Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista
“Com Cristo Jesus”
Poder do serviço
Jesus dá a resposta definitiva à
sede de poder dos discípulos que discutiam qual seria o maior. Os dois irmãos
Tiago e João usaram até a própria mãe para chegarem primeiro à posse dos
cargos. Ensina: o Filho do Homem... Veio servir e dar sua vida pelo resgate de
muitos (Mc 10,45). Por isso entendemos que o
sentido da morte de Jesus é o grande serviço que presta à humanidade. Vai ao
último do ser humano para mostrar o amor de Deus. É um serviço prestado a nós. O
grande serviço de Deus é cuidar dos sofredores. Ele Se sente responsável por
eles. Ele se faz redentor (goel),
isto é, o parente mais próximo (Pr 23,11). O pobre que não
tem ninguém por ele. Por isso temos a frase: “Quem humilha um pobre, ofende seu
Criador” (Pr 7,5). Rezamos no salmo: “O Senhor
pousa o olhar sobre os que O temem, e que confiam esperando em seu amor, para
da morte libertar suas vidas e alimentá-los em tempo de penúria” (Sl
32).
Quem ama a Deus, ama aqueles que Deus ama... Deus escolhe cada um de nós para
estar em seu lugar e servir aos necessitados. Será essa a pauta do julgamento
final (Mt 25,31). Essa palavra incide diretamente sobre
os problemas atuais do mundo dos quais os pobres são a maiores vítimas: fome,
sede, doença, prisão, migração, vestuário. O que mais incomoda é que lemos a
Palavra, professamos a fé, temos uma Igreja com muito poder e poderosos. E essa
palavra permanece inócua. Ide malditos! Na formação de nossas comunidades essa
dimensão fique esquecida, aliás, abafada.
Função do sofrimento
“Meu servo, o justo, fará justos
inúmeros homens, carregando sobre si as suas dores” (Is
53,10-11).
Jesus, em sua Paixão prestava um grande serviço à humanidade, tirando-a da
condenação. Jesus se identifica com o servo sofredor. “Por esta vida de sofrimento
alcançará a luz e uma ciência perfeita. Meu Servo, o justo, fará justos
inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas” (Is
53,11).
A morte de Jesus com todo o sofrimento que Ele suportou, nos trouxe a vida. O
significado da vida cristã está em aliviar o sofrimento de muitos e conduzi-los
à vida plena. Essa será plena se a colocarmos a serviço. Não é esse o que vemos
na Igreja. Por isso temos aí os escândalos de todo o tipo. Façamos um exame de
nossa vida eclesial, nossa estrutura da Igreja, suas atitudes. Por isso ela
perde sua capacidade de influir no mundo “pagão” e transformar sua situação.
Perde a credibilidade. Pela história vemos que os santos foram sempre pessoas
dedicadas aos necessitados. A Igreja, desde o início, como lemos em Atos dos
Apóstolos, se preocupou com os fragilizados. Foi ela a primeira. E assim
continuou. Sempre somos convocados para ter atitudes concretas. Somos
preocupados com o que não salva. Se procuramos os necessitados, torna-se
“política”...etc... Assim dizem os que não admitem esse evangelho.
Capaz de nos ouvir
Nossa oração está sempre clamando
para que Deus nos ouça: “Ouvi, Senhor, a minha oração! Estejam atentos os
vossos ouvidos ao clamor da minha prece”. Deus sempre nos ouve. Essa é a
qualidade de quem está sempre pronto para atender às necessidades de todos. Uma
das características do ser humilde e pobre de Jesus é estar atento porque
passou pelos mesmos sofrimentos: “Temos um sumo sacerdote capaz de se compadecer
de nossas fraquezas, pois Ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção
do pecado” (Hb 4,15). Saber ouvir é compartilhar
da vida, e ouvir com o coração. O amor faz o coração pobre.
Leituras: Isaias 53,1-11; Salmo 32; Hebreus 4,14-16;
Mc 10,35-45
Ficha
nº 2114 - Homilia do 29º Domingo Comum (17.10.21)
1. Deus escolhe cada um de nós para
estar em seu lugar e servir aos necessitados.
2. O significado da vida cristã está em
aliviar o sofrimento de muitos e conduzi-los à vida.
3. Saber ouvir é compartilhar da vida, e
ouvir com o coração.
Patrão
virou empregado
Quando um patrão ou dirigente
fica muito ligado aos empregados perde a autoridade e é desobedecido. Colocar
medo é um jeito fácil de governar. Mas Jesus não quis assim: quis se abaixar
mesmo, ao último, sem medo de perder a autoridade. Tanto que os maus acabaram
com Ele. Ele sabia que a força do amor jamais será vencida.
Ele
esvaziou-se a si mesmo, assumiu a condição humana e se fez escravo e foi obediente
até à morte e morte de Cruz. Por isso Deus o exaltou.
A
resposta à humildade é a ressurreição.
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