segunda-feira, 5 de abril de 2021

Refletindo a Palavra - “Aleluia! Ressuscitou!” - Padre Luiz Carlos

Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista

 “Aleluia! Ressuscitou!” 

 Viu e acreditou

           Páscoa de Jesus! O acontecimento único na história se torna para nós o maior momento. Falar de Ressurreição de Jesus é um desafio porque não a colocamos em nossa vida. É bonito ver como os apóstolos viveram intensamente esse momento. Viveram, pois viram o Vivo. Não dá para imaginar o que passou no coração de cada apóstolo e cada discípulo que viveu com Jesus. Depois do terror daquela morte vem esplendor da vida. Ver o túmulo vazio para João era a certeza da ressurreição. Por que as mulheres foram as primeiras? A Igreja é a testemunha fundamental da Ressurreição. Crer é mais que ver. Os soldados viram o momento e contaram aos chefes do povo que os subornaram para que mentissem dizendo que o corpo fora roubado. Se mentiram é porque sabiam da verdade. Sabiam, mas não tiveram fé. A fé transformou os discípulos. Celebrando os mistérios da Ressurreição vivemos o mesmo drama entre o ver e o crer. Crer supõe a certeza que leva à adequação da vida ao que acreditamos. Enquanto não passamos a Ressurreição para a vida não acreditamos ainda. A Ressurreição chega à vida pela celebração da comunidade. Ela é uma continuada encarnação e se torna sacramento da Ressurreição. O texto proclamado discerne a verdade e a torna presente pela ação do Espírito que age naquele que crê. Jesus Se manifestava sempre no 8º dia. O domingo era o dia da comunidade. É nela que conhecemos e acolhemos a presença Daquele que foi tragado pela morte e a tragou. As celebrações não são meros ritos, mas sacramentos da Vida, Morte e Ressurreição de Jesus.

Nós comemos com Ele

           A certeza da Ressurreição fez parte da vida normal dos discípulos. Ele não foi visto por todo povo, mas somente por nós, que somos as testemunhas que Deus já havia escolhido “nós que comemos e bebemos com Jesus, depois que ressuscitou dos mortos” (At 10,4041). O comer e beber juntos, vai além de uma simples refeição. Está a dizer vivemos o cotidiano com Ele, normalmente. Essa é a fonte que nos transmite a verdade da Ressurreição. Deus escolheu algumas testemunhas para comunicar o fato. É belo, na fé, acolher o testemunho de homens humildes e sem conhecimentos raros, mas nascidos de uma fé autêntica daqueles que conviveram com Ele. O que toca a pessoa que ouve o testemunho, não são as palavras, mas a fé que é implantada no coração.  Não entenderíamos como a fé se difundiu e se estabilizou em tantos povos. Quem sabe a fragilidade de nossas comunidades, nossas instituições e vida estejam justamente na falta de acolher o testemunho. Vivemos, não a partir da fé, mas de nossos interesses. Só através do acolhimento do testemunho dos apóstolos que poderemos renovar nossas comunidades. A Ressurreição não se reduz a um ato litúrgico, mas na fé que o faz.

Vida do alto

           A aceitação do anúncio não fica no intelecto espiritual, mas vai às mãos: “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto... aspirai às coisas celestes e não às terrestres ”(Cl 3,1-2). A vida do cristão tem os pés no céu, mas tem as mãos na terra onde continua a vida de Jesus como nos escreve Pedro: “Ele andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo demônio; porque Deus estava com Ele” (At 10,38). Embora não possamos explicar a Ressurreição por uma visão pessoal, mas podemos demonstrar sua realidade pelo que somos capazes de mudar no mundo e na realidade em que vivemos.

Leituras:Atos 10,34ª.37-43;Salmo 117; Colossenses 3,1-4; Jo 20,1-9

Ficha nº 2044 - Homilia do Domingo de Páscoa (04.04.21)

 

1. Enquanto não passamos da Ressurreição para a vida não acreditamos ainda.

2. O que toca a pessoa não são as palavras, mas a fé que é implantada no coração. 

3. A aceitação do anúncio não fica no intelecto espiritual, mas vai às mãos.

 

Brincadeira!

            Depois Jesus apareceu a Madalena que foi anunciar aos discípulos que estavam chorosos. Não acreditaram (Mc 16,10). Pedro e João correm ao túmulo. O defunto sumiu. A outra o confunde com o jardineiro. As mulheres encontrando o túmulo vazio voltam e o encontram no caminho. Vão contar e não acreditam. Os dois que iam para Emaús não o reconhecem. De repente Jesus se põe no meio do grupo reunido. A alegria era tanta que parecia brincadeira. Não acreditavam.  Jesus pede um pedaço algo para comer para mostrar que não era fantasma! Diz: Fantasma não tem carne e ossos como tenho. Assa peixe na margem do lago. Deve ter sido linda a alegria deles.

           Depois de terem esse encontro com Ele, não poderiam fazer mais nada que contar para todos os que foram chamados à fé. Bonito que acreditaram. A fé tem algo humano. Quem sabe a fé seja tão pouca no mundo porque não temos essa fé na Ressurreição. Ninguém vai ficar sabendo que Jesus existe, se não contarmos.

          

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