiça se funda na misericórdia. Por isso
o arrependimento só acontece quando cremos que Deus nos ama com intensidade. Falsos
como somos, queremos justiça, mas para os outros. Esquecemos de olhar nossos
fardos. Jesus dizia: “Por que reparas no cisco que está no olho do teu irmão,
quando não percebes a trave que está no teu?” (Mt 7,3). Por isso, não
julgar. Se julgar, seja com a misericórdia.
Paulo, em Efésios, salienta que “Deus é rico em misericórdia”. Não fizemos nada
por merecer, pois “quando ainda estávamos mortos por causa de nossas faltas, Ele
nos deu a vida com Cristo. É por graça que vós sois salvos!” (Ef 2,4-5). Deus não nos condena, pois Cristo, em
sua Paixão e Ressurreição abriu para nós as portas do Paraíso. Paulo afirma:
“Deus não enviou seu Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja
salvo por Ele” (Jo 3,17). À medida que nos aproximamos da
verdade desse amor, manifestamos que nossas obras são feitas em Deus (Jo
3,21).
Uma pastoral que se preze deve ser feita na base da misericórdia, senão, não é
cristã. Jesus salvou o mundo manifestando a riqueza da graça (id
7)
Agir na verdade
“O julgamento é
este: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiam as trevas à luz porque suas
obras são más” (Jo 3,18-19). As obras boas são fruto da opção por Jesus Salvador.
João insiste: “Quem age conforme a verdade aproxima-se da luz, para que se manifeste
que suas ações são realizadas em Deus” (Jo 3,21). Não basta a
fé, é preciso que a fé se manifeste através das obras, como diz Tiago (2,18). A caridade
para com Deus só acontece quando ela se concretiza na caridade para com o
próximo. Paulo também afirma que o que “vale é a fé agindo pela caridade” (Gl
5,6).
João em sua carta diz: “Esse é o seu mandamento: crer no nome de Jesus e
amar-nos uns aos outros” (1Jo 3,23). A fé cristã
não é um conjunto de doutrinas, mas uma vida de amor que se realiza no múltiplo
cuidado dos outros.
Leituras: 1 Crônicas 36,14-16;
Salmo 136; Efésios 2,4-10; João 3,14-21.
Ficha nº 2048 -
Homilia do 4º Domingo da Quaresma (14.03.21)
1. Jesus é a
expressão máxima da resposta de Deus à dor humana, fruto do pecado.
2. Deus é misericordioso,
mas é também justo e sua justiça se funda na misericórdia.
3. As obras boas
são fruto da opção por Jesus Salvador.
Namoro
antigo
Percorrendo o
caminho do povo de Deus, que nem sempre foi de Deus, vemos que foi um namoro
difícil. O povo é tido como a esposa nem sempre fiel. O resultado é sempre
pesado: o povo curte um grande sofrimento. A gente paga por onde peca. No
excesso de sua liberalidade diante da lei, encontra a prisão, o exílio, a
deportação.
Os profetas admoestaram, mas eles zombaram
dos profetas, desprezaram a Palavra de Deus. Até que Deus perdeu a calma. Foram
para o exílio, a cidade foi destruída e o povo humilhado.
Mas... o namorado volta ao antigo
amor. Deus ama muito e não suporta que sua amada sofra mais. Vê as lágrimas e o
arrependimento. Então, comovido, restaura a situação.
Para encontrar o remédio para todos
os males, Jesus morre e ressuscita. Todos os que Nele creem tem a vida eterna.
É um amor eterno.
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