Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista
“Aleluia!
Ressuscitou!”
Páscoa de Jesus! O acontecimento único
na história se torna para nós o maior momento. Falar de Ressurreição de Jesus é
um desafio porque não a colocamos em nossa vida. É bonito ver como os apóstolos
viveram intensamente esse momento. Viveram, pois viram o Vivo. Não dá para
imaginar o que passou no coração de cada apóstolo e cada discípulo que viveu
com Jesus. Depois do terror daquela morte vem esplendor da vida. Ver o túmulo
vazio para João era a certeza da ressurreição. Por que as mulheres foram as
primeiras? A Igreja é a testemunha fundamental da Ressurreição. Crer é mais que
ver. Os soldados viram o momento e contaram aos chefes do povo que os
subornaram para que mentissem dizendo que o corpo fora roubado. Se mentiram é
porque sabiam da verdade. Sabiam, mas não tiveram fé. A fé transformou os
discípulos. Celebrando os mistérios da Ressurreição vivemos o mesmo drama entre
o ver e o crer. Crer supõe a certeza que leva à adequação da vida ao que
acreditamos. Enquanto não passamos a Ressurreição para a vida não acreditamos
ainda. A Ressurreição chega à vida pela celebração da comunidade. Ela é uma
continuada encarnação e se torna sacramento da Ressurreição. O texto proclamado
discerne a verdade e a torna presente pela ação do Espírito que age naquele que
crê. Jesus Se manifestava sempre no 8º dia. O domingo era o dia da comunidade.
É nela que conhecemos e acolhemos a presença Daquele que foi tragado pela morte
e a tragou. As celebrações não são meros ritos, mas sacramentos da Vida, Morte
e Ressurreição de Jesus.
Nós comemos com Ele
A certeza da
Ressurreição fez parte da vida normal dos discípulos. Ele não foi visto por
todo povo, mas somente por nós, que somos as testemunhas que Deus já havia
escolhido “nós que comemos e bebemos com Jesus, depois que ressuscitou dos
mortos” (At 10,4041). O comer e
beber juntos, vai além de uma simples refeição. Está a dizer vivemos o
cotidiano com Ele, normalmente. Essa é a fonte que nos transmite a verdade da
Ressurreição. Deus escolheu algumas testemunhas para comunicar o fato. É belo,
na fé, acolher o testemunho de homens humildes e sem conhecimentos raros, mas
nascidos de uma fé autêntica daqueles que conviveram com Ele. O que toca a
pessoa que ouve o testemunho, não são as palavras, mas a fé que é implantada no
coração. Não entenderíamos como a fé se
difundiu e se estabilizou em tantos povos. Quem sabe a fragilidade de nossas
comunidades, nossas instituições e vida estejam justamente na falta de acolher
o testemunho. Vivemos, não a partir da fé, mas de nossos interesses. Só através
do acolhimento do testemunho dos apóstolos que poderemos renovar nossas
comunidades. A Ressurreição não se reduz a um ato litúrgico, mas na fé que o
faz.
Vida do alto
A aceitação do
anúncio não fica no intelecto espiritual, mas vai às mãos: “Se ressuscitastes
com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto... aspirai às coisas
celestes e não às terrestres ”(Cl 3,1-2). A vida do
cristão tem os pés no céu, mas tem as mãos na terra onde continua a vida de
Jesus como nos escreve Pedro: “Ele andou por toda parte, fazendo o bem e
curando a todos os que estavam dominados pelo demônio; porque Deus estava com
Ele” (At 10,38). Embora não possamos explicar a
Ressurreição por uma visão pessoal, mas podemos demonstrar sua realidade pelo
que somos capazes de mudar no mundo e na realidade em que vivemos.
Leituras:Atos
10,34ª.37-43;Salmo 117; Colossenses 3,1-4; Jo 20,1-9
Ficha nº 2044 -
Homilia do Domingo de Páscoa (04.04.21)
1. Enquanto não
passamos da Ressurreição para a vida não acreditamos ainda.
2. O que toca a
pessoa não são as palavras, mas a fé que é implantada no coração.
3. A aceitação do anúncio não fica no
intelecto espiritual, mas vai às mãos.
Brincadeira!
Depois de terem esse encontro com
Ele, não poderiam fazer mais nada que contar para todos os que foram chamados à
fé. Bonito que acreditaram. A fé tem algo humano. Quem sabe a fé seja tão pouca
no mundo porque não temos essa fé na Ressurreição. Ninguém vai ficar sabendo
que Jesus existe, se não contarmos.
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