Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista
“Sou Eu mesmo”!
Abriu-lhes a
inteligência
No Tempo Pascal
temos cinquenta dias para podermos penetrar no conhecimento de Jesus
Ressuscitado. Os discípulos tiveram as dificuldades para reconhecerem Jesus
depois de sua morte e sepultura. Aqui está a prova que não inventaram a
Ressurreição, pois se mostraram apavorados com sua presença nos primeiros
momentos. Jesus Se põe no meio deles. Chegaram
a pensar que era um fantasma. Jesus Se identifica mostrando suas mãos e seus
pés. O Ressuscitado tem o corpo como tivera antes entre eles. A alegria era
tanta que não acreditavam... Para provar, Jesus pede alguma coisa para comer.
Dão-lhe um pedaço de peixe assado que Ele come diante deles. E diz sou Eu
mesmo! (Lc 24,41-42). Jesus continua o mesmo. Comer é prova
de um vivo. Assim seremos nós. Não bastava aceitar que estava vivo, mas Ele tinha
que tocar suas inteligências para entrarem na nova vida e no novo conhecimento
de Jesus: “Abriu-lhes a inteligência” (Id 45). Não basta vê-Lo,
é preciso entender a Escritura. A partir desta, compreendem o próprio Jesus.
Por esta compreensão deles, compreendemos hoje. É o resultado da missão a eles
confiada. Passam então a ser testemunhas audazes de um Vivo. Não temos uma
religião de um morto distinto, mas de um grandioso vivo. O grande problema que
vivemos é não ter Jesus vivo como fundamento de nossa vida. Crendo num Vivo,
somos testemunhas. Eu me pergunto por que não conseguimos convencer. O que
falta em nós? O que falta no outro? Por que não O vimos, não O compreendemos? Um caminho seria aceitar e compreender o
testemunho que dão desse Vivo. Acreditamos no testemunho dos apóstolos e de
seus companheiros.
Anúncio na
verdade
Jesus abriu-lhes
a inteligência para compreenderem as Escrituras. É nelas que encontramos a explicação desse momento de
Ressurreição. Pedro explica: “Deus cumpriu o que havia anunciado pela boca de
todos os profetas que seu Cristo haveria de sofrer”. E convida: “Arrependei-vos,
portanto, e convertei-vos, para que vossos pecados sejam perdoados” (At
3,18-19).
Lendo as narrativas dos Atos dos Apóstolos, pensamos que tudo aconteceu num
estalar de dedos. Penso que a boa notícia foi lenta, mas convincente e
transformadora. Os apóstolos também tiveram que crescer. Por isso podemos nos
dar tempo de lentamente entender. Paulo mesmo passou um tempo com as
comunidades nabatéias, no deserto, (Gl 1,17) para aprofundar
sua ressurreição espiritual. Examinando nossas condições atuais em nossa fé,
temos que procurar compreender e aceitar com mais coragem o testemunho dos
Apóstolos. É belo ver que nós, que não vimos, cremos com a mesma fé. A fé nos
faz acreditar e ver. Assim se pode fazer mais claro o caminho.
Jesus defensor
Obedecendo aos
mandamentos, sabemos que conhecemos a Deus. Jesus será sempre o defensor quando
pecamos: “Se alguém pecar, temos junto do Pai um Defensor: Jesus Cristo”. “Se
guardamos sua palavra, o amor de Deus é plenamente realizado” (1Jo
2,1-5).
A fé na Ressurreição de Jesus realiza nossa ressurreição espiritual, que
antecederá a nossa ressurreição para Deus. A espiritualidade vivida na fé e na
celebração nos renova e nos torna testemunhas da Ressurreição, como um mistério
que se realiza no hoje de Deus. Jesus se manifestava no oitavo dia, dia da
celebração. Assim continua. Manifesta-se ao partir do pão aos discípulos. É um
gesto e uma atitude de vida. A fé na Ressurreição nos leva a assumir a
ressurreição do mundo e percebê-la na celebração e no ato de amor.
Leituras:Atos
3,13-15.17-19;Salmo 4;1João,2,1-5;Lucas 24,35-48
Ficha nº 2058 -
Homilia do 3º Domingo da Páscoa (18.04.21)
1. Não temos uma
religião de um distinto morto, mas de um grandioso vivo.
2. É belo ver
que nós, que não vimos, cremos com a mesma fé.
3. A fé na
Ressurreição realiza em nós uma renovação espiritual.
Fantasmas da fé
Os discípulos
tinham um coração forte. Ali, fechados pelo medo que chegasse alguém, de
repente Jesus se põe, do nada, no meio deles. Imaginemos a condição humana desses
homens. O susto e a alegria! É magnífico ver Jesus de novo. Isso lhes deu um vigor
que atinge até nós hoje.
Quem sabe a gente devesse fazer um
curso de “pluft, o Fantasminha”, para, sentindo-O em nós, poderíamos comunicar Jesus
vivo no meio das pessoas. Como acontecerá que creiam? Quando deixamos Jesus
Vivo transparecer em nós.
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