Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista
“Festa de Corpus
Christi”
Graças e louvores
A festa do Corpo
de Cristo (Corpus Christi) nasce da necessidade de trazer Jesus para o meio do
povo. A missa era bela, completa, mas distante. É uma inata tendência de se
dizer: Deus é diferente, por isso não pode se misturar. Está longe do Jesus de
Nazaré, homem gente, sem deixar de ser Divino para ao povo. S. Juliana queria
uma festa para o Santíssimo Sacramento. Apesar dos protestos, atualmente temos
uma proximidade maior. Refletindo sobre o texto da liturgia, vemos que tendem a
explicitar mais a teologia da Eucaristia e seus fundamentos bíblicos. A
celebração da festa reflete o culto do Santíssimo Sacramento. Quantas
maravilhas, sobretudo criadas pelo barroco. Que altares! Magníficas procissões.
Busca-se reconhecer a grandeza desse Sacramento. Sente-se que é o espaço dado
ao povo, por não ter esse espaço de manifestação na celebração que era sempre
mais fechada e incompreensível. É verdade que a Eucaristia é para ser
“consumida” e não a leitura de textos. É certo que os ritos são necessários, Mas
sua exatidão não dispensa sua realidade sacramental humana. Nessa celebração
estamos dando essa festa ao coração do povo que se manifesta de tantos modos.
Enquanto não se fizer uma reflexão sobre a unidade da devoção e celebração,
teremos duas realidades diferentes na Eucaristia.
Devoção equilibrada
Temos orientações sobre o culto eucarístico e a
missa que não foram acolhidas. Por outro lado, a liturgia voltou ao que era:
rito a ser executado. Há séculos existe uma distinção inaceitável: Missa é uma
coisa e Santíssimo Sacramento é outra. Conhecendo a história podemos ver essa
situação. Isso se reflete no Concílio de Trento que em um período se discutiu
sobre o sacrifício da Missa e em outro, em data distante, sobre o Santíssimo
Sacramento. Basta conferir as datas das sessões. Pior é a bênção do Santíssimo
logo após a missa. A celebração eucarística é completa. Dizem católicos de
outros ritos que a Eucaristia foi feita para ser comida, não para ser adorada.
São questões que não foram enfrentadas. Não se nega o rito, mas sua celebração
deve ser coerente. Basta fazer bem feita. Temos também a noção de que a
Eucaristia só está na missa e no sacrário. Mas nos esquecemos que o Cristo que
recebemos na comunhão permanece em nós como presença viva. Já se chegou a
afirmar que a presença eucarística em nós só durava enquanto existia ainda a
matéria da hóstia dentro de nós. Como ela é tão pequena, seria pouco tempo.
Essa é uma presença permanente como ensina evangelho (Jo
6,56).
De coração pra coração
Cristo é levado pelas ruas. É adorado
em belos altares. São magníficos os gestos de adoração e afeto. Todos querem
tocar, como tocavam Jesus pelas ruas quando Ele passava, no desejo de receber a
graça. “Se eu tocar, nem que seja na sua veste, ficarei curada” (Mt
9,21).
É esse o sentimento de quem quer tocar. Jesus atrai, chama. Precisamos ter um
coração aberto, como é aberto o coração de Jesus. Como temos essa porta aberta,
nosso coração está aberto para que Ele possa entrar. Jesus seja uma presença
viva e possamos sempre senti-Lo: “É o Senhor!”. É Ele... É a oração do camponês
de S. João Vianey: “Eu olho para Ele, e Ele olha para mim.”. De coração pra
coração. Fé não é só ideia. É sentimento, coração, corpo. Enquanto não
chegarmos a isso, nossa oração perde sua consistência.
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