Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista
“A morte que dá
vida”
Aliança do coração
A aliança do
coração, proclamada por Jeremias, é um passo a mais no caminho para aliança
feita no sangue de Jesus que é um “contrato” assinado pelo coração e não pelo
sangue de vítimas animais. A lei foi dada no Sinai. Agora é proclamada no
coração, montanha mais alta que o Sinai. Não escrita em pranchas de pedra, mas impressa
no coração. Estabelece o contrato pelo conhecimento. Por isso o fiel vai pedir
que Deus lhe dê um coração puro, um espírito decidido (Sl
50).
É nesse coração que se fundamenta o relacionamento de Deus com seus filhos. É
ali, no coração de Cristo, que se estabelece o altar do sacrifício dessa
aliança, “pela obediência a Deus por aquilo que sofreu” (Hb
5,8).
O sangue dessa aliança escorreu primeiro do coração. Depois, desse mesmo
coração escorreu para ser vida: “De seu coração escorreu sangue e água” (Jo
19,34)
que serão para os cristãos o Batismo e a Eucaristia. Recebendo esses
sacramentos e vivendo-os, completamos o caminho longo das alianças de Deus com
seu povo. Agora estão abertas a todos os povos. “Vós que outrora não éreis povo,
agora sois povo de Deus” (1Pd 2,10). O profeta Jeremias afirma que essa aliança
está na linha do sentimento e do conhecimento: “Imprimirei minha lei em suas
entranhas, e hei de inscrevê-la em seu coração”. Ela concluirá como mútuo
conhecimento de pertença: “Serei o seu Deus e eles serão o meu povo” (Jr
30,22).
Jesus, autor dessa nova aliança, vive-a na sua entrega ao Pai e transmite-a a
todos que o acolheram: “A todos que o acolheram, deu-lhes o poder se tornarem
filhos de Deus: aqueles que creem em seu nome”(Jo
1,12).
Caminhar com o mesmo amor
Rezamos na
oração da coleta : “Dai-nos, por vossa graça, caminhar com alegria na mesma
caridade que levou vosso Filho a entregar-se à morte no seu amor pelo mundo”. É
o amor redentor que fundamenta a nova aliança que nos abriu o caminho da
redenção. Fomos salvos por amor e, somente no amor, podemos acolher os frutos
da redenção. No Sinai, foram dados os dez mandamentos. Na ceia Jesus dá o novo
mandamento, o seu mandamento: “Este é o meu preceito: amai-vos uns aos outros
como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos
amigos” (Jo 15,12-13). Esse
mandamento é o código da nova e eterna aliança. Ele é o fundamento do novo
povo, como os dez mandamentos foram para o povo no Sinai. Daqui nasce o novo
povo. Se fizermos diferentemente, estamos na situação daqueles que recusaram a
pessoa de Jesus, sua doutrina e sua missão. O que desfibra a Igreja é a atitude
de infidelidade que percorre todas as alianças. A Quaresma acentua a
penitência, o jejum, a oração. Mas só têm sentido quando vivemos o amor. A
Campanha da Fraternidade sempre buscou o gesto concreto.
Queremos ver Jesus
Os gregos querem ver Jesus. Ele então
prorrompe numa grande proclamação de sua missão: “Chegou a hora em que o Filho
do Homem vai ser glorificado. A glorificação é o cumprimento de sua missão na
cruz. Elevar na cruz era sua glorificação. Entende sua vida entregue à morte,
como a semente que só terá sentido, se morrer. Assim produz fruto. É o
ensinamento sobre o sentido da vida: “Quem se apega a sua vida, perde-a. Mas
quem faz pouca conta de sua vida neste mundo, vai conservá-la para a vida
eterna. Somente assim que se pode ser cristão. A Igreja só se realiza na
entrega ao mundo. A vida é eucarística quando realiza as palavras: “Isso é meu
corpo que é entregue por vós”
Leituras Jeremias 31.31-34; Salmo
50;Hebreus 5,7-9;João 12,20-33.
Ficha nº 2050 - Homilia do 5º Domingo da Quaresma (21.03.21)
1. É no coração
de Cristo, que se estabelece o altar do sacrifício da nova aliança.
2. Fomos salvos
por amor e, somente no amor, podemos acolher os frutos da redenção.
3. A Igreja só
se realiza na entrega ao mundo.
Negócio mal
feito
Deus não é um
bom negociante, sobretudo com gente que não cumpre os compromissos. Os outros
dão golpes Nele. Diversas vezes fez um acordo no qual se comprometeu totalmente
com a outra parte que não cumpriu os acordos. Mas... não desistiu. Queria mesmo
vender seu peixe. Vendeu diversas vezes. O que aconteceu foi que a outra parte
não cumpriu o trato feito. Tiveram que pagar pesadas multas. Depois, com dó,
Ele voltou e continuou favorecendo.
Assim foi a história das alianças de
Deus com seu povo. Moisés mesmo dizia: esse povo tem cabeça dura. Parece que só
aprende apanhando. E apanhou bem. Voltavam atrás, por um tempo... depois se
esqueciam.
O profeta Jeremias leva a aliança para
o centro da decisão que é o coração decidido por Deus. Aí vai funcionar, pois
Jesus é essa nova aliança que cumpre o trato com o Pai e nos envolve.
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