Pe. Valdo Bartolomeu de Santana
Pároco da Paróquia
Santo Antônio de Junqueirópolis
RAZÕES PARA A ALEGRIA
Era uma vez um
famoso sábio alemão, que, tendo que ampliar seu laboratório de pesquisa, alugou
uma casa vizinha a um convento de carmelitas. Pensava:
- Que
maravilha, aqui vou desfrutar de um silêncio garantido!
De fato, o
tempo comprovou que o silêncio efetivamente reinava em sua casa ... exceto nas
horas de recreio. Nessas horas no pátio vizinho estalavam esguichos de risadas,
gargalhadas límpidas, um fervilhar inextinguível de alegria. Era uma alegria
que penetrava pelas portas e janelas. Um júbilo que perseguia o investigador
que debalde fechava todas as brechas de comunicação com as vizinhas.
- Por que riam
tanto aquelas monjas? Qual o motivo de tanta risada? Essas perguntas intrigavam
o pesquisador. Tanto que a curiosidade o impeliu a conhecer a vida das
religiosas.
- De que
coisas riam se eram pobres? Por que eram felizes se não usufruíam nada do que
alegra este mundo? Como podia o selênico abastecer sua oração? Tal era o efeito
que brotava só da amizade? Que havia no fundo de seus olhos que os fazia
brilhar dessa maneira?
Aquele sábio
alemão não tinha fé. Não podia entender que aquilo, que para ele era pura
ficção, puros sonhos sem sentido, pudesse satisfazer uma alma. E, menos ainda,
pudesse alegrá-la até o extremo.
E começou a
ficar obsessionado. Começou a sentir-se circundado de ondas de risadas que
agora escutava a qualquer hora. E em sua alma nasceu uma inveja que não tinha
coragem de confessar nem para si mesmo. Deveria haver "algo" que ele
mesmo não entendia, um mistério que o superava. Aquelas mulheres, pensava, não
conheciam o amor, nem o luxo, nem o prazer, nem a diversão. Que tinham, além de
uma somatória de solidões?
Um dia
atreveu-se falar com a priora e esta lhe explicou a razão:
- É que somos
esposas de Cristo.
- Porém -
argumentou o cientista - Cristo morreu há dois mil anos.
Nessa hora o
sorriso da religiosa cresceu e o sábio tornou a ver em seus olhos aquele brilho
que tanto o intrigava.
- O senhor
está enganado - disse a religiosa; - o que aconteceu há dois mil anos foi que,
vencendo a morte, ressuscitou.
- E é por isso
que são felizes?
- Sim. Nós
somos as testemunhas de sua ressurreição.
Reflexão.
Quantos cristãos são conscientes de que é esse o seu "ofício", de que
essa é a "tarefa" que lhe encomendaram no dia do seu batismo? Por que
os que cremos não "perseguimos" o mundo com a única arma de nossos
sorrisos, de nosso gozo interior? Por que não se reconhece um cristão na rua
pelo brilho dos seus olhos? Por que, nossas Eucaristias não conseguem fazer com
que saiam das Igrejas ondas de alegria?
- Cristãos que fizestes de vossa alegria?
Porque do mesmo modo que os apóstolos convivendo com Cristo durante
três anos não se deram conta plenamente de quem era aquele que convivia com
eles, e precisaram da ressurreição e, acima de tudo, da vinda do Espírito Santo
para descobri-Lo, nós, vinte séculos depois ainda não nos demos conta da
explosão de entusiasmo que significou seu nascimento e sua vida.
Cristo ressuscitou, alegremo-nos, aleluia...
Feliz Páscoa!
padrevaldo7@gmail.com
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