segunda-feira, 12 de abril de 2021

Era uma vez... RAZÕES PARA A ALEGRIA - Padre Valdo

 

Pe. Valdo Bartolomeu de Santana
Pároco da Paróquia
Santo Antônio de Junqueirópolis

RAZÕES PARA A ALEGRIA

 

Era uma vez um famoso sábio alemão, que, tendo que ampliar seu laboratório de pesquisa, alugou uma casa vizinha a um convento de carmelitas. Pensava:

- Que maravilha, aqui vou desfrutar de um silêncio garantido!

De fato, o tempo comprovou que o silêncio efetivamente reinava em sua casa ... exceto nas horas de recreio. Nessas horas no pátio vizinho estalavam esguichos de risadas, gargalhadas límpidas, um fervilhar inextinguível de alegria. Era uma alegria que penetrava pelas portas e janelas. Um júbilo que perseguia o investigador que debalde fechava todas as brechas de comunicação com as vizinhas.

- Por que riam tanto aquelas monjas? Qual o motivo de tanta risada? Essas perguntas intrigavam o pesquisador. Tanto que a curiosidade o impeliu a conhecer a vida das religiosas.

- De que coisas riam se eram pobres? Por que eram felizes se não usufruíam nada do que alegra este mundo? Como podia o selênico abastecer sua oração? Tal era o efeito que brotava só da amizade? Que havia no fundo de seus olhos que os fazia brilhar dessa maneira?

Aquele sábio alemão não tinha fé. Não podia entender que aquilo, que para ele era pura ficção, puros sonhos sem sentido, pudesse satisfazer uma alma. E, menos ainda, pudesse alegrá-la até o extremo.

E começou a ficar obsessionado. Começou a sentir-se circundado de ondas de risadas que agora escutava a qualquer hora. E em sua alma nasceu uma inveja que não tinha coragem de confessar nem para si mesmo. Deveria haver "algo" que ele mesmo não entendia, um mistério que o superava. Aquelas mulheres, pensava, não conheciam o amor, nem o luxo, nem o prazer, nem a diversão. Que tinham, além de uma somatória de solidões?

Um dia atreveu-se falar com a priora e esta lhe explicou a razão:

- É que somos esposas de Cristo.

- Porém - argumentou o cientista - Cristo morreu há dois mil anos.

Nessa hora o sorriso da religiosa cresceu e o sábio tornou a ver em seus olhos aquele brilho que tanto o intrigava.

- O senhor está enganado - disse a religiosa; - o que aconteceu há dois mil anos foi que, vencendo a morte, ressuscitou.

- E é por isso que são felizes?

- Sim. Nós somos as testemunhas de sua ressurreição.

 

Reflexão. Quantos cristãos são conscientes de que é esse o seu "ofício", de que essa é a "tarefa" que lhe encomendaram no dia do seu batismo? Por que os que cremos não "perseguimos" o mundo com a única arma de nossos sorrisos, de nosso gozo interior? Por que não se reconhece um cristão na rua pelo brilho dos seus olhos? Por que, nossas Eucaristias não conseguem fazer com que saiam das Igrejas ondas de alegria?

- Cristãos que fizestes de vossa alegria?

Porque do mesmo modo que os apóstolos convivendo com Cristo durante três anos não se deram conta plenamente de quem era aquele que convivia com eles, e precisaram da ressurreição e, acima de tudo, da vinda do Espírito Santo para descobri-Lo, nós, vinte séculos depois ainda não nos demos conta da explosão de entusiasmo que significou seu nascimento e sua vida.

Cristo ressuscitou, alegremo-nos, aleluia...

Feliz Páscoa!

 

padrevaldo7@gmail.com

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