Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista
Pastoral
da Quaresma
Para o bem de todos
O que não é mais
o mesmo, insiste em manter as mesmas coisas. A Igreja tem o início na pessoa de
Jesus que envia o Espírito para que os apóstolos pudessem evangelizar todo
mundo com sua autoridade. São continuação de Jesus e de seu poder. Assim nos
escreve S. Mateus: “Ide, portanto, e fazei que todas os povos se tornem
discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e
ensinando-as a observar tudo quanto vos ordeneis. E eis que estou convosco
todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 28,19-20). Dessa palavra
a Igreja fez o seu caminho, procurando sempre o que é melhor para o seguimento
de Jesus. Cada época deu sua contribuição. Sempre se convertendo, buscando o
melhor modo de compreender a fé e vivê-la na comunidade. A pastoral da
renovação parte do conhecimento da Palavra de Deus, da tradição da fé e da
necessidade dos tempos. A Igreja não pode se identificar com um modelo humano,
mas contribuir para que ele corresponda à resposta que podemos dar a Deus no
contexto humano. Por isso, a Igreja sempre se renova (Karl
Barth 1947).
O que fortalece o conteúdo da fé é sempre apresentá-lo com mais clareza. Não podemos ser medida para Deus. Procura-se
o bem do povo de Deus, sem perder a clareza da doutrina. Por isso, o que era
bom um dia, nem sempre é bom para todos os dias. A Quaresma, que passou por
muitas épocas, trouxe consigo bens a serem mantidos e outros a serem deixados. Ela
não existe para si, mas tem a finalidade promover a conversão. Renovamos as
promessas do Batismo pelo qual somos inseridos em Cristo. O que nosso tempo tem contribuído para a
melhor preparação para a Páscoa?
Páscoa da Ressurreição
O jejum, a oração e a esmola atravessam
os tempos como características da Quaresma. Mas evoluiu para uma compreensão
mais aprofundada. Quanto ao jejum: passar fome, muita gente passa, mas não é
jejum. A esmola não é só distribuir bens, mas promover a vida em seu sentido
integral. Oração não só rezar individualmente, mas tem a dimensão comunitária.
Jesus nos salvou individualmente, mas também como parte de um corpo. O Brasil
fez uma belíssima adaptação através das reuniões de setores para a vivência
comunitária da oração e reflexão da Campanha da Fraternidade, que não existe em
outras partes da Igreja. Partimos então para o comunitário, não só individual.
É justamente o caminho do Concílio Vaticano II. A dimensão de Páscoa é
integrante da Quaresma. Não era antes. Podemos lembrar que o povo todo ia à
procissão do Senhor Morto. Mas poucos à celebração da Vigília Pascal, que é
fundamental. Não descartou a procissão, mas encaminhou para o fundamental que é
a Ressurreição do Senhor. Perdemos valores, mas ganhamos outros. Todos os elementos
da piedade popular provêm de uma época em que a liturgia era coisa de padre,
rezada em latim. Belezas infinitas. Mas o povo não fazia parte. Cada tempo tem
o dever de acolher e o direito de criar o melhor para expressar o mistério, que
se traduz no amor e na misericórdia.
Dimensão batismal
A celebração da Quaresma nasceu da
celebração dos batismos dos catecúmenos na Vigília Pascal que é a celebração da
Ressurreição que acontece em quem é batizado. Para esse momento foi composta,
pelos tempos, uma liturgia própria. Foram feitos belíssimos batistérios, já nos
tempos das “Domus Ecclesiae” quando não havia ainda igrejas, mas a celebração
“na casa da comunidade”. Os fiéis se uniam aos batizandos acompanhando na
preparação e na celebração. Nós, que não vivemos essa realidade. Mudamos o
sentido para a renovação do batismo e a retomada da vivência da fé.
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