Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista
“Provai
e vede”
O pão que darei
é minha carne
Pão, carne e
vida! Três palavras que são uma única realidade no ensinamento de Jesus. Quem
come vive, quem vive tem sua carne. Ela pede sempre o alimento para a viver.
Elias, em sua sofrida vida de profeta, foge de uma rainha perversa que quer sua
vida, por isso o persegue. Para viver foge para o deserto. Ali, cansado, dorme
e é despertado: “Levanta-te e come” (1Rs 19,5). Com a força do
alimento caminha quarenta dias e quarenta noites até o monte de Deus (Id
8).
O profeta desiste da vida e, cansado da luta, se sente inútil e pede a morte. O
grande profeta também é frágil. Por isso o alimento vindo de Deus se torna o
alimento do caminhante em sua fragilidade. É um profeta de fogo, como lemos no
livro do Eclesiástico: “Então o profeta Elias surgiu como um fogo” (Eclo
48,1).
Mas era frágil e necessitava do pão de Deus para sua missão. Quem busca servir
a Deus encontra vida, mesmo no deserto da vida. Sua caminhada o conduz ao
encontro com Deus no Sinai. No tempo do profeta a fé estava em grande crise.
Diante de Jesus, a murmuração é a demonstração da falta de fé. Desconfiar de
Deus é pecado que mata. A fé não é um fruto humano. É dada por Deus. Jesus
disse: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que Me enviou não o atrair” (Jo
6,44).
“Aquele que escutou o Pai e foi por Ele instruído vem a Mim” (Id
45).
A fé é sempre um dom pessoal ao qual correspondemos. Crer é alimentar-se e
viver para sempre: “Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer desse pão
viverá eternamente. E o pão que eu darei é minha carne dada para a vida do
mundo” (Id 51).
Na força do
alimento
Aceitar Jesus
não só é uma atitude humana, mas é principalmente ação de Deus em nós. O pão
que alimenta o profeta é já o prenúncio do encontro com Deus no Horeb, que é o
monte Sinai, onde recebe a missão de restauração do povo. O profeta parece
refazer a história do povo no encontro com Deus no Sinai. Deserto é o momento da volta ao primeiro
amor, quando o povo fez aliança com Deus. A força desse pão dado por Deus tem a
mesma vida do pão que é Jesus que diz: “Eu SOU o pão vivo, descido do Céu” (Id
51).
No termo: Eu Sou, está a revelação da Divindade de Jesus e do pão que Ele oferece
que se consome pela aceitação na fé. O maná, mesmo descido do céu, não foi
capaz de dar a Vida, pois morreram. Comer do pão assimila a imortalidade que
ele comunica. A murmuração dizendo: “Não é este Jesus o filho de José? Não
conhecemos seu pai e sua mãe?” (Id 42). A murmuração é
sua demonstração de falta de fé. O conhecimento de Jesus vem de Deus. Comer na
fé e no amor é viver a vida divina. A Eucaristia deve chegar à nossa
compreensão. A vivência não é um ato exterior, mas experiência da Divindade. Serão
instruídos por Deus (Jr 31,34).
Não contristeis
o Espírito
Jesus afirma que
o pão é sua carne, a que dá a Vida Divina ao mundo (Jo
6,51).
Quem rejeita se opõe ao Espírito. Qual o resultado da fé em Jesus? É a vida
nova em Cristo como ensina em Efésios no capítulo 4 ss. Comer o Pão do Céu, que
é crer em Jesus e, alimentar-se de sua carne, conduz a uma vida nova na comunidade.
Unindo-se a Jesus ensina a ser “imitador de Deus”. Indica o caminho: “Vivei no
amor como Cristo nos amou e Se entregou a Si mesmo a Deus por nós em oblação e
sacrifício de suave odor” (5,2). O que se opõe contra o Espírito não
possui a fé e não come o Pão do Céu. A Eucaristia é um alimento que supera o
tempo e pode nos sustentar ao infinito. Acolher essa mensagem é agradar o
Espírito Santo.
Leituras: 1 Reis 19,4-8;Salmo 33;
Efésios 4,30-5,2; Mateus 6,41-51.
Ficha
nº 2094 - Homilia do 19º Domingo Comum (08.08.21)
1. Quem busca
servir a Deus encontra vida, mesmo no deserto da vida.
2. Comer do pão
assimila a imortalidade que ele comunica.
3. Comer o Pão
do Céu que é crer em Jesus e, alimentar-se de sua carne, é uma vida nova.
Pão fresco
Se o pão é
fresco, como pode estar quente? Se Jesus é pão, o que significa alimentar-se
Dele que é carne? Deus quer cuidar de seu povo. Para isso mandou Jesus que
deixou a Eucaristia para, através de nós, cuidando do povo. E o povo não tem
falta de pão? É certo que cada um escolhe o recheio. Deus não quer interferir
nem impor seu sabor.
A Eucaristia é um grande dom de Deus,
pois é a carne de Jesus. O sabor é o gosto de Deus. Sentimos o mesmo gosto que
Deus sente ao se unir a nós em seu Filho. Quando somos capazes de repartir
temos o sabor de Jesus. Comungar sem ter a capacidade de repartir é comer pão
seco. Não tem sabor. Quanto mais distribuímos, mais tornamos Jesus presente no
mundo. Mais Ele se torna presente em nós.
Partir e repartir para celebrar com dignidade. É isso que dá o calor e a
quentura do pão entre o povo!
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