Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista
Com o Coração
de Pai - 2
José nos Evangelhos
São José não tem
nenhuma fala nos Evangelhos. Não é necessário falar muito. José não é um
silencioso ausente. Mas muito presente. Não fala por palavras, mas por atos que
falam tudo o que é preciso. Os olhos falam, as mãos falam, as atitudes
manifestam o que se quer dizer. É como nosso povo simples. Fala pouco, porque
em pouco dizem tudo. Como era a vida em Nazaré? O que conversavam? Como se
entendiam? Não é mistério porque os silêncios do homem se revelam nas ações.
Nesta reflexão que faremos, procuraremos ler o texto do Papa Francisco e dizer
alguma palavra. Assim escreve o Papa Francisco querendo fazer uma síntese: “Com coração de pai:
assim José amou a Jesus, designado nos quatro Evangelhos como «o filho de José»”
(Lc 4,22). São dois pontos que resumem tudo: Era o pai
porque amava com o coração de pai. Podemos até levar adiante uma afirmação que
ele ama com o Coração do Pai do Céu. Quis ser para o Menino como que uma
presença permanente e visível do Pai do Céu. Para Jesus, na condição humana, a
dimensão do amor do Pai se dava através da presença amorosa de José. Jesus
amava o Pai espelhado na pessoa de José. Os evangelistas, tantos anos depois,
não temem dizer aos cristãos que José era o pai. Do mesmo modo José se
apresentava como o pai desse Menino. O Homem Jesus, em sua condição, aprendeu a
se dirigir ao Pai, através de José que era para Ele a imagem do Pai. A
Encarnação se dá através de Maria. Mas ela é continuada também através de José,
pois ele a tomou como esposa.
Que pai sou eu?
“Ele fez como o Anjo havia dito e
recebeu Maria como sua esposa” (Mt 1,24). Como a Divindade de
Jesus ficou no silêncio, Assim o modo da paternidade ficou em silêncio. Homem
de seu povo, soube completar a encarnação de Jesus no seu povo. Cumpriu sua
missão de pai e esposo dentro do projeto de Deus. Ele era um homem “justo” (Mt 1,19), isto é, sabia viver sua condição diante de Deus. Qual seria o sentido
do casamento de José na Encarnação de Jesus? Soube compreender como João
evangelista diz: “Os que crêem, não nasceram do sangue, nem da vontade da
carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo 1,21). O evangelista Mateus (1,19), chamando-o de justo, diz que não
quis denunciar Maria, mas repudiá-la sem comprometê-la. Sendo que o Filho era
de Deus, resolveu-se a questão da paternidade e satisfez seu respeito por
Maria. A dizer “tu lhe darás o nome de Jesus” comunica que o filho é de Deus e
José, o pai, lhe dá a paternidade, pois era o pai quem dava o nome ao filho. E
assim será dito pelo povo: “Não é Ele o filho de José?”(Lc 4,22).
Evangelho vivido
Não sabemos como foi a compreensão
dos primeiros cristãos em relação a José. A doutrina foi esclarecida muito
tempo depois. Podemos compreender que houve uma memória muito boa desse homem.
A maioria não conheceu, pois deve ter partido bem antes de Jesus Se manifestar.
Era o carpinteiro de Nazaré. A preocupação depois da Ressurreição era o
anúncio. E logo vem a perseguição e até a dispersão dos cristãos de Jerusalém. Não
havia muitos que O tenham conhecido. A reflexão que a comunidade conservou foi sua
personalidade junto a Jesus. Podemos comparar o interesse por José como temos
hoje. Não nos preocupamos com a pessoa, mas com a devoção. No início a questão
era a pessoa de Jesus, não tanto a descrição dos fatos. Agora podemos
aprofundar.
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